Economia
Mercadante volta a criticar privatização da Eletrobras e associa venda a apagão
Segundo o presidente do BNDES, blecaute de terça-feira, que atingiu praticamente todo o país, mostra que Estado deve estar presente no setor elétrico
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, voltou a criticar a privatização da Eletrobras nesta quarta-feira, dia 16, e associou a saída do governo federal do controle da holding do setor elétrico ao apagão de energia que atingiu praticamente todo o país na última terça-feira.
– O Estado brasileiro, num setor estratégico, com uma empresa integradora de energia (a Eletrobras), num país continental, e o estado não tem representação. E é o acionista minoritário de referência. A exemplo da Light, na hora da crise, quem é acionado é o Estado – afirmou Mercadante, durante a apresentação dos resultados financeiros do banco no segundo trimestre.
Reajuste da gasolina: Calculadora do GLOBO mostra o custo de encher o tanque
O presidente do BNDES fez os comentários ao ser perguntado sobre a privatização da Copel, a estatal do setor de energia do Paraná. O governo paranaense privatizou a companhia por meio de uma operação de aumento de capital, exatamente nos mesmos moldes usados pelo governo Jair Bolsonaro para passar a Eletrobras ao controle privado, no ano passado.
– Sobre a Copel, tivemos uma manifestação bem pública e forte em relação a empresa, de que o modelo da Eletrobras significaria uma diluição do BNDES na empresa futura. E que isso era uma coisa que, para nós, era um prejuízo da representação política (nas decisões corporativas) muito forte, num setor em que o Estado tem que estar presente. O dia de ontem (terça-feira) mostrou isso – completou Mercadante, numa referência ao apagão.
A associação entre a interrupção da eletricidade em 26 estados e a privatização da Eletrobras já tinha sido feita por outros setores do governo. Só que especialistas refutam qualquer relação entre o apagão e a mudança no controle da companhia, independentemente das causas que levaram ao blecaute.
Sobre a Eletrobras, Mercadante voltou a criticar o fato de que, no modelo usado pelo governo Bolsonaro, a União manteve uma participação acionária em torno de 40% do capital total da companhia, mas com apenas 10% de direito de voto nas decisões corporativas.
Ação judicial
Segundo o presidente do BNDES, a Procuradoria-Geral da República (PGR) deu parecer favorável ao atual governo federal numa ação judicial em que a Advocacia-Geral da União (AGU) questiona a privatização da Eletrobras.
– Não vamos abdicar dos direitos políticos (nas decisões corporativas da Eletrobras), ao contrário do que aconteceu no passado recente do BNDES. Queremos o respeito, como qualquer outro investidor, ao espaço que temos direito de ter na empresa – disse Mercadante.
Mais lidas
-
1CRISE INTERNACIONAL
UE congela ativos russos e ameaça estabilidade financeira global, alerta analista
-
2TECNOLOGIA MILITAR
Revista americana destaca caças russos de 4ª geração com empuxo vetorado
-
3TENSÃO INTERNACIONAL
Confisco de ativos russos pode acelerar declínio da União Europeia, alerta jornalista britânico
-
4DIREITOS TRABALHISTAS
Segunda parcela do décimo terceiro será antecipada: veja quando cai o pagamento
-
5CIÊNCIA E TERRA
Núcleo interno da Terra pode ter estrutura em camadas semelhante à de uma cebola, aponta estudo