Economia

Ações de Cemig e Copasa fecham em alta após governo protocolar PEC para privatização

Para analistas, processo será positivo para as companhias

Agência O Globo - GLOBO 22/08/2023
Ações de Cemig e Copasa fecham em alta após governo protocolar PEC para privatização
Foto: Reuters/Paulo Whitaker/Direitos Reservados Fonte: Agência Brasil

Um dia após o governo do Estado de Minas protocolar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) na Assembleia Legislativa (ALMG) para poder privatizar suas empresas estatais, as ações da Cemig, de energia elétrica, e da Copasa, de saneamento, fecharam em alta na Bolsa de Valores.

As ações ordinárias (ON, com direito a voto) da Copasa subiram 2,10% e as da Cemig fecharam em alta de 1,95%. Segundo analistas, o processo de privatização é positivo para as companhias.

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O governo de Minas Gerais tem 50,03% das ações da Copasa, com valor de mercado de R$ 7,4 bilhões, e 50,97% das papéis com direito a voto na Cemig, com valor de mercado de R$ 32,6 bilhões.

Segundo o governo de Minas Gerais, o projeto de desestatização visa a busca do equilíbrio fiscal e a melhoria dos serviços. Em nota, destacou que o investimento privado vai permitir que as duas empresas possam se modernizar, "saindo das amarras burocráticas inerentes ao setor público, gerando desenvolvimento, modernização e melhorias para a população".

Em relatório, a Ativa diz que restam dúvidas quanto ao sucesso do andamento do processo de privatização e se Copasa e Cemig seriam privatizadas em conjunto ou em separado. Vitor Sousa, analista da Genial, lembra que as ações das duas companhias tendem a se valorizar. Para ele, deve haver demanda de investidores a exemplo do que ocorreu no Rio Grande do Sul, Alagoas e Rio de Janeiro com a venda de empresas estatais.

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-Embora não se saiba como será o formato da privatização, se via venda direta ou venda no mercado de ações, o mercado vai se antecipar e devemos ver uma valorização das ações - disse Sousa.

Vicente Koki, analista da Mirae Corretora, destaca as particularidades das duas companhias. No caso da Copasa, ele lembra que a empresa pode ganhar novo fôlego de investimento para se adequar ao Novo Marco do setor, já que as empresas têm metas de universalização dos serviços, de 100% de água potável e 99% de coleta de esgoto:

-São necessários grandes investimentos principalmente em esgoto; se a empresa for privatizada, então terá acesso a mais recursos . Outra questão é que a principal concessão da Copasa é com o município de Belo Horizonte, que tem vencimento em 2032. E, conforme o Novo Marco, a Copasa não pode participar da renovação do contrato, exceto no caso de privatização - disse Koki.

Analistas lembram ainda que, no caso envolvendo a Cemig, a dúvida é se a empresa, assim como a Copel, no Rio Grande do Sul, tentaria a renovação antecipada de suas usinas hidrelétricas para então promover uma oferta de ações. Não se sabe se a empresa venderia ou não sua participação na Gasmig antes da privatizatização.

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- O mercado terá apetite para ambas as companhias. Mas será mais no longo prazo. O modelo de privatização ainda está longe de ser definido - afirmou Koki.

A PEC apresentada pelo governo mineiro também prevê a redução no número de votos dos deputados da Assembleia para permitir a privatização. O projeto prevê passar dos atuais três quintos (ou 46 dos 77 votos) para uma maioria simples (no qual é preciso apenas 39). Além disso, a PEC desobriga o governo estadual de realizar um referendo, uma espécie de consulta à população sobre desestatizações. A intenção do governo de Minas é que todos os processos sejam concluídos até 2026.

Em nota, o governador Romeu Zema disse que atualmente Cemig e Copasa precisam passar por "um longo e burocrático processo de licitação" para se fazer uma obra de melhoria dos serviços de atendimento. "Com uma gestão privada, essas companhias ganham agilidade e melhor capacidade de melhorar sua atuação”, disse ele.

Com a venda das duas empresas, o governo de Minas afirmou que os recursos devem ser usados para investimentos em infraestrutura, como revitalização e pavimentação de estradas. Em rede social, o presidente da Assembleia, o deputado estadual Tadeu Martins Leite (MDB), disse que "Minas Gerais precisa avançar, se modernizar e se tornar ainda mais competitiva, mas nada será feito às pressas".