Economia
BC inicia hoje reunião do Copom que vai definir nova taxa de juros
Colegiado começa hoje análise do cenário para decidir se altera a Taxa Selic. Entenda, em 8 pontos, como funciona o Copom e os efeitos práticos da decisão
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) inicia hoje a reunião de dois dias que vai definir a nova taxa básica de juros, a Selic. O colegiado, formado pelos diretores do BC e o seu presidente, Roberto Campos Neto, anunciará a sua decisão na quarta-feira.
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Após duas reduções consecutivas da Selic em 0,5 ponto percentual (a taxa está agora em 12,75% ao ano), a expectativa no mercado financeiro -- e até mesmo no governo, que gostaria de ver um ritmo mais acelerado -- é de que os diretores do BC aprovem mais um corte da mesma magnitude.
Se isso se confirmar, a Selic cairá para 12,25% ao ano. Mas há vários fatores que podem atrapalhar esse prognóstico. A manutenção dos juros nos EUA no patamar mais alto em duas décadas, a incerteza global com os conflitos no Leste Europeu e no Oriente Médio e o efeito da declaração do presidente Lula sobre a meta de déficit fiscal zero em 2024 do ministro Fernando Haddad podem atrapalhar.
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Por outro lado, a inflação mostra desaceleração, abrindo espaço para a queda de juros. A expectativa de nova redução de 0,5 ponto percentual foi estabelecida pelo próprio Copom, na ata de sua última reunião, em setembro, na qual descartou acelerar o atual ciclo de queda da Selic.
Mas, afinal, o que é o Copom? Como são definidos os juros? Qual é a importância desta decisão? E de onde vem o nome Taxa Selic, que baliza os juros básicos do Brasil? Tire suas dúvidas abaixo:
1. O que é a Taxa Selic?
É a taxa básica de juros da economia. É o principal instrumento usado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação. Quando os preços sobem acima do previsto pelo BC, a Selic é elevada para tentar frear a inflação.
2. Por que a taxa tem este nome?
O nome vem da sigla para Sistema Especial de Liquidação e de Custódia. É neste ambiente, no sistema Selic, que são comprados e vendidos títulos públicos federais. Através dessas negociações, o BC baliza os juros do mercado.
3. E como funciona o sistema Selic?
Todos os dias, bancos e instituições financeiras captam e emprestam recursos uns aos outros. São operações que permitem o fluxo de dinheiro no sistema financeiro, para que os clientes possam tomar empréstimos, sacar recursos no caixa eletrônico ou compensar o pagamentos de contas.
Esses empréstimos de curto prazo, de um dia para outro, são feitos entre os bancos usando como garantia títulos públicos federais, ou seja, papéis da dívida da União. A custódia e liquidação destes títulos é feito no sistema Selic, que está sob gestão do BC.
4. Como o BC define os juros no Sistema Selic?
O Banco Central opera no sistema Selic, vendendo ou comprando títulos, para garantir que os juros praticados pelo mercado em suas operações diárias estejam dentro do patamar pretendido pelo BC.
Diariamente, a média dos juros praticados nas operações de compra e venda de títulos neste sistema corresponde à taxa Selic.
5. O que é o Copom? Quem define a Selic?
A cada 45 dias, o Comitê de Política Monetária (Copom), formado pelo presidente e pelos diretores do BC, avalia o cenário econômico do Brasil e define qual é a taxa meta Selic, ou seja, qual é o patamar de juros que é preciso perseguir como referência no sistema Selic.
A taxa Selic é definida pelo Copom levando em consideração a meta de inflação que o governo fixou. O objetivo é fazer com que os juros mantenham a inflação dentro da meta.
Para 2023, a meta é de inflação de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
6. Como os juros controlam a inflação?
Os juros altos tornam o crédito ao consumidor mais caro. Assim, fica mais difícil, por exemplo, comprar uma geladeira ou um carro parcelado. Juros mais altos inibem, portanto, o consumo. E são uma trava também para os investimentos. Empresas que queiram ampliar sua produção têm mais dificuldade de obter crédito com os juros altos.
Por isso, juros mais altos freiam o crescimento econômico e a abertura de vagas de emprego. Mas, com os consumidores menos dispostos a gastar, a tendência é que os preços subam menos e a inflação perca fôlego.
Por outro lado, quando os juros caem, tomar empréstimo fica mais barato. Há, assim, um incentivo ao consumo, aos investimentos e à maior geração de empregos, o que pode abrir espaços para reajustes maiores nos preços.
7. Este é o único modelo adotado no mundo?
Não. O regime de metas para a inflação, adotado no Brasil desde 1999, é o mais usado em países desenvolvidos, como Estados Unidos e na zona do euro, e também em várias economias emergentes. Mas não é o único.
Outros países, como a China, por exemplo, controlam a inflação a partir de um regime de câmbio fixo ou semifixo.
Nas economias que adotam o sistema de metas de inflação, a taxa de juros é o principal instrumento de política monetária do Banco Central.
8. O que é a ata do Copom?
A ata é um documento no qual o Copom explica os motivos para a sua decisão sobre a taxa de juros. Ela é publicada na semana seguinte à reunião do Copom.
No dia da decisão sobre os juros, o BC solta um comunicado menor, explicando os motivos para subir, manter ou reduzir a Taxa Selic.
A expectativa da equipe econômica do governo Lula é que, após a reunião desta quarta-feira, o BC sinalize no comunicado que poderá reduzir a Selic em agosto, data do próximo encontro do Copom.
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