A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) tem mais uma representante na Academia Brasileira de Ciências (ABC). A professora Aline Cavalcanti de Queiroz, vinculada ao Campus de Engenharias e Ciências Agrárias (Ceca) e ao Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (Renorbio), foi eleita como membro da ABC e tem sua posse prevista para janeiro de 2026, marcando a realização de um sonho profissional e acadêmico. Aline é a terceira docente do Renorbio a ser agraciada com essa honraria, sucedendo a professora Marília Goulart, membro titular, e o professor Edeildo Ferreira da Silva Junior, membro afiliado.

Aline, nascida em Buíque, Pernambuco, e criada em Maceió, sempre teve a educação como um pilar fundamental de sua vida. Graduada em farmácia pela Ufal (2004-2009) e assistida por renomados professores, Aline construiu uma sólida trajetória acadêmica. Completou seu mestrado em Ciências da Saúde (2009-2011) e doutorado em Biotecnologia (2011-2015), todos pela Ufal.

Ingressou na Ufal como docente em 2016 lecionando inicialmente no curso de Medicina do Campus Arapiraca, onde permaneceu por oito anos, antes de se transferir para o Ceca. A chegada da docente na Academia Brasileira de Ciências passou por um processo de confiança e reconhecimento a partir do programa de incentivo a jovens cientistas.

Anualmente, são eleitos cinco pesquisadores com menos de 40 anos por região, para mandatos de cinco anos, como uma forma de preparar novos membros titulares. Ela explicou que a seleção para a Academia envolve indicações de membros titulares e uma meticulosa análise curricular. "Fui indicada pela professora Marília Goulart, que acreditou no meu potencial. O conjunto de estudos desenvolvido por meu grupo de pesquisa foi determinante para eu ser eleita como membro afiliada da ABC ", expressou Aline, ressaltando que seu mandato se estenderá até 2030.

O terreno preparado na Ufal

Aline Queiroz já passou por diversas unidades acadêmicas da Ufal, colaborando em programas de pós-graduações como Ciências da Saúde (PPGCS/ICBS), Ciências Médicas (PPGCM/Famed), Ciências Farmacêuticas (PPGCF/ICF) e Ciência Animal (PPGCA/Ceca), atualmente também é assessora de pesquisa da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (Propep). “Na Propep pude aprender muito com grandes pesquisadores como Magna Suzana, Iraildes Assunção, Silvia Uchôa e Walter Matias”, citou.

Ela destacou a importância do conhecimento adquirido ao longo dos anos na Instituição: " o marco da Ufal na minha trajetória acadêmica é o conhecimento que ela me proporcionou, seja dentro da sala de aula, no papel de aluna ou docente, seja nos laboratórios em que faço parte, desenvolvendo pesquisas científicas", enfatizou.

A professora Aline ministra disciplinas como Tópicos Especiais em Biotecnologia 3 e Eventos moleculares da resposta imune além de coordenar e contribuir em laboratórios de pesquisa reconhecidos, incluindo o Lafi/ICBS e o Labmip/Campus Arapiraca. Ela conta que seu envolvimento com o Programa Renorbio foi decisivo para sua formação acadêmica.

“Tive contato com grandes pesquisadores da Ufal e de outras universidades participantes da Rede, em disciplinas e em colaborações científicas. Durante o meu doutoramento, fui orientada pela professora Magna Suzana Alexandre Moreira [ICBS] e coorientada por Lídia Moreira Lima [UFRJ] e estudei a atividade farmacológica de derivados sintéticos desenvolvidos no âmbito do Laboratório de Avaliação e Síntese de Substâncias Bioativas [LassBio/UFR] para leishmaniose, uma doença negligenciada que está presente em 98 países, inclusive é endêmica aqui no Brasil, mas que é extremamente negligenciada pela indústria farmacêutica, apesar da sua importância epidemiológica”. Sua pesquisa resultou em três publicações em revistas de alto impacto e numa patente reconhecida pelo Inpi, destacando a relevância de seu trabalho na área da saúde.

Celebrando a conquista para fazer parte dessa centenária e prestigiada Academia, Aline fez questão de citar nominalmente todas as pessoas que fizeram parte da sua formação pessoal e profissional: “essa conquista não é só minha, apresenta muitas mãos: da minha mãe, Cilene Cavalcanti, e toda minha família, que me incentivaram a estudar desde criança; do meu companheiro, André de Lima Moura, que é um cientista exemplar do Instituto de Física, que me inspira e me apoia sempre; da minha grande parceira científica e eterna orientadora, Magna Suzana, cujos ensinamentos uso até hoje e com quem continuo aprendendo; do meu primeiro orientador, Gaus Silvestre de Andrade Lima, que trilhou meus primeiros passos na pesquisa científica. De todos os alunos que orientei e coorientei no Lafi e Labmip, o sucesso deles também é o meu sucesso e vice-versa; de meus grandes colaboradores da Ufal [Alysson Wagner Fernandes Duarte, João Xavier de Araújo Júnior, Antônio Euzébio Goulart de Sant’Ana, Marília Oliveira Fonseca Goulart, Camila Dornelas, Eduardo Fonseca, Luiz Henrique Agra Cavalcante Silva] e de outras instituições, em especial a professora Lídia Moreira Lima (UFRJ); Tânia Maria Sarmento da Silva (UFRPE), Celso Amorim Câmara (UFRPE); Vivaldo Moura Neto (IEC/RJ); aos órgãos de fomento (Fapeal, CNPq e Capes), que financiaram minhas pesquisas; e da nossa querida Ufal, porque eu tenho muito orgulho de ter toda minha formação realizada nesta instituição”, enumerou.

Aline ainda enfatizou o potencial dos campi do interior da Ufal para a inovação e pesquisa no estado de Alagoas: "É uma honra para mim ter estado durante oito anos como docente do Campus Arapiraca. Hoje faço parte também, com muito orgulho, do Ceca. Em ambos os campi, conheço uma infinidade de pesquisadores extraordinários, com uma capacidade de trabalho impressionante!” 

Só o estudo muda

Com um olhar esperançoso para o futuro e um forte compromisso com a ciência e a educação, Aline Cavalcanti de Queiroz se estabelece como uma referência inspiradora não apenas na Ufal, mas em toda a comunidade científica brasileira. A sua nomeação para a Academia Brasileira de Ciências é um testemunho do impacto positivo que a educação e a pesquisa podem ter na sociedade.

Ela conta que sua avó materna tinha o sonho de terminar o ensino fundamental, não conseguiu, mas batalhou pelos estudos dos filhos. Assim, enfrentando dificuldades, sua mãe se tornou a primeira mulher bacharel em Direito de Buíque e passou a paixão pelos estudos como herança para Aline. “Se eu for deixar uma mensagem, seria para os alunos da Ufal, da graduação e pós-graduação: Estudem! O que de fato fez a diferença na minha vida profissional foi o conhecimento que eu adquiri e continuo adquirindo! Estudar vale a pena. Conhecimento é poder!”, finalizou.

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