Curiosidades
“Tubarão”, clássico de Spielberg de 1975, tem exibição única de versão restaurada em 4K em São Paulo nesta sexta
Motivo de nostalgia dos mais velhos e curiosidade dos jovens, exibir o clássico na tela grande é levar o espectador a uma experiência coletiva mais "real e assustadora" do que ver em casa, afirma crítico
Meio século depois de ter redefinido o cinema, “Tubarão” retorna ao cinema em cópia restaurada em 4K para uma exibição única, nesta sexta (21) às 20h30, no CineSesc, em São Paulo. Lançado por Steven Spielberg em junho de 1975, o clássico inaugurou o conceito de “filme de verão” em Hollywood e colocou o “filme de tubarão” como um subgênero do cinema fantástico. A volta é quase ritualística: espectadores que o viram no passado e jovens que o conhecem apenas por referências indiretas poderão dividir a mesma sala, reagindo juntos a cenas que moldaram o imaginário do medo contemporâneo.
— Uma das coisas que fazem o tubarão ser mais assustador é justamente a experiência de assisti-lo em comunidade. No cinema, todo mundo está refém daquelas duas horas na sala escura. Então, de certa forma, o espectador fica a bordo daquela aventura, daquela experiência com outras pessoas que estão predispostas a sentir medo da mesma forma que ele. Sentir medo ao lado de outras pessoas que tomam susto e que gritam (quando algo acontece) é uma experiência muito mais real e assustadora do que ver em casa, no streaming, checando o celular a cada dez minutos ou tendo a sua fruição do filme interrompida por alguém que acende a luz… “Tubarão” é um “filme-evento”, então, assistir no cinema faz toda a diferença — explica o crítico de cinema Marcelo Janot.
Porém, essa exibição na tela grande não apenas reconecta o público à experiência sensorial do espaço coletivo, mas traz novas nuances ao longa. A restauração em 4K permite a percepção de novas camadas visuais e sonoras que reforçam o potencial dramático do longa, como a inconfundível trilha de John Williams.
— O filme é uma recriação de uma realidade numa época em que não havia efeitos especiais, CGI e computação gráfica como se tem hoje. Seria muito difícil acreditar naquele tubarão de verdade… Você percebe a presença dele, mas você não tem noção dele. Então (Spielberg) criou uma situação de medo e susto, explorando o lado psicológico. Agora, quanto mais nítida, realista e cristalina a imagem é, mais o filme se torna verdadeiro e real, o que é ainda mais potencializado na tela grande — acrescenta Janot.
Orçada em US$ 7 milhões, a obra fez as filas de cinemas dobrarem quarteirões na época e hoje segue ditando tendências na indústria e na linguagem cinematográfica. Com “Tubarão”, Spielberg inaugura a era do blockbuster moderno, com um forte trabalho de marketing ao redor, e transforma para sempre a relação dos entusiastas do cinema (e dos banhistas, diga-se) com os predadores marinhos.
A importância da restauração em alta qualidade de obras como essa, pensadas na época para o cinema, tem potencial para resgatar a relevância do patrimônio cinematográfico e permitir que novas gerações tenham acesso à experiência de vê-las na tela grande. Há uma reafirmação do valor artístico das obras, bem como o resgate da importância cultural das salas de cinema.
— Qualquer adolescente ou adulto que for ver “Tubarão” hoje vai sentir medo da mesma maneira que os adolescentes e adultos da época sentiram, mesmo com os avanços tecnológicos. Quando esses filmes são restaurados e reexibidos no cinema, o público pode experimentar um pouco dessa sensação. Costumo dizer que é importante conhecer o passado do cinema porque tudo que se vê hoje no cinema é, de algum modo, derivado de algo do passado. Se você conhece essa história, você entende muito melhor o cinema de hoje e até passa a gostar mais do que é feito hoje também — diz o crítico.
Ligação com ‘O agente secreto’
A cópia restaurada de “Tubarão” também não surge por acaso no CineSesc. Fora os 50 anos de seu lançamento, o clássico também foi referenciado e revisitado no recém-lançado “O agente secreto”, de Kléber Mendonça Filho e protagonizado por Wagner Moura.
Ambientado no Recife de 1977, o longa tem seu início marcado pela história de um tubarão que é encontrado com uma perna humana em sua barriga. Além do próprio animal se tornar um dos símbolos da trama, o clássico de Spielberg também é mencionado no filme do recifense, funcionando como um marco cultural da época.
“O agente secreto” também será exibido no cinema de rua paulistano, com sessões entre os dias 20 e 26. A quinta-feira data como o dia com o maior número de exibições, às 14h, às 17h15 e às 20h30.
O CineSesc também inaugura a Sessão LatinoAmerica, com foco em filmes clássicos e contemporâneos do cinema latino. As exibições incluem o recém-lançado “Um poeta”, drama de Simón Mesa Soto, e o clássico de 1977 “À procura de Mr. Goodbar”, de Richard Brooks, protagonizado por Diane Keaton.
Fora do cinema latino, haverá também a pré-estreia do documentário “Guarde o coração na palma da mão e caminhe”, de Sepideh Farsi, que apresenta a Guerra em Gaza a partir das imagens enviadas por Fatem, contato da diretora na região.
Os ingressos podem ser adquiridos pelo site ou na bilheteria física do cinema. De segunda à quinta, custam entre R$ 8 (credencial Sesc) e R$ 24 (inteira). Já de sexta a domingo, variam de R$ 10 (credencial) a R$ 30 (inteira).
Confira a programação do CineSesc:
“Tubarão” — dia 21/11, às 20h30;
“O agente secreto” — dia 20/11, às 14h, 17h15 e 20h30; dia 22/11, às 14h e 20h30; dias 21, 24 e 25/11, às 14h; e dia 26/11, às 17h15;
“Guarde o coração na palma da mão e caminhe” — dia 24/11, às 20h30;
“Um poeta” — dia 25/11, às 20h;
“À procura de Mr. Goodbar” — dia 26/11, às 20h
* Estagiária sob coordenação de Maurício Xavier
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