Curiosidades

'Só me importava o que Diane Keaton tinha a dizer', afirma Woody Allen em homenagem à atriz, morta aos 79 anos

'Tivemos alguns anos maravilhosos juntos e, no fim, seguimos caminhos diferentes. Só Deus e Freud talvez possam explicar por quê', escreveu o cineasta em ensaio publicado no site The Free Press

Agência O Globo - 13/10/2025

“Nunca li uma crítica sobre o meu trabalho e só me importava o que Keaton tinha a dizer”, afirmou o cineasta americano . O diretor de “Noivo neurótico, noiva nervosa” publicou, neste domingo (12), um ensaio em homenagem a atriz no site The Free Press.

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Em seu texto, Allen, de 89 anos, recorda a colaboração dos dois no decorrer dos anos: do primeiro encontro, em 1969, durante os ensaios da peça “Play it again, Sam”, passando pelo relacionamento amoroso que durou cinco anos, os oito filmes que fizeram juntos (incluindo alguns depois do término), até a amizade mantida a vida toda.

“Com o passar do tempo, passei a fazer filmes para um público de uma só pessoa: Diane Keaton”, escreveu Allen, que a descreveu como “alguém como o planeta jamais conheceu e provavelmente nunca conhecerá de novo”. “Seu rosto e sua risada iluminavam qualquer espaço em que ela entrasse”, afirmou.

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Keaton morreu após passar mal em sua casa, em Los Angeles. A atriz estava afastada dos holofotes havia alguns meses. Uma fonte da revista americana Variety disse que, embora não nenhuma doença tivesse sido divulgada. Muitos amigos próximos nem sabiam que ela estava doente.

Sua morte chocou até mesmo seu círculo mais íntimo. “Alguns dias atrás, o mundo era um lugar que incluía Diane Keaton. Agora é um mundo que não a inclui. Portanto, é um mundo mais triste. Ainda assim, restam seus filmes. E sua risada incrível ainda ecoa na minha cabeça”, escreveu Allen. Em suas memórias, publicadas em 2020, o cineasta descreveu Keaton como sua “estrela-guia”, a pessoa cuja opinião mais importava.

Keaton sempre defendeu Allen das acusações de abuso feitas por Dylan Farrow, filha adotiva dele e de Mia Farrow, em 1992. A acusação foi amplamente investigada e depois arquivada por dois órgãos oficiais. Nenhuma acusação formal foi apresentada. “Woody Allen é meu amigo e continuo acreditando nele”, disse Keaton quando o caso ganhou novo impulso com o movimento #MeToo.

Em entrevista ao jornal britânico The Guardian em 2023, Keaton disse: “Sempre foi muito especial estar com Woody. Ele era maravilhoso. Era, e continua sendo, tudo para mim. Ele me deu tudo. De verdade. Woody me deixou à vontade. Isso me ajudou enormemente”.

Em seu ensaio-homenagem, Allen incluiu lembranças da convivência dos dois fora do trabalho. Ele recorda, por exemplo, um Dia de Ação de Graças que passaram jogando pôquer com a família dela. “Tivemos alguns anos maravilhosos juntos e, no fim, seguimos caminhos diferentes. Só Deus e Freud talvez possam explicar por quê”, refletiu Allen.

Em 2017, o cineasta, que sempre se recusou a participar de cerimônias de premiação, entregou a Keaton um prêmio pelo conjunto da obra concedido pelo American Film Institute. “Desde o momento em que a conheci, ela foi uma grande, grande inspiração para mim. Muito do que conquistei na vida devo, sem dúvida, a ela. Ver a vida através dos olhos dela. Ela é realmente extraordinária. É uma mulher que é boa em tudo o que faz”, disse Allen na ocasião.