Curiosidades
Moacyr Luz lança disco com Samba do Trabalhador e comemora 20 anos da roda: 'Vale a pena insistir no repertório autoral'
Cantor e compositor celebra melhora do Mal de Parkinson após cirurgia e diz que recuperou ânimo para continuar na música: 'Estou ótimo'
Moacyr Luz pede desculpa pela tosse. Na véspera da entrevista tinha feito o que faz há 20 anos às segundas-feiras: cantado no , roda que criou no clube Renascença, no Andaraí, na Zona Norte do Rio. A diferença, agora, é que, há pouco mais de um mês, ele passou por uma cirurgia para implantar dois eletrodos no cérebro, a fim de reduzir os efeitos do Mal de Parkinson.
Ação judicial após série na TV:
Depois de controvérsias:
— Estou comendo sozinho, andando sozinho, tocando, trabalhando. Estou muito, muito, muito otimista — comemora ele, que voltará a São Paulo na próxima sexta-feira para que o neurocirurgião Erich Fonoff aumente a potência dos pontos elétricos cerebrais. — Se tivesse que parar como está, já estava satisfeito.
Trabalho dos ‘meninos’
A boa fase vem acrescida de “Moacyr Luz e o Samba do Trabalhador — 20 anos”, álbum lançado pela Biscoito Fino. São 16 faixas, sendo 12 compostas pelo artista carioca com parceiros. De seis ele participa cantando ao menos uma parte. Segundo diz, deixou os “meninos” terem maior responsabilidade sobre o trabalho.
Os “meninos” são Gabriel Cavalcante (cavaquinho e voz), Alexandre Marmita (cavaquinho e voz), Daniel Neves (violão de sete cordas), Mingo Silva (percussão e voz), Nilson Visual (percussão) e Júnior de Oliveira (percussão), além de Leandro Pereira, que ficou com o violão e a direção musical. É o sexto álbum do grupo, que também tem três DVDs no currículo. Já foram até aqui dois Prêmios da Música Brasileira e uma indicação ao Grammy Latino.
Gabriel, que foi diretor musical de trabalhos anteriores, conta que se buscou fazer um apanhado de composições de Moacyr. Apenas cinco não são inéditas, e quatro delas estão num dos discos mais importantes do artista, “O samba na cidade” (2003), até hoje fora das plataformas de áudio.
— São músicas que estão meio perdidas, mas são muito cantadas no Renascença — explica Gabriel, que começou no Samba do Trabalhador com apenas 19 anos. — Estes 20 anos de roda mostraram que vale a pena insistir no repertório autoral. A consistência está na insistência. Finca uma bandeira, firma algo. Moacyr acertou nisso.
As quatro de “O samba na cidade” são “Vila Isabel” (parceria com Martinho da Vila), “Tudo que vivi” (com Wilson das Neves), “Vinte sete zero nove” (com Nei Lopes) e “Mitos cariocas: Lan” (com Aldir Blanc). Esta última ganhou andamento mais acelerado, como é levada em rodas de subúrbio.
— É um disco de estúdio com andamento de roda de samba — afirma Gabriel, coautor (com Roberto Didio) de uma das faixas, “Roda de partido”.
O álbum tem participações de Pedro Luis (em “Água santa”, parceria dele com Moacyr), Dunga (“Todo santo dia”, também uma parceria) e Joyce Moreno (“Eu fiz um samba pra Bahia”, de Moacyr e Sereno). Marina Ìris canta “Dezesseis”, uma letra deixada por Aldir Blanc e entregue pela viúva, Mary Sá Freire, a Moacyr. Da dupla também está no repertório “Cachaça, árvore bandeira”, homenagem ao compositor mangueirense Carlos Cachaça.
Mesmo com a saúde comprometida, Moacyr destaca que nunca deixou de compor. Recentemente, concluiu um samba com e outro com Rogério Caetano. A melhora pós-cirurgia permitiu que voltasse a tocar violão com desenvoltura, como tem demonstrado no Renascença. Às quintas-feiras, ele e o conjunto vêm se apresentando para cerca de duas mil pessoas no Arena Brava Jockey, na Gávea, na Zona Sul do Rio.
— Tudo é impressionante. Nem nos meus melhores sonhos, chegaria à metade do que aconteceu nestes 20 anos — diz Moacyr, de 67. — Estou com quase 70, tenho vontade de descansar. Mas aguento mais uns anos.
Lembrança de Macalé
Ele conta que recentemente viu a capa do CD “Esquina carioca”, que foi realizado em São Paulo em 1999, com Dona Ivone Lara, Beth Carvalho, João Nogueira, Luiz Carlos da Vila e Walter Alfaiate. Constatação: só ele está vivo.
— O que posso fazer é continuar. Ainda tenho histórias para contar — afirma.
Moacyr perdeu mais um amigo: . Os dois, Guinga e Zé Renato apresentaram por 20 anos (1999 a 2019), de modo intermitente, o show “Dobrando a Carioca”. E Moacyr ainda produziu dois CDs de Macalé: “Macalé canta Moreira” (2001) e “Amor, ordem & progresso” (2003).
— A gente se falou uma semana antes de ele operar. Pediu que rezasse por ele. No dia seguinte da operação, ligou e disse que ainda estava sob efeito da anestesia, com a visão alterada: “Minha mulher está parecendo uma girafa” — recorda, mostrando que o amigo, que sofreu uma parada cardíaca enquanto se recuperava de uma cirurgia contra a broncopneumonia, não perdia o bom humor.
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