Alagoas
Professores dos EUA visitam Uncisal para acompanhar estudo sobre Síndrome Congênita do Zika Vírus
Três professoras da Universidade Vanderbilt, dos Estados Unidos, visitaram recentemente a Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) para acompanhar de perto o andamento do estudo sobre a Síndrome Congênita do Zika Vírus, conduzido pelo Laboratório de Audição e Tecnologia (Latec/Uncisal). A pesquisa é desenvolvida em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), campus Ribeirão Preto, e conta com financiamento integral do governo norte-americano, por meio do National Institutes of Health (NIH) — órgão equivalente ao Ministério da Saúde dos EUA.
A comitiva foi composta pelas professoras Dra. Linda Hood (coordenadora internacional do projeto), Dra. Alexandra Key e Dra. Melanie Schuele, que vieram a Maceió para realizar uma visita técnica e conhecer as instalações, os equipamentos e a metodologia utilizada pela equipe brasileira.
O estudo teve início em 2016, quando o Latec/Uncisal iniciou as primeiras investigações sobre os efeitos do vírus da zika em crianças, com foco na audição. O trabalho pioneiro resultou em artigos científicos, teses e apresentações internacionais, despertando o interesse de pesquisadores da Universidade Vanderbilt, em Nashville (EUA).
A parceria firmada entre as instituições originou o primeiro convênio aprovado pelo NIH, com investimento de cerca de R$ 500 mil para o desenvolvimento inicial da pesquisa. O foco era avaliar crianças com microcefalia cujas mães haviam contraído o vírus da zika durante a gestação.
Segundo o professor e pesquisador Pedro de Lemos Menezes, coordenador local do projeto e líder do Latec/Uncisal, o estudo também incluiu crianças sem alterações aparentes, mas cujas mães haviam sido expostas ao vírus.
“Essas crianças formaram o grupo ‘exposto’. Mesmo sem microcefalia, elas apresentaram algum tipo de alteração — cognitiva, cortical, auditiva, eletrofisiológica ou de fala — em cerca de 70% dos casos”, explicou o pesquisador.
Com os resultados iniciais, o projeto foi ampliado e, em 2024, teve início uma nova fase da pesquisa, que acompanhará 150 crianças — sendo 75 típicas (controle) e 75 expostas ao vírus da zika — ao longo de cinco anos.
As análises incluem avaliações auditivas, cognitivas e de linguagem, conduzidas por equipe multidisciplinar formada por fonoaudiólogos, psicólogos e pesquisadores da Uncisal e da USP.
“Estamos no primeiro ano dessa nova etapa, e a visita das professoras americanas teve o objetivo de acompanhar os testes e garantir que todo o protocolo seja seguido conforme o padrão internacional”, explicou Pedro de Lemos.
O pesquisador destacou que o financiamento total, de cerca de R$ 2,5 milhões, é proveniente dos Estados Unidos e cobre todos os custos do projeto — desde a compra de equipamentos e estruturação dos laboratórios até o transporte e a alimentação das crianças participantes e seus acompanhantes.
Impactos e benefícios
As ações prioritárias da pesquisa envolvem o acompanhamento do desenvolvimento auditivo, da linguagem e da cognição das crianças, com o objetivo de possibilitar futuras intervenções precoces.
“Queremos identificar se essas alterações persistem e por quanto tempo duram. Assim, poderemos planejar estratégias de reabilitação mais eficazes”, destacou o pesquisador.
Atualmente, os equipamentos adquiridos são utilizados em avaliações realizadas duas vezes por semana, e também estão disponíveis para uso em projetos de mestrado e doutorado da Uncisal.
Durante a visita, os pesquisadores discutiram novas perspectivas de cooperação internacional.
“Estamos elaborando um novo projeto, ainda maior, para acompanhar crianças nascidas em Alagoas desde o nascimento, com todo o acompanhamento audiológico financiado pelos Estados Unidos”, adiantou Pedro de Lemos.
Ao final dos cinco anos de contrato, a Uncisal será proprietária dos equipamentos adquiridos com recursos do convênio.
“Isso garantirá a continuidade das pesquisas com tecnologia de ponta e beneficiará diretamente a população alagoana. Além de atendimento gratuito, as crianças recebem exames que custariam cerca de R$ 5 mil na rede privada”, ressaltou.
Segundo o pesquisador, a iniciativa é o projeto com maior volume de recursos da Uncisal e o único totalmente financiado por instituição estrangeira.
“O Brasil e o estado de Alagoas saem ganhando. Estamos gerando conhecimento, capacitando profissionais e oferecendo atendimento gratuito a crianças que, de outra forma, talvez não tivessem acesso a esse tipo de avaliação”, concluiu.
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