Alagoas

Bienal: obra de Valkíria Malta Gaia questiona padrões culturais sobre violência contra a mulher

'Do silêncio ao grito', lançado neste domingo (2), nasceu da experiência da servidora do TJAL no Juizado da Mulher de Arapiraca e se transformou em sua tese de doutorado

Carolina Amancio (Ascom/Esmal) 03/11/2025
Bienal: obra de Valkíria Malta Gaia questiona padrões culturais sobre violência contra a mulher
O lançamento reuniu profissionais, estudantes e membros da comunidade literária, acadêmica e jurídica. - Foto: Carolina Amancio (Ascom/Esmal)

Aconteceu na noite neste domingo (2), no estande da Escola Superior da Magistratura de Alagoas (Esmal) na 11ª Bienal do Livro de Alagoas, o lançamento de 'Do silêncio ao grito: a redefinição do agressor pela perspectiva da mulher na Lei Maria da Penha', de Valkíria Malta Gaia Ferreira. O desembargador Orlando Rocha Filho prestigiou o evento e adquiriu um exemplar da obra.

A publicação tem origem na tese de doutorado da autora e na sua atuação como professora universitária e chefe de Secretaria do Juizado da Mulher de Arapiraca. O livro analisa como fatores culturais e sociais influenciam a forma como mulheres relatam agressões.

Valkíria relatou que observou, na prática como servidora do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL), mudanças nas narrativas dos fatos por parte de vítimas. “Presenciei muitas mulheres mudando a versão dos fatos para minimizar a situação do agressor”, disse a autora.

“Ao chegar à audiência processual, ela mudava seu relato para poder minimizar a situação do agressor. Esse ciclo de violência está enraizado culturalmente no seio das famílias”, completou.


Valkiria interagiu com os visitantes e autografou exemplares. Foto: Carolina Amancio (Ascom/Esmal)


A autora explicou ainda que a culpa internalizada por muitas mulheres faz com que a violência seja naturalizada nas relações familiares. “Muitas mulheres se acham culpadas e normalizam essa violência doméstica e familiar”, afirmou.

Segundo Valkiria, com a obra ela busca oferecer instrumentos para que leitoras e leitores repensem essa cultura machista e patriarcal.

O lançamento reuniu profissionais, estudantes e membros da comunidade literária, acadêmica e jurídica. Houve interação com o público e sessão de autógrafos ao final do evento.

A seleção dos livros lançados durante a Bienal foi realizada por meio de edital divulgado pela Esmal no mês de junho. Os requisitos eram que as obras tivessem sido autoria ou coautoria de servidores ou magistrados do TJAL, além de serem inéditas, de cunho técnico ou literário, publicadas em 2024 ou 2025.

Programação de segunda-feira (3)

Na segunda (3), o estande da Esmal seguirá com programação a partir das 9h. Durante o dia haverá a exposição do 'Projeto Sankofa: em busca da minha identidade', com roupas africanas, artefatos e produções artísticas de reeducandos da Secretaria de Ressocialização e Inclusão Social (Seris).

Também serão exibidos kindles com resenhas e outros escritos produzidos por participantes do projeto Livros que Libertam, desenvolvido pela Seris em parceria com a 16ª Vara de Execução Penal do TJAL e o Conselho da Comunidade.