Cidades

Técnica de enfermagem da Barra de São Miguel é investigada por vender vacinas do SUS

Servidora afastada é suspeita de cobrar até R$ 700 por doses contra meningite; polícia apura se imunizantes eram desviados do posto de saúde

Redação 14/11/2025
Técnica de enfermagem da Barra de São Miguel é investigada por vender vacinas do SUS
- Foto: Arquivo

Uma técnica de enfermagem da rede pública da Barra de São Miguel, no Litoral Sul de Alagoas, está sendo investigada sob suspeita de cobrar dinheiro por vacinas contra meningite — imunizantes que deveriam ser aplicados gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O caso veio à tona nessa quinta-feira (13), e a servidora está afastada desde o início deste mês, segundo a prefeitura.

As primeiras apurações indicam que a profissional utilizava doses da vacina contra meningite do tipo C, ofertada pelo SUS, para vendê-las como se fossem do tipo B — que não é disponibilizada pela rede pública. O suposto esquema teria se repetido com diversas famílias.

Em entrevista à TV Pajuçara, a delegada responsável pelo caso, Liana Franca, afirmou que a principal linha de investigação aponta que os imunizantes pertenciam ao posto de saúde do município. Segundo ela, a técnica vendia as doses por valores considerados “altíssimos”.

“Uma senhora relatou que pagou R$ 700 pela primeira aplicação, depois R$ 550 e mais R$ 550. Um casal que esteve conosco hoje disse que ela cobrou R$ 550 e ainda deu um abatimento de R$ 50. É uma coisa de quem não tem dignidade”, disse a delegada.

O casal mencionado por Liana tem um bebê de 11 meses que recebeu cinco doses da suposta vacina contra meningite, embora o protocolo preveja apenas duas ou três aplicações, dependendo da idade da criança.

Para convencer as vítimas, a servidora alegava que adquiria as vacinas por meio da fornecedora de uma clínica particular. A polícia, porém, apurou que nem a clínica nem os distribuidores conheciam a mulher.

Ainda de acordo com a delegada, o casal desconfiou da prática e decidiu confrontá-la. A suspeita teria ficado nervosa e admitido que agiu por estar enfrentando dificuldades financeiras. “Ela disse: ‘me perdoe, eu estava passando por um mal momento, mas não se preocupe que não vai acontecer nada’”, relatou a investigadora.

Além das duas denúncias já registradas, a Polícia Civil acredita que outras pessoas possam ter comprado as supostas doses. A técnica de enfermagem segue em liberdade e ainda será ouvida formalmente. Ela pode responder por crime contra a saúde pública e por estelionato.

O que diz a Prefeitura

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que tomou conhecimento do caso no dia 5 de novembro e afastou imediatamente a servidora, “como medida necessária para resguardar o interesse público”.

O órgão afirma ter adotado todas as providências administrativas cabíveis e reforça que o procedimento segue os princípios de legalidade, moralidade e transparência.

A gestão municipal reiterou o compromisso com a ética e o esclarecimento completo dos fatos, garantindo que todas as medidas estão sendo rigorosamente executadas.