Economia
Larissa Manoela: caso chama a atenção para importância de falar sobre dinheiro com crianças e adolescentes. Veja dicas
Atriz revelou ao 'Fantástico' detalhes do rompimento com os pais por causa da gestão de sua carreira e patrimônio
Apenas 2% da empresa que administrava sua carreira, falta de dinheiro para pagamentos do dia a dia — incluindo até mate e milho na praia — e um patrimônio estimado em R$ 18 milhões deixado para trás: os bastidores da relação da atriz Larissa Manoela com seus pais ganhou os holofotes e as redes sociais neste domingo (dia 13), quando o "Fantástico", da TV Globo, exibiu uma entrevista em que a artista detalha o rompimento da família. Apesar de a realidade da atriz de 22 anos, dona de uma carreira milionária iniciada aos 2, estar distante da vida da maioria dos jovens brasileiros, especialistas avaliam que a inclusão da educação financeira desde a infância é essencial na formação de adultos capazes de gerir as finanças.
Larissa Manoela: pais podem ficar com o dinheiro dos filhos? Entenda
Entenda: por que Larissa Manoela rompeu com os pais e como ficam os negócios da atriz agora?
Wanessa Guimarães, sócia da HCI Invest e Planejadora Financeira pela Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar), avalia que a educação financeira desde a infância reverbera na vida adulta não apenas em questões ligadas às finanças, mas também em aspectos da vida pessoal e profissional.
— Quando a educação financeira é cultivada desde a infância, ela permite que, ao se tornar adulto, essa criança tenha muito mais autoconfiança, sabedoria e consciência dos seus gastos. O resultado disso são adultos com menos impulsividade de consumismo, mais responsáveis. É um pilar muito importante — defende.
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A educadora financeira Aline Soaper observa que bons resultados podem ser conquistados por aqueles que aprendem a usar bem o dinheiro desde cedo.
— No curto prazo, as crianças se tornam mais conscientes no uso do dinheiro, compreendem melhor a importância de cuidar dos recursos que possuem, como brinquedos e roupas, aprendem a economizar energia e reduzem os pedidos para comprar tudo o que desejam. A médio prazo essa criança aprende a poupar e se interessa em aprender a gerar dinheiro e no longo prazo será um adulto muito mais saudável financeiramente — explica.
Mostre a realidade
Wanessa destaca ainda que, para além de aulas formais sobre o tema na escola, tudo começa com os exemplos que crianças e adolescentes têm em casa. Nesse sentido, aproximá-los da realidade das finanças domésticas é essencial
— É fundamental que os pais exerçam dentro de casa, no dia a dia, atitudes que corroboram com uma vida financeiramente saudável. A gente sabe que existem situações que, às vezes, leva a pessoa a ter momentos de crise financeiras ou até mesmo cenários econômicos, porém a condução desses momentos gera aprendizado para toda a família — explica
Essa abordagem, porém, precisa ser clara, simples, para evitar traumas:
— Às vezes, a família está passando por uma dificuldade financeira, e a forma como isso é comunicado para criança projeta nela um conceito de escassez que, no futuro, quando ela tiver o seu próprio recurso, acaba se tornando altamente consumista porque viveu uma escassez no passado e agora que tem um dinheiro compra tudo que pode e acaba se endividando.
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Como falar sobre dinheiro?
Pensar em como abordar esses assuntos com as crianças e os adolescentes pode ser um desafio para muitos pais, mães e responsáveis. Wanessa, da Planejar, lembra que recursos lúdicos podem facilitar esse processo, e cita brinquedos e jogos como Banco Imobiliário, Jogo da Vida, Jogo da Mesada, mas práticas do cotidiano também auxiliam. Ela dá alguns exemplos:
No supermercado, ensinar a criança a fazer pesquisa de preços;
Na hora de comprar um brinquedo, pesquisar o preço on-line;
Ensinar como negociar na hora das compras;
Ensinar as diferenças entre o pagamento à vista e o parcelado com juros;
Explicar como calcular o custo final do produto na compra on-line, com o custo do frete, e se a compra vale ou não a pena.
Um levantamento feito pela Serasa, antecipado pela colunista do Globo Míriam Leitão, mostrou que quase metade dos integrantes da chamada geração Z, entre 18 a 28 anos, não tem costume de sacar dinheiro e utiliza o Pix como principal forma de pagamento. Com a digitalização cada vez mais frequentes das transações financeiras, principalmente entre os mais jovens, Wanessa chama a atenção também para a necessidade de mostrar as cédulas de dinheiro para os pequenos:
— Pegar as cédulas, colocar em cima da mesa e ensiná-las a fazer uma brincadeira de compra, pedir o troco, é uma brincadeira que às vezes as pessoas não dão tanta importância, mas que de forma lúdica para os pequenos pode trazer grandes ensinamentos.
Para adolescentes, autonomia
Já para os adolescentes, ela destaca que o cartão de débito com limite mensal é uma opção, dando autonomia na administração dos recursos.
— Se esse dinheiro acabar antes do fim do mês significa que ele não vai ter mais para os próximos dias. Então, você já começa a praticar também essa educação financeira para que ele consiga administrar esse recurso para que ele dure todo o período que ele necessita até o novo aporte — diz.
Poupar mais, gastar menos
A planejadora financeira também pontua que explicar para as crianças e adolescentes a importância de sempre poupar uma parte do que se ganha é importantíssimo. Isso pode ser abordado nas conversas sobre viagens, festas ou presentes de aniversário, por exemplo:
— É uma abordagem interessante, desde pequeno, porque eles já nascem com uma abordagem comercial muito forte de consumo. Não existe nada de errado você dizer que existem limites de gasto, que existem ganhos, mas que parte desse ganho precisa ser poupada, para que a gente consiga fazer a viagem que você tanto deseja, a festa de aniversário... São caminhos positivos que podem facilitar e ajudar essa criança até o entendimento da realidade da família, sem criar ilusões, mas também sem criar traumas.
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