Economia
Rastro de grãos deixados por caminhões nas estradas alimentam animais de pequenas propriedades
Cerca de 13% da produção do país são deixados pelo caminho durante o transporte rodoviário, a segunda maior causa de perdas
Os grãos de milho tilintam no vidro do carro, quicam e caem no acostamento. Por onde passam, caminhões carregados com a safra recorde deste ano deixam um rastro de riqueza que, acumulada na beira da estrada, converte-se em desperdício.
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Segundo estudo da Esalq-Log, cerca de 13% da produção de grãos do país são deixados pelo caminho durante o transporte rodoviário. É a segunda principal causa de perdas logísticas.
Na BR-163, principal rota de escoamento da produção mato-grossense, o casal de aposentados Edilson Constantino Medeiros e Maria das Dores aproveita o que cai dos caminhões para alimentar sua criação de suínos e galinhas de subsistência, em um sítio na região de Rondonópolis, sul de Mato Grosso.
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— Todo ano é isso. Cai muito das carretas, e a gente aproveita para as criações. Para mim e para ela, que não aguentamos mais plantar, ficar aqui até umas 10h, 11h, compensa — afirma o pequeno produtor, que chega antes das 8h para evitar o sol forte do meio-dia.
Em poucas horas, ele enche a carreta da velha F100 com cerca de 12 sacos — o suficiente para até duas semanas de alimentação. Dia sim, dia não, a colheita no asfalto se repete.
— Enquanto ela faz o almoço, vou peneirar (os grãos) —conta Medeiros, de 53 anos.
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Passa das 11h e Maria das Dores dá fim à conversa na beira da estrada. Decreta: hora de ir para casa e continuar o trabalho que, em tempos de safra, garante a alimentação do rebanho e da família.
Para trás, ainda restam sacas e mais sacas de milho, mas ela está satisfeita com o resultado. —Tem dias que a gente tira mais, tem dia que tira menos, mas está bom. Todo mundo precisa, cada um precisa de um pouquinho, e Deus vai multiplicando.
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