Alagoas
Policial militar alagoana eterniza pioneiras da PM em livro lançado na Bienal
Uma noite especial, em que passado e presente se cruzaram para celebrar a perpetuação da trajetória corajosa de 35 mulheres que, há 36 anos, desbravaram um caminho até então desconhecido. Nesse domingo (2), a jornalista, escritora e policial militar Fernanda Alves lançou o livro que conta a história da primeira turma de soldados femininas da PM-AL.
O lançamento aconteceu na Bienal do Livro de Alagoas, que ocorre no Centro de Convenções, no Jaraguá. O material bibliográfico, que é o primeiro registro oficial sobre o tema, é fruto da dissertação desenvolvida pela cabo Fernanda durante o mestrado em Ciência da Informação, concluído em agosto de 2024. Hoje, mais de um ano depois, os estudos se transformaram em páginas que contam a história de coragem dessas pioneiras.
“Polícia, substantivo feminino”
Ao lado de amigos, familiares e colegas de profissão, Fernanda Alves relembrou, emocionada, o processo de criação do seu primeiro livro. “Apesar de não ser tão antiga, a história dessas mulheres ainda não possuía um registro oficial. Então, no ano passado, a minha dissertação foi uma das indicadas para participar do edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal)”, contou a militar.
Porém, o interesse pelo tema surgiu anos antes, quando, na produção de uma pauta para a assessoria de comunicação da PM sobre a criação do Dia da Policial Feminina em Alagoas, ela entrevistou algumas integrantes da turma de soldados de 1989. “Quando estava escrevendo aquele texto, percebi que a história daquelas mulheres existia apenas nos diálogos e relatos contados por elas. Então, a ausência de conteúdos escritos me despertou para me aprofundar mais sobre o tema,” pontuou a escritora.
A partir de então, a militar iniciou um trabalho de levantamento de dados no acervo da PM para traçar o perfil das 35 mulheres que fizeram parte da primeira turma de soldados femininas. Em seguida, Fernanda foi para a fase das entrevistas com as pioneiras.
“Quando ingressei na PM, em 2016, três dessas policiais participaram ativamente da minha formação. A partir do contato com a subtenente Rozileide Francelina, cheguei até as demais veteranas. Os relatos trazidos pelas pioneiras são importantes para conhecermos os caminhos que nos levaram até aqui. Se hoje temos mulheres em postos de comando e ocupando todos os graus da hierarquia militar, é porque elas resolveram lutar lá atrás”, destacou a jornalista.

Um registro à história
Além de trazer dados e relatos sobre o processo de formação da turma, a jornalista também revela o destino tomado pelas 35 mulheres. Hoje, apenas uma ainda está na ativa, a tenente Flávia, lotada no Batalhão Escolar. As demais já se encontram em condição de inatividade, sendo uma falecida. Porém, os relatos da policial Ana Nunes (in memoriam) não ficaram de fora do livro.
“Talvez não seja possível dimensionar o legado e a influência que essas mulheres tiveram. Apesar de já ter falecido, a história da Ana Nunes foi contada através de registros fotográficos e relatos de seus familiares, incluindo seu filho, que atualmente é cadete do 3º ano do Curso de Formação de Oficiais”, comentou a cabo Fernanda.

Presente no lançamento do livro, a tenente Silviany Domingues não escondeu a gratidão pelo reconhecimento da história das pioneiras. “Agradeço à cabo Fernanda por ter dado o devido valor para nós, que formamos a primeira turma de soldados mulheres da PM. Para as que estão e as que virão, eu deixo um recado: amem essa profissão, pois ela é motivo de muito orgulho para mim”.
Outra veterana presente, a subtenente Rozileide Francelina não conseguiu definir em palavras o que sentia naquele momento. “Me sinto honrada por estar presente neste lançamento, pois, a partir de hoje, temos eternizada a trajetória daquelas que abriram os caminhos nunca antes ocupados por uma mulher”.
Para Fernanda Alves, o lançamento no maior evento literário do estado dá o tom do feito alcançado por essas policiais femininas.
“Perpetuar os relatos dessas veteranas é entender que a memória delas também pertence a mim, como policial militar. Elas abriram caminhos e quebraram paradigmas, como a participação do primeiro pelotão de mulheres no desfile militar do 7 de Setembro. Hoje, somos mais de 1.300 policiais femininas, que devem reconhecer a luta e coragem das pioneiras”, reforçou a jornalista.
O livro “Polícia, substantivo feminino: memória e pioneirismo das mulheres soldados na PM de Alagoas” está sendo comercializado pela Editora da Universidade Federal de Alagoas (Edufal) e está disponível para compra na Bienal do Livro.
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