Curiosidades
'Não me importa se imito bem ou mal, mas trouxe sua essência à história', diz Leandro Hassum sobre cinebiografia de Silvio Santos
O filme, que estreia dia 20 de novembro, retrata flerte de Silvio Santos com a candidatura à Presidência da República, em 1989, na redemocratização brasileira
Embora afirme que “todo comediante começa imitando Silvio Santos”, o ator Leandro Hassum costumava se considerar uma exceção — mesmo após mais de três décadas de carreira. Essa distância, porém, está prestes a mudar: o ator interpreta o icônico apresentador na cinebiografia “Silvio Santos vem aí”, que estreia nos cinemas em 20 de novembro. Um dos desafios de representar o empresário nas telonas, como Hassum conta ao GLOBO, foi justamente sair da “caricatura” já tão conhecida do empresário.
— É muito difícil fazer o Silvio Santos — admite Hassum. — Muitos o imitam bem, como o Marcelo Adnet, mas (no filme) não se trata de uma imitação. Estamos contando a vida dele. Construí o personagem de trás para frente, até chegar de maneira sutil na voz dele. Não me importa se o imito bem ou mal, mas sim se trouxe sua essência para a história e se o público poderá conhecer um pouco mais sobre esse ícone da televisão.
Hollywood à venda:
A produção retrata o momento em que Silvio Santos decide se lançar como pré-candidato à Presidência da República em 1989, no âmbito da redemocratização brasileira, até a impugnação de sua candidatura pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os bastidores da campanha são mostrados por meio de seu programa dominical, com reproduções de quadros como "Topa tudo por dinheiro" e "Show dos calouros".
Enquanto Regiane Alves interpreta Iris Abravanel (segunda esposa de Silvio), Manu Gavassi dá vida à fictícia Marília, marqueteira de sua campanha. A trama é completada por Marcelo Laham, Gabriel Godoy e Hugo Bonemer, além da participação especial de Vanessa Giacomo. Já o roteiro e a direção são de Paulo Cursino (com quem Hassum já havia trabalhado em produções como “Até que a sorte nos separe” e “Tudo bem no Natal que vem”) e Cris D’Amato, respectivamente.
Mais dramático
Mesmo que a figura de Silvio Santos seja marcada por um forte tom humorístico, tanto em frente às câmeras quanto nos bastidores de seu programa, com suas “colegas de trabalho” — como carinhosamente apelidou sua plateia, formada majoritariamente por mulheres —, o longa não é uma típica produção de humor. Embora alegre, é o caráter dramático que predomina, a fim de contar a história do comunicador e apresentar ao público um momento por vezes esquecido.
— O fato de contarmos uma pequena parte da história do Silvio traz um olhar diferente para ele. Era uma figura engraçada, mas não só isso. Havia também dramas internos iguais aos de todo mundo, principalmente nessa candidatura — diz Cris D’Amato — Também é um recorte interessante do país. Estávamos saindo da ditadura, na primeira eleição direta, e o país estava quase escolhendo um apresentador para ser o seu representante.
As gravações do filme, feito de maneira independente e sem a família de Silvio nos bastidores, começaram antes de sua morte, em agosto de 2024. Aos 93 anos, Senor Abravanel foi vítima de desdobramentos de uma infecção por H1N1. Na época, ele já estava afastado há dois anos da apresentação de seu programa.
Com mais de três décadas de carreira — que incluem trabalhos no teatro, na televisão e nos cinemas —, Hassum conta que tem aproveitado para mergulhar no “novo desafio” que é atuar em produções mais dramáticas.
— Com a idade, sinto que não tenho que provar mais nada a ninguém — afirma o ator. — Sigo amando a comédia, continuarei fazendo outros trabalhos, mas sou um homem do cinema e é muito bom poder “sair da gaveta” de vez em quando. Sou privilegiado por poder escolher os meus projetos, mas quero fazer filmes em que as pessoas vão ver outra versão minha. Não quero ser Jim Carrey ou Adam Sandler como alguns têm falado, apesar de querer o salário deles (risos). Só quero me divertir.
Essa persona mais dramática também tem sido trabalhada nas gravações do filme “Crisálida”, que lhe renderam até um novo visual careca. Inspirada na HQ de Vinícius Velo, a produção conta a história de um homem conservador (interpretado por Hassum) que precisa cuidar da neta após o filho descobrir uma doença grave. No que diz respeito às comédias, neste ano o ator ainda voltará ao papel de Tino nas gravações de “Até que a sorte nos separe 4”.
Para retratar a história do apresentador, Hassum precisou abrir mão de sua improvisação e seguir o passo a passo da receita. Há anos acostumado a decorar os textos na hora, ele levou o roteiro de “Silvio Santos vem aí” para fora do set. O resultado foi uma versão de Senor Abravanel que mescla a voz empostada com os famosos cacoetes — do "ma oe!" e do "vai pra lá" à risada aguda "hi-hi".
— Sei que eu sei fazer rir. Mas quando sou colocado para interpretar um cara que existiu, não tenho como sair dele e dar uma “Leandrada”. Não era um filme do Hassum, é a história do Silvio Santos.
Novos olhares para Senor Abravanel
Em boa parte das cenas, Hassum divide a tela com Manu Gavassi, atriz e cantora de 32 anos que interpreta a marketeira de Silvio. Aqui, a personagem fictícia funciona como uma ponte entre novas gerações, que por vezes não acompanharam o programa, e a história do apresentador. Embora fique desconfiada no começo, aos poucos Marília se deixa ser conquistada pelo carisma de Silvio.
— Ela tem um quê de questionadora e gosto disso, entendi que também foi por isso que fui chamada — afirma Manu. — Ao mesmo tempo, sei que é uma ótica escolhida para contar essa história de uma maneira moderna. Dificilmente essa mulher jovem teria acesso a um figurão como o Silvio naquela época. É um questionamento que uma nova geração pode ter.
A atriz relembra que estava grávida durante as gravações do longa. Mãe de primeira viagem, o companheirismo com Hassum no decorrer das produções ainda ocasionou em um presente especial: o primeiro par de sapatos de Nara (tricotados pelo ator, diga-se).
— Foi uma experiência incrível. (Atuar) é o trabalho mais legal do mundo para mim e poder fazer isso enquanto eu gerava uma vida, enquanto estava em uma fase muito especial, foi ótimo.
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