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Caos e desrespeito no Bradesco: idosos enfrentam filas ao sol e humilhações no atendimento bancário no centro da cidade

Redação 04/11/2025
Caos e desrespeito no Bradesco: idosos enfrentam filas ao sol e humilhações no atendimento bancário no centro da cidade
- Foto: Tribuna do Sertão/ Junior Vieira

A cena se repete diariamente no calçadão da Avenida Fernandes Lima, no coração de Palmeira dos Índios: idosos, muitos deles doentes ou com mobilidade reduzida, em pé sob o sol, tentando resolver questões simples dentro da agência do Banco Bradesco. Sem cadeiras, cobertura ou qualquer estrutura de acolhimento, eles aguardam por horas para receber seus benefícios do INSS — um retrato de descaso e violação de direitos.

Desde que o Bradesco passou a concentrar a maior parte dos atendimentos de aposentados e pensionistas da cidade, o fluxo de clientes explodiu e o atendimento entrou em colapso. O Tribuna do Sertão recebeu uma série de denúncias de maus-tratos, falta de prioridade e desorganização.

“Minha mãe tem 80 anos, é paciente oncológica — e não queriam deixá-la entrar”

Entre os relatos mais revoltantes está o de uma mulher que acompanhava a mãe, de 80 anos, portadora de câncer, até a agência. Segundo ela, os funcionários se negaram a permitir a entrada da idosa no interior do banco, alegando que a sala de espera estava cheia.

“Minha mãe é paciente oncológica, mal consegue ficar em pé. Pedi para deixá-la entrar e sentar, mas a gerente disse que não podia. Tive que insistir, citar a lei, dizer que ela tem prioridade. Depois de discutir, deixaram ela entrar sozinha, e eu fiquei do lado de fora. Lá dentro, vi um senhor cego, outro de muletas, todos esperando em pé. É um absurdo”, relatou a denunciante.

Outros clientes confirmaram que situações semelhantes têm ocorrido todos os dias, especialmente nos primeiros dias úteis do mês, quando o movimento aumenta por conta do pagamento de benefícios.

Fila, calor e humilhação: uma rotina de desrespeito

No entorno da agência, o cenário é o mesmo: dezenas de pessoas formam filas sob o sol forte, muitas delas idosas, com semblante cansado e indignado. Alguns relataram ter chegado pela manhã e só conseguido atendimento após o meio-dia.

“É desumano. A gente fica horas em pé, sem cadeira, sem sombra, e ainda é tratado com frieza. A prioridade aqui parece que não existe”, disse um aposentado que aguardava atendimento.

Além da falta de estrutura, há queixas de que o atendimento preferencial não está sendo respeitado, contrariando o Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003).
Violação de direitos e omissão das autoridades

O artigo 3º do Estatuto do Idoso estabelece que é dever da sociedade, das instituições e do poder público “assegurar ao idoso o direito à vida, à saúde, à dignidade e ao respeito”. Já o artigo 15 garante atendimento preferencial em repartições públicas e privadas.

Ao permitir que idosos esperem sob o sol, sem assentos, abrigo ou prioridade, a agência descumpre a legislação e expõe pessoas vulneráveis a riscos físicos e emocionais.
Moradores pedem fiscalização urgente do Procon Municipal, do Ministério Público e da Prefeitura de Palmeira dos Índios, cobrando do Bradesco medidas imediatas: instalação de toldos, cadeiras, bebedouros e ampliação do número de funcionários para atendimento ao público.

Enquanto nada é feito, o calçadão da Fernandes Lima se transforma, todos os dias, em um cenário de descaso e desumanidade — onde os direitos básicos de quem mais merece respeito continuam sendo ignorados.