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Enterrado vivo por 61 dias: conheça o irlandês que buscou fama e fortuna ao desafiar limites extremos

Em 1968, Mick Meaney desafiou limites em Londres; sua história é reconstituída no documentário Beo Faoin bhFód, com estreia prevista para o fim do mês

Agência O Globo - 19/11/2025
Enterrado vivo por 61 dias: conheça o irlandês que buscou fama e fortuna ao desafiar limites extremos
- Foto: Reprodução

Você já se perguntou quantos dias conseguiria passar sem ver a luz do sol? Em 1968, o operário irlandês Mick Meaney levou essa questão ao limite: enterrou-se vivo por 61 dias em Kilburn, Londres, movido pelo desejo de conquistar fama e fortuna. Sua história, que ganhou repercussão internacional na época, é tema do documentário Beo Faoin bhFód (Enterrado Vivo), com estreia marcada para 26 de novembro no canal irlandês TG4, resgatando detalhes da ousada façanha e suas consequências.

Sem dinheiro, mas com coragem, Meaney jurou superar o recorde do texano Bill White, conhecido como “o cadáver ambulante”. O caixão, de apenas 1,90 m por 0,75 m, foi equipado com espuma, um tubo de ar e uma calha para alimentos antes de ser enterrado em um canteiro de obras, sob os olhares atentos de apoiadores e equipes de TV.

Preparação e rotina

Durante os dias de confinamento, um alçapão servia de banheiro, e uma linha telefônica permitia contato com o mundo exterior — cada ligação era cobrada, até mesmo de celebridades como o boxeador Henry Cooper. Meaney mantinha uma rotina de exercícios, leitura e conversas, demonstrando disciplina e resistência física.

No início, a mídia internacional acompanhou o feito de perto, mas o interesse diminuiu diante de acontecimentos marcantes como a Guerra do Vietnã e o assassinato de Martin Luther King Jr. Em 22 de abril de 1968, após 61 dias, o caixão foi exumado e Meaney emergiu aplaudido, declarando estar pronto para continuar por mais cem dias, se necessário.

Promessas não cumpridas

Apesar do feito, a fortuna prometida nunca se concretizou. Patrocínios, como um acordo com a Gillette, não se confirmaram, e relatos sugerem que o organizador do espetáculo, Michael ‘Butty’ Sugrue, teria ficado com os lucros. Meaney retornou para casa sem nada além de uma notoriedade passageira.

O recorde também não foi oficializado. Um rival contestou a marca e, ainda em 1968, a ex-freira Emma Smith bateu o recorde ao permanecer enterrada por 101 dias em Skegness. O sonho de fama de Meaney se dissipou tão rapidamente quanto surgiu.

Após a experiência, Meaney optou por uma vida discreta, trabalhando em funções administrativas em Cork até sua morte, em 2003. “Ele poderia ter vivido uma vida comum, mas ansiava por algo extraordinário. Quebrar o recorde mundial fez com que sentisse: ‘Eu sou alguém’”, relembra Mary Meaney, filha do operário.

Até o momento, não há informações sobre a disponibilidade do documentário em plataformas de streaming ou canais de TV no Brasil.