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Prefeito veta projeto da Câmara que obrigaria Águas do Sertão e Equatorial avisarem consumidor antes de corte

Prefeitura recebeu da Águas do Sertão o valor de R$100 milhões para a venda da concessão do serviço e está amarrada com a empresa

Redação 09/04/2024
Prefeito veta projeto da Câmara que obrigaria Águas do Sertão e Equatorial avisarem consumidor antes de corte
Prefeito-imperador veta projeto da Câmara - Foto: Reprodução

Em Palmeira dos Índios, a relação entre o poder público municipal e a concessionária Águas do Sertão, encarregada do abastecimento de água e do esgotamento sanitário, ganha novos contornos com o veto integral ao Projeto de Lei n.º CM 001/2024 pela Prefeitura. Este projeto, oriundo da Câmara Municipal, tinha como objetivo impor obrigações adicionais à concessionária para aumentar a transparência e a responsabilidade no processo de corte dos serviços de água e energia elétrica, exigindo a comprovação de ciência do proprietário do imóvel afetado.

A Prefeitura justifica o veto alegando questões de competência legal e procedimental. Segundo o Executivo, a iniciativa de legislar sobre o fornecimento e corte de serviços públicos essenciais, como água e esgoto, pertence exclusivamente ao âmbito federal ou, em aspectos organizacionais e regulatórios locais, ao próprio Executivo Municipal. Este argumento baseia-se nos artigos constitucionais e na Lei Orgânica do Município, que atribuem ao Prefeito a prerrogativa de regular os serviços públicos municipais.

Entretanto, essa ação do Executivo Municipal levanta questões críticas sobre a eficácia da governança local e a proteção dos direitos dos consumidores. A Águas do Sertão, em meio a alegações de abusos e práticas questionáveis no corte de fornecimento de serviços essenciais, parece estar blindada por um contrato de concessão avaliado em R$100 milhões. A decisão de vetar integralmente o Projeto de Lei CM 001/2024 pode ser interpretada como um sinal de que o município, de certa forma, está aprisionado por esse contrato, incapaz ou relutante em adotar medidas que garantam maior proteção aos seus cidadãos frente às ações da concessionária.

O caso ilustra a complexa interação entre os direitos dos consumidores, a autonomia municipal e as responsabilidades das concessionárias de serviços públicos. Enquanto a Prefeitura defende a legalidade do veto com base na estrutura federativa e nas competências legislativas, os cidadãos de Palmeira dos Índios expressam preocupações crescentes sobre a qualidade do serviço recebido e a aparente inação das autoridades locais em face de práticas abusivas por parte da Águas do Sertão.

Este impasse destaca a necessidade de um diálogo construtivo entre o poder público, a concessionária e a população. A busca por soluções que equilibrem a legalidade e a eficiência dos serviços públicos com a proteção dos direitos dos consumidores permanece como um desafio urgente para Palmeira dos Índios, refletindo questões mais amplas sobre a gestão de serviços públicos e a responsabilidade governamental no Brasil.