Alagoas

Coletivo transforma estande em vitrine de arte autoral e diversidade

Grupo de ilustradoras nordestinas vem chamando a atenção do público da Bienal pela variedade, estética e representatividade

Jamerson Soares - jornalista 02/11/2025
Coletivo transforma estande em vitrine de arte autoral e diversidade
Coletivo transforma estande em vitrine de arte autoral e diversidade - Foto: Adriano Arantos

O grupo de cinco ilustradoras nordestinas chamado Alta Cúpula celebra um marco de suas trajetórias produzindo fan arte, quadrinhos e arte independente. No estande instalado na 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, o grupo vem chamando a atenção do público pela variedade, estética e pela representatividade.

O espaço reúne artistas de Alagoas, Pernambuco e Ceará, como Jana Araújo, Mariana Petrovana, Daniele Jaimes e Letícia Matos, que estava no local vestida como um personagem de história em quadrinhos. Além disso, existem cerca de 300 modelos de adesivos, pôsteres, bottons, livros, todos autorais e com uma pegada mais lúdica direcionada especialmente para o público jovem.

Mas, segundo Mariana Petrovana, os produtos foram feitos para toda a família e pessoas de todas as idades, desde a criança até o idoso. “A maioria massiva do nosso material é autoral. Desde o adesivo pequeno até o livro de 200 páginas, tudo foi produzido por nós — ilustrações, cores, acabamento. Temos fan arts, mas também muito material próprio”, disse.

Conteúdos dos mais variados

As criações do grupo misturam estética “fofa” e conteúdo profundo, explorando temas nordestinos e contemporâneos. As histórias em quadrinhos abordam mitos, narrativas femininas, fábulas regionais e personagens LGBTQIAPN+, apresentando um Nordeste mágico e plural, onde cabem santos, pescadores, mulheres e pessoas não binárias.

“Não trabalhamos a religiosidade sob a ótica católica, mas sob a perspectiva nordestina — o São Longuinho que pula, as histórias de pescador, os mitos do nosso povo”, conta Mariana. “Queremos que seja um espaço seguro, onde qualquer pessoa possa se identificar com algo e se sentir bem-vinda”, complementou Petrovana.

Sobre o Alta Cúpula

Ainda de acordo com Mariana, o coletivo Alta Cúpula, formado por cinco mulheres, surgiu no início de 2025 a partir de uma brincadeira entre artistas que se sentiam excluídas de outros grupos. Mesmo jovem, o coletivo já marcou presença em eventos nacionais como as Bienais de Curitiba e do Ceará, além de encontros em Pernambuco. Agora, o grupo firma território também em Alagoas.

“Era uma piada interna sobre panelinhas. A gente chamava esses grupos de ‘alta cúpula’, até que resolvemos criar a nossa própria Alta Cúpula, um espaço onde pudéssemos mostrar o que fazemos e nos sentíssemos incluídas”, relembrou Mariana, complementando: “A gente é tão boa quanto qualquer artista do país”, celebrou.

Entre os visitantes, a empolgação é geral. Shirley Branco, mãe da pequena Maria Eduarda, de 10 anos, contou que a filha ficou encantada com o estande mesmo à distância.

“Hoje não pude trazê-la, mas tirei uma foto e ela se apaixonou por tudo. Já escolheu os itens que quer que eu leve pra casa”, relata Shirley. “Ela adora mangás, lê o tempo todo, e quando vê algo que sai do papel — bottons, pôsteres, broches — ela quer ter tudo. Acho incrível essa parte lúdica e educativa”, destacou.

Sobre a Bienal

A 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas é realizada pela Universidade Federal de Alagoas e pelo governo de Alagoas, com correalização da Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes) e patrocínio do Senac e do Sebrae Alagoas.

Sob a curadoria do professor Eraldo Ferraz, diretor da Edufal, o maior evento cultural e literário do estado também tem como parceiros a plataforma de eventos Doity, a rede de Hotéis Ponta Verde, o Sesc, a Prefeitura de Maceió por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed) e o Instituto Federal de Alagoas (Ifal), além das secretarias de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult), de Turismo (Setur) e de Comunicação (Secom) de Alagoas.

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