Alagoas
Dia do Servidor Público: a missão de servir dentro da PM de Alagoas
Dia 28 de outubro é celebrado o Dia do Servidor Público. Na Polícia Militar de Alagoas (PM-AL), servir é mais do que um verbo de ação, traduzido em “trabalhar em favor de”. Muito além da função, da farda, dos regulamentos e deveres do ofício, servir representa uma missão.
Militares são agentes públicos e ocupam cargos públicos, mas, diferente dos servidores civis, possuem carreira e regime jurídico diferenciados, previstos na própria Constituição.
Legalmente, o termo “servidor público” não se aplica aos militares. Entretanto, a data deve e merece ser lembrada na corporação.
Este mês, na passagem da data festiva, a PM-AL contabiliza e celebra 1.302 mulheres e 6.259 homens, totalizando 7.561 integrantes no serviço ativo. Cada um destes representa a razão de ser da instituição. São oficiais e praças que compõem as fileiras da Polícia Militar alagoana, uma instituição que percorre os 102 municípios, sendo presença e proteção 24 horas por dia, em todos os dias do ano.

Do contingente total, a maioria é composta por praças operacionais: são 6.585 militares. Praças se subdividem ainda nos quadros de especialistas (músicos e saúde), somando 125 integrantes. Já o Quadro de Oficiais é dividido entre oficiais de Estado-Maior, com 546 integrantes, e Oficiais Especialistas, com 298 PMs (somando especialistas, capelães e assistentes sociais).

O comandante-geral da PM, coronel Paulo Amorim, reconheceu a importância da data. Para ele, mais do que comemorar, a tônica deste 28 de outubro é valorizar e cuidar, acima de tudo, das pessoas que fizeram e fazem a instituição.
“No Dia do Servidor, celebramos o compromisso diário dos nossos homens e mulheres, oficiais e praças, que se dedicam, dia após dia, à construção de uma Polícia Militar forte e de um Estado seguro. Reconhecemos aqueles que servem no presente e também os que vieram antes de nós. Parabéns aos servidores da ativa e aos nossos veteranos”, destacou.
No universo desses quase oito mil componentes sob sua liderança, estão três militares que servem de inspiração para os demais. Dois policiais masculinos que atuam em áreas muito específicas da instituição e uma policial, mulher. Histórias que inspiram e representam a essência do servir na corporação.
Mãos que servem; habilidade que protege homens, cavalos e sociedade
Da ponta dos dedos e do olhar apurado do subtenente Ernandes José da Silva sai o zelo por itens que são tão específicos quanto vitais: sela, estribo, barrigueira, cano de rédea, aba, sobreaba e cabeceira com seus respectivos acessórios. Termos e estruturas como testeira, passeira e focinheira podem ser desconhecidos do público comum e da própria tropa, mas são o campo de domínio do Regimento de Polícia Montada Dom Pedro I (RPMon).
O estado adquire os materiais por meio de licitação. Devido ao uso diário, estes itens necessitam de manutenção constante para que o trabalho não pare. “É aí que entra a função do correeiro. Ele faz a vistoria dos itens e, quando necessário, faz os ajustes ou a reposição. Muitas vezes, o próprio montador percebe e avisa. Em alguns casos, é algo muito sutil, mas que pode comprometer o serviço, que não pode parar. Tudo precisa funcionar bem”, explicou.
Curiosamente, o militar confessa não lembrar a conta exata dos anos em que desempenha a função, mas estima que sejam entre 15 e 18. Autodidata e sagaz, o militar revelou como começou a manusear couro. Chegou a ser designado e matriculado pela própria PM em um curso de sapateiro. O cavaleiro concluiu a formação para fabricar as botas típicas de equitação e dominou o manejo com o couro. Desde então, com declarado prazer e orgulho, é ele quem fabrica as próprias botas de montaria.
Olhando para trás, ele refez o caminho e contou: “Não fiquei na função, mas acabei sendo designado para a correaria. Como já tinha identificação no manuseio com couro, cola e solas, me interessei. Certa vez, peguei uma sela que já estava obsoleta, danificada e que não servia mais para uso. Abri, entendi toda a estrutura, medi o tamanho, os cortes, analisei as costuras (feitas em máquinas industriais, mas que consegui realizar à mão) e nunca mais parei. Deus me mostrou o caminho e sigo até hoje”, relembrou, com a humildade peculiar dos grandes mestres.
“É um serviço de grande responsabilidade. Trata-se da segurança do militar e da saúde dos animais. O material danificado pode machucar o cavalo, e um cavalo machucado pode se alterar, ficar arisco e provocar um acidente”, ponderou o subtenente Ernandes.
Mais do que um talento desenvolvido, o militar é um multiplicador do conhecimento. Recentemente, assumiu o nobre propósito de transmitir seus ensinamentos para a sargento Fabíola Costa, que passou a dominar com grande habilidade as técnicas repassadas pelo mais antigo.
A policial disse ter muito orgulho e carinho por aquele a quem chama de mentor na correaria. “Ele se prontificou a me ensinar, fez questão de transmitir seu vasto conhecimento, garantindo que a alma e a tradição do nosso ofício fossem preservadas. Sua dedicação e preocupação em formar com impecável qualidade sempre foram notáveis. O subtenente Ernandes é o exemplo de servidor público: atencioso, responsável e abnegado. Para mim, ele é uma inspiração, e seu legado é a base que sustenta o futuro de nossa missão”.
Atualmente matriculado no Curso de Habilitação de Oficiais (CHO) da Academia de Polícia Militar Senador Arnon de Mello (APMSAM), Ernandes decidiu que o tema do trabalho de conclusão de curso não poderia ser outro: A Correaria como pilar de sustentação operacional do Regimento de Polícia Montada da Polícia Militar de Alagoas. A perpetuação do legado está se transformando em produção científica.
Uma mulher que serve e protege outras mulheres
A voz de comando é firme, mas também carrega uma serenidade notável. O mesmo olhar de liderança revela empatia com sua tropa e com a sociedade, principalmente com mulheres sob a proteção de suas equipes. A quantidade de assistidas já soma mais de quatro centenas. Servir faz parte da essência da major Iris Dayana, chefe da Patrulha Maria da Penha e Grupos Vulneráveis na capital.

