Economia
Wilson Ferreira pede demissão da presidência da Eletrobras
Ivan Monteiro foi eleito CEO da empresa e deixa presidência do Conselho
O executivo Wilson Ferreira Jr. renunciou ao cargo de CEO da Eletrobras cerca de um ano depois de reassumir o comando da empresa, após a privatização da companhia, concluída no ano passado. A decisão foi anunciada nesta segunda-feira.
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Um dos nomes mais respeitados do setor, Ferreira alegou questões pessoais ao Conselho da Administração da empresa, que nomeou Ivan Monteiro como sucessor. Monteiro é um nome experiente e com trânsito político em Brasília, e assume o cargo num momento em que a Eletrobras sofre pressão do governo federal.
Monteiro fez carreira no Banco do Brasil, onde chegou à vice-presidência de Finanças, Mercado de Capitais e Relações com Investidores em 2009, durante o segundo governo Lula. Ele também foi presidente da Petrobras durante o governo de Michel Temer e chairman do Credit Suisse no Brasil. Essas credenciais o conferem mais trânsito político que Ferreira, na visão de investidores.
Relação difícil com conselho e com o governo
A troca na Eletrobras vem em um momento em que o governo tem pressionado a empresa, e Ferreira não tem bom trânsito com o Executivo — o presidente Lula já se manifestou diversas vezes contra a privatização.
Além disso, de acordo com fontes, a relação de Ferreira com o Conselho de Administração não ia bem.
O Conselho quer iniciar uma negociação com o governo para distensionar a relação, numa estratégia para manter a empresa privada. Uma das saídas poderia ser dar mais assentos no board ou antecipar pagamentos que a ex-estatal precisa fazer para amenizar as tarifas de energia. Especialmente a primeira possibilidade não estava alinhada com Ferreira, que vê com ressalvas uma negociação.
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No mercado, a saída é considerada uma surpresa. Ferreira esteve nesta segunda-feira na Bolsa e almoçou com investidores.
Wilson Ferreira foi presidente da Eletrobras entre 2018 e 2021, durante os governos Temer e Bolsonaro. Ele comandou a estratégia que preparou a empresa para a privatização, com corte de custos e venda de ativos. Conduziu, por exemplo, o processo de venda das distribuidoras de energia, focando a empresa na geração e transmissão de energia, além de segurar contratações e fazer programas de demissão voluntária.
Ferreira deixou a Eletrobras acreditando que a venda não ocorreria. Foi para o comando da Vibra (antiga BR Distribuidora), onde iniciou um processo para deixar a empresa mais ligada à eletrificação da mobilidade. Subsidiária da Petrobras, a empresa também teve o processo de privatização iniciado no governo Temer e concluído sob Bolsonaro.
A privatização da Eletrobras se concretizou no ano passado, e Ferreira foi convidado a voltar à empresa em setembro de 2022.
Em maio deste ano, a Advocacia-Geral da União foi ao Supremo Tribunal Federal questionando a quantidade de representantes que o governo tem no Conselho da Eletrobras (um de nove), reivindicando que este pudesse votar com os 40% do capital que detém.
A lei da privatização, porém, impôs um limite de 10% do poder de voto para qualquer acionista ou bloco de acionistas, para transformar a empresa numa corporation, sem controlador definido.
Ivan Monteiro era presidente do Conselho de Administração da Eletrobras, cargo que agora será ocupado por Vicente Falconi Campos.
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