Ornella Vanoni, uma das maiores referências da música popular italiana e reconhecida por sua forte ligação com o Brasil, morreu na noite desta sexta-feira (21), aos 91 anos. De acordo com o jornal La Stampa, a artista estava em sua residência, em Milão — cidade onde nasceu —, quando sofreu uma parada cardíaca.

Com uma carreira marcada por parcerias e sucessos, Vanoni destacou-se ao gravar com Vinicius de Moraes o álbum “La voglia la pazzia l'incoscienza l'allegria” (1976), que trouxe versões em italiano de clássicos da bossa nova. Seu nome também ficou associado à canção “L'appuntamento” (1970), versão italiana de “Sentado à beira do caminho”, composta por Roberto e Erasmo Carlos. Décadas depois, a faixa ganhou projeção internacional ao integrar a trilha sonora do filme americano “Doze homens e outro segredo”.

Vanoni iniciou sua trajetória artística em 1960, como atriz de teatro, atuando principalmente em obras de Bertolt Brecht sob direção de Giorgio Strehler, no Piccolo Teatro de Milão. Sua incursão na música começou pelo folclore e pelas canções populares, especialmente aquelas que retratavam o submundo do crime em Milão, no dialeto milanês — característica que lhe rendeu o apelido de cantante della mala (cantora do submundo).

O reconhecimento nacional veio em 1963, com os sucessos “Senza fine” e “Che cosa c'è”, ambos compostos por Gino Paoli especialmente para ela. Nos anos seguintes, participou de diversas edições do Festival de Sanremo, interpretando músicas como “Abbracciami forte” (1965), “Io ti darò di più” (1966), “La musica è finita” (1967), “Casa Bianca” (1968) e “Eternità” (1970).

No final da década de 1960, gravou também “Una ragione di più”, “Un'ora sola ti vorrei” e “L'appuntamento”. Em 1972, sua voz embalou “Quei giorni insieme a te”, tema do filme de suspense e mistério dirigido por Lucio Fulci, “O segredo do bosque dos sonhos”.

Além da música, Ornella Vanoni se destacou em outras áreas artísticas, estrelando peças de teatro, programas de televisão e filmes. Em janeiro de 1977, posou nua para a edição italiana da revista Playboy e, como pagamento, solicitou uma estatueta de seu amigo de longa data, o artista Arnaldo Pomodoro.