“Naquela fase da vida em que a gente se pergunta ‘o que eu vou ser?’, ‘qual será minha futura profissão?’, eu tinha duas opções em mente que tocavam no meu coração: ser professora ou ser policial militar. Optando por ingressar na PM-AL, eu consegui também realizar o desejo da docência”, recordou a oficial, que também é instrutora na corporação. “Ser policial militar, para mim, é motivo de muito orgulho, porque é a materialização de um desejo que construí na adolescência”, revelou.
Seu vínculo com a PM é bem anterior ao seu ingresso no Curso de Formação de Oficiais (CFO) em março de 2004. Ele vem desde o nascimento. Seu pai é o 2º sargento José Bráulio de Araújo, atualmente na condição de reformado. No ensino fundamental, foi matriculada como aluna do Colégio Tiradentes da Polícia Militar (CPM), onde estudou até a conclusão do ensino médio, de onde saiu para ingressar na Academia de Polícia Militar Senador Arnon de Mello (APMSAM).

Após concluir o CFO, a aspirante serviu no 8º Batalhão de Polícia Militar (BPM). Ao longo da carreira, atuou no Centro de Gerenciamento de Crises, Direitos Humanos e Polícia Comunitária (CGCDHPC) e no 12º BPM (quando ainda se chamava Batalhão de Polícia de Guardas, o antigo BPGd). Passou também pela Diretoria de Políticas Preventivas (DPP) e chefiou a Divisão de Meios da Academia de Polícia Militar Senador Arnon de Mello (APMSAM). Desde agosto de 2024, conduz a Patrulha Maria da Penha.
A identificação com o policiamento comunitário surgiu de forma natural e a acompanhou por onde passou, até chegar à Patrulha. “No cotidiano do policiamento nas comunidades, havia essa necessidade de compreender o que o outro está vivendo, o contexto em que está inserido, para ajudá-lo a resolver seus problemas. Direcionar meu olhar para a prevenção da violência e da criminalidade foi um enriquecimento pessoal”.

Na Patrulha Maria da Penha há mais de um ano, a comandante percebeu como essa vivência no policiamento comunitário a habilitou a compreender a complexidade das demandas sociais e da missão que abraçou. “As demandas são intensas e constantes, mas sentimos muita satisfação em orientar, auxiliar, encaminhar e ajudar mulheres a saírem de uma situação de violência, e conseguir efetivar políticas de segurança que realmente façam diferença para essas mulheres”, explicou a major.
Servir, na visão da militar, é uma construção diária: “A atuação voltada à prevenção me faz pautar na escuta do outro, no diálogo e, assim, compreender como o cidadão enxerga a nossa instituição e como podemos melhorar”, finalizou a chefe da Patrulha na capital.
Guardião da memória: agente de preservação do passado, presente e futuro
Entre 20 mil pastas de servidores, reside um patrimônio de valor inestimável. As estantes, prateleiras e fichas do arquivo funcional da PM-AL guardam a memória dos homens e mulheres que serviram e servem à corporação ao longo das épocas.
O arquