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Djavan fala sobre ausência paterna e exalta a força da mãe: 'Sinto não ter dado a ela a vida que merecia'

Em conversa no videocast 'Conversa vai, conversa vem', cantor alagoano reflete sobre a falta do pai, o papel fundamental da mãe em sua trajetória e lamenta que ela não tenha presenciado seu sucesso

Agência O Globo - 12/11/2025
Djavan fala sobre ausência paterna e exalta a força da mãe: 'Sinto não ter dado a ela a vida que merecia'
Djavan fala sobre ausência paterna e exalta a força da mãe: 'Sinto não ter dado a ela a vida que merecia' - Foto: Reprodução

Djavan abriu o coração em entrevista ao videocast 'Conversa vai, conversa vem', abordando temas sensíveis de sua trajetória pessoal e familiar.

Sua mãe, Virginia Viana, trabalhava como lavadeira e criou sozinha três filhos e dois sobrinhos. Faleceu precocemente, vítima de uma congestão intestinal, quando Djavan tinha apenas 21 anos. Ela sempre acreditou que o filho estava predestinado à música e afirmava que ele seria cantor. A canção "Dona do horizonte" é uma homenagem direta a ela e ao legado que deixou.

Questionado sobre a dor de a mãe não ter presenciado seu sucesso e não ter usufruído da estabilidade financeira que conquistou, Djavan desabafou:

"Eu sinto muito por não ter dado à minha mãe a vida que ela merecia. Não pude dar enquanto ela era viva, infelizmente. Cinco, dez anos depois, eu poderia. Mas Deus não quis assim. Ela foi aquela pessoa que brigou por todos. Teve muito pouco da vida. O que ela teve muito na vida foi a chance de nos guiar. A mim e aos meus irmãos. Com os seus ensinamentos, com as suas palavras, com o seu amor, com o seu carinho, com o seu aconchego. Mas ela mesma não teve nada disso. Isso é uma coisa que me entristece."

Sobre o pai, que era caixeiro viajante e ausente, Djavan comentou com leveza, mas não sem reflexão:

"Meu pai deve ter feito toda a falta que todo pai faria. Mas a minha mãe não deixou que isso fosse determinante na nossa vida. Por isso, falo tanto da minha mãe. Ela tinha uma força. Falava as coisas com determinação, com a certeza absoluta... Meu pai não fez essa falta enquanto o pai. Óbvio que eu teria sido diferente se tivesse tido um pai presente. Não sei pra que lado, mas diferente, né? Mas o vazio foi preenchido por ela."

Djavan também recordou como a mãe foi fundamental na formação de seu olhar artístico e sensível para o mundo:

"A minha mãe era uma sábia. Era admirada por toda a vizinhança, como se fosse uma parteira. Não era, mas tinha esse poder na comunidade, que é a alma que rege os sentimentos de uma comunidade. Minha mãe era isso. Não fazia parto, mas ajudava as pessoas, tinha uma inteligência refinada. E ela me ensinou tudo. Inclusive, o caminho das pedras. Ela dizia: 'você vai ser cantor, tem uma voz bonitinha'. E ali, Maria, naqueles momentos, eu ligado como sempre fui, absorvia todos aqueles ensinamentos. Não só dela, mas das outras pessoas que estavam ali conversando e tudo."

O artista relembrou ainda momentos de contemplação ao lado da mãe, quando deitava no colo dela para olhar o céu e aprender sobre constelações e plantas. Esses gestos, segundo Djavan, plantaram a semente do amor pela natureza, inspiração constante em sua obra.