Curiosidades

Mostra em Belém destaca diversidade cultural de mais de 300 povos indígenas, de 26 estados

Exposição 'Brasil: terra indígena' reúne mais de 2 mil itens no Museu Paraense Emílio Goeldi e inaugura neste sábado (8), em meio à COP30

Agência O Globo - 07/11/2025
Mostra em Belém destaca diversidade cultural de mais de 300 povos indígenas, de 26 estados
- Foto: Reprodução / Agência Brasil

Com os olhos do mundo voltados para Belém devido à 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP30, que tem início na segunda-feira, a cultura e a produção artística de mais de 300 povos originários de 26 estados brasileiros ganham protagonismo na exposição “Brasil: terra indígena”, em cartaz no Museu Paraense Emílio Goeldi. A partir deste sábado (8), o público poderá conferir mais de dois mil itens, entre esculturas em madeira, cestarias, cerâmicas e indumentárias, reunidos em uma mostra coletiva realizada em parceria com o Instituto Cultural Vale e o Centro Cultural Vale Maranhão (CCVM), com apoio do Instituto Moreira Salles.

Parte do acervo do IMS inclui registros históricos de populações nativas e seus territórios, assinados por nomes como Maureen Bisilliat e Marcel Gautherot, apresentados ao lado da produção contemporânea de 45 fotógrafos indígenas.

O diretor do CCVM e curador-chefe da mostra, Gabriel Gutierrez, explica que a pesquisa já vinha sendo desenvolvida na instituição maranhense, de onde provém boa parte do acervo exibido em Belém.

— Desde a abertura do CCVM, em 2017, desenvolvemos um longo relacionamento com populações e lideranças indígenas. Em 2023, inauguramos a exposição “Maranhão: terra indígena”, que agora expandimos, a partir dessa metodologia de criação colaborativa, para mostrar a presença e a cultura de diversos povos de todo o Brasil, durante a COP30 — destaca Gutierrez. — Além de itens que integram o acervo permanente, outro legado da mostra é um mapeamento inédito de línguas indígenas, criado a partir de dados do Museu Goeldi. Trata-se de um mapa completo, com todos os troncos linguísticos, número de falantes e informações sobre risco de extinção. O material se torna um bem público, disponível no site do CCVM.

Uma das artistas participantes, a cantora, produtora cultural e ativista amazonense Djuena Tikuna ressalta que inaugurar a exposição durante a COP30 é uma forma de reafirmar a presença e a importância dos povos indígenas na preservação dos territórios.

— O mundo olha para a Amazônia e também para nós, povos indígenas, verdadeiros guardiões desse território e desse conhecimento milenar. Mostrar a diversidade de mais de 300 povos é afirmar que o Brasil não é apenas um país “que tem indígenas”, mas um país indígena em sua origem, com culturas vivas — afirma Djuena. — Nossas culturas são expressões vivas do cotidiano. As pinturas tradicionais, a música, os cantos são patrimônios que temos orgulho de manter vivos. Mas também reconhecemos que estão ameaçados, por isso é fundamental registrar, documentar, para que todos saibam que existimos.

O diretor-presidente do Instituto Cultural Vale, Hugo Barreto, avalia que a abertura da mostra reflete o bom momento do circuito artístico de Belém, que recentemente ganhou o Museu das Amazônias, com participação estratégica da Vale, e sedia a segunda edição da Bienal das Amazônias.

— São várias atividades simultâneas: tivemos uma ação com o Museu de Arte Urbano de Belém (Maub), grafitando os muros do próprio Goeldi, além da Bienal das Águas, que percorre de barco comunidades ribeirinhas. Na área de preservação, participamos do restauro do Cine Olympia, o cinema de rua mais antigo do Brasil — enumera Barreto. — São iniciativas construídas anteriormente, que representam oportunidades não apenas para a COP30, mas também para o futuro.