Criadas na China durante a pandemia, as novelas verticais — também conhecidas como microdramas, verticals ou short dramas — vêm ganhando cada vez mais espaço no Brasil e no mundo. Segundo a consultoria Media Partners Asia, essas produções movimentaram US$ 1,4 bilhão em 2024 fora do território chinês, com projeção de alcançar US$ 9,5 bilhões até 2030. O sucesso despertou o interesse de gigantes como Fox e Disney, que já investem em plataformas especializadas nesse formato.

No Brasil, a TV Globo estreia nesta terça-feira (25) sua primeira novela vertical, "Tudo por uma segunda chance", disponível gratuitamente nas redes sociais da emissora — TikTok, Instagram, Facebook, X e YouTube — além do Globoplay. A trama gira em torno de um triângulo amoroso entre Lucas e Paula (interpretados por Daniel Rangel e Débora Ozório) e a vilã Soraia (Jade Picon), com direito a envenenamento, casamento cancelado, coma hospitalar e prisão injusta.

Já no dia 12 de dezembro, o Globoplay lança "Cinderela e o segredo do pobre milionário", estrelada pelo cantor Gustavo Mioto. Para os próximos anos, estão previstas mais dez produções do gênero até 2026, além da aquisição de títulos internacionais e adaptações de personagens marcantes das novelas da Globo. Entre elas, Bibi Perigosa (Juliana Paes, de "A força do querer"), Angel (Camila Queiroz, de "Verdades secretas") e o casal Ramiro (Amaury Lorenzo) e Kelvin (Diego Martins, de "Terra e paixão") ganharão suas próprias novelinhas com os melhores momentos de suas histórias originais.

O que é uma novela vertical?

Feitas especialmente para o consumo em celulares, as novelas verticais têm capítulos curtos — raramente ultrapassam quatro minutos — e sempre terminam com um gancho instigante. O total de episódios é reduzido: no máximo, 70. “Um capítulo de novela tradicional tem cerca de 40 páginas”, explica Antonio Prata, da Tele Tele. “Nossa primeira novelinha soma 53 páginas no total.”

Onde assistir?

Entre os principais aplicativos estão ReelShort, Dramabox e GoodShort, todos de origem chinesa, mas já com títulos dublados em português e alguns adaptados para o público brasileiro. As produções originais da Globo podem ser vistas nas redes sociais da emissora e no Globoplay. "Tudo por uma segunda chance" terá dez capítulos inéditos lançados ao longo de cinco terças-feiras. “Escolhemos esse dia por ser o de maior movimentação em nossas redes, mas é um teste inicial para entender o consumo”, explica Samantha Almeida, diretora de marketing da TV Globo.

É de graça?

As novelinhas da TV Globo serão disponibilizadas gratuitamente nas redes sociais. No Globoplay, os sete primeiros capítulos serão abertos ao público, tanto nas redes sociais da plataforma quanto no aplicativo. Para assistir à íntegra, será necessário assinar o pacote de R$ 9,90. Nos aplicativos chineses, o modelo é semelhante: o início é gratuito, mas é preciso comprar créditos — a partir de R$ 4,90 — para acompanhar o desfecho.

Como é a produção?

Apesar de serem pensadas para celulares, as gravações não são feitas por smartphones. No Brasil, utiliza-se câmeras profissionais mais leves e há uma atenção especial aos cenários, já que o formato vertical (16:9) evidencia teto e chão. As equipes técnicas e elencos são mais enxutos que os de novelas tradicionais. “O que a gente tem de produção cabe numa van”, brinca Adriano Melo, diretor de "Tudo por uma segunda chance".

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