Economia

Após Argentina subir juros e desvalorizar câmbio, FMI reafirma apoio ao país

Conselho do Fundo se reúne dia 23 para liberar os desembolsos acertados na quinta e sexta revisões do Programa de Financiamento Ampliado com o governo

Agência O Globo - GLOBO 14/08/2023
Após Argentina subir juros e desvalorizar câmbio, FMI reafirma apoio ao país
FMI - Foto: Assessoria

O Fundo Monetário Internacional se manifestou hoje sobre as medidas anunciadas pelo Banco Central da Argentina um dia após a vitória do canditado de extrema direita, Javier Milei, nas prévias das eleições presidenciais de outubro.

"Acolhemos com satisfação as recentes ações políticas das autoridades e o compromisso com o futuro para salvaguardar a estabilidade, reconstruir as reservas e melhorar a ordem fiscal", disse em comunicado a diretora de Comunicações do Fundo, Julie Dozack.

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No comunicado, Dozack ressaltou que no dia 28 de julho, as autoridades argentinas e o corpo técnico do FMI chegaram a um acordo em nível de corpo técnico sobre a quinta e a sexta revisões combinadas do acordo de 30 meses do Programa de Financiamento Ampliado da Argentina.

" Este acordo está sujeito à aprovação do Conselho Executivo do FMI, que deve se reunir em 23 de agosto para liberar os desembolsos acordados", conclui o comunicado.

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Após o resultado das prévias, o BC do país decidiu elevar o dólar oficial em 22%, que passa a valer 350 pesos. Segundo fonte do La Nación, o governo vai travar o câmbio até as eleições de outubro. Além disso, a taxa de juros do país foi elevada em 21 pontos, situando-se em 118% ao ano, o patamar mais alto em 20 anos.

Desde que foi anunciada a revisão dos termos do acordo entre o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o governo argentino, no fim de julho, o Banco Central mudou sua postura e começou a desvalorizar diariamente o dólar.

Em 2022, o FMI e o governo argentino acordaram um programa de crédito no qual o país recebeu US$ 44 bilhões em 30 meses em troca de que o BC aumentasse suas reservas internacionais e o governo reduzisse o déficit fical de 3% do PIB em 2021 para 2,5% em 2022, 1,9% em 2023 e 0,9% em 2024.

A Argentina vem tendo dificuldade de pagá-lo.

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O país vem sofrendo a pior seca em quase um século, o que trouxe impactos negativos para o setor agropecuário, sua principal fonte de divisas.

A plataforma econômica de Javier Milei inclui dolarizar o país e fechar o Banco Central, e a notícia de sua vitória nas primeirias assustou os mercados, com a disparada do peso. O BC decidiu então anunicar medidas consideradas duras para tentar conter o alvoroço.