Economia
Argentina: entenda as razões para o atraso do acordo do país com o FMI
Segundo chefe de gabinete do governo, objetivo não é cumprir regras impostas pelo Fundo sem questionamentos. País vive expectativa para o anúncio de novas medidas econômicas
O chefe do Gabinete de Ministros e candidato à vice-presidência da Argentina pela frente União para a Pátria, Agustín Rossi, afirmou neste sábado que o objetivo do governo não é cumprir as regras do acordo com o Fundo Monetário Nacional (FMI) sem questionar as exigências da instituição.
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A postura, segundo Rossi, seria a justificativa para o atraso em se chegar a uma solução final.
— O que deve ser dito sobre o acordo é que existe uma maneira muito fácil de alcançá-lo: aceite o que o Fundo diz. Se hoje está demorando é porque nossos negociadores não vão à loja com o manual do lojista; vão defender os interesses de todos os argentinos — afirmou em entrevista à rádio AM 750.
Depois disso, Rossi voltou a apontar o governo anterior de Mauricio Macri como responsável pela situação atual que o país enfrenta, marcada por uma inflação e juros elevados.
A Argentina atravessa forte crise econômica, o que levou o país a aderir ao chamado Mecanismo de Financiamento Ampliado, programa do FMI ao qual governos recorrem quando enfrentam problemas de balanço de pagamentos. Atualmente, o país está na quinta quinta revisão dos termos do acordo.
Rossi afirmou que é um fato herdado e disse que o objetivo que a chapa, formada com o ministro da Economia Sergio Massa, terá nas eleições de outubro, será “pagar 100% da dívida”.
À espera de novo pacote de medidas
O país vive a expectativa por um novo pacote de medidas econômicas que podem ser anunciadas nas próximas horas, como parte da negociação com o FMI. Elas incluiriam um dólar mais alto para a agricultura e a criação de um novo imposto para importações.
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Rossi contextualizou as dificuldades do governo frente à seca, que afeta as reservas em dólares.
— Também está claro que quando faltam 20 bilhões de dólares que você tinha que ter, isso faz com que você administre uma situação de falta de reservas. E quando você gerencia essas características, você tem que tomar decisões criativas e que tendem a garantir que os efeitos estruturais negativos da economia argentina, não gerados pela gestão, mas por eventos externos, prejudiquem a economia real e os salários o menos possível — afirmou.
Ao explicar as idas e vindas que mantêm com o Fundo, Rossi destacou que a instituição recomenda ações com base em um ideal de economia.
— Temos que governar a economia real da Argentina, que é como resultado de uma situação que não decidimos como gestão: não decidimos que o Fundo deveria retornar, não decidimos continuar, não decidimos sobre a guerra [na Ucrânia] — ressaltou.
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Negociações emperram
Fontes próximas a Massa indicaram que as negociações com o FMI continuam neste fim de semana e que as comunicações entre o ministro e seus funcionários e o Fundo "são periódicas".
Uma delegação de autoridades argentinas permanece em Washington e não está descartado que neste sábado as conversas com a entidade continuem na embaixada da capital americana, onde o anfitrião será o embaixador Jorge Argüello.
As negociações nos Estados Unidos começaram na terça-feira com a presença do vice-ministro Gabriel Rubinstein e do vice-presidente do Banco Central, Lisandro Cleri, juntamente com o diretor daquela entidade, Jorge Carrera.
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Nos últimos dias especulou-se que o próprio Massa viajaria no fim de semana para fechar o acordo, mas as negociações endureceram na reta final e a viagem do ministro a Washington foi suspensa.
Neste contexto, o Presidente Alberto Fernández revelou ontem ter mantido uma conversa telefónica com a diretora do FMI, Kristalina Georgieva, e afirmou que o governo está “a trabalhar a todo o vapor para chegar a um acordo”.
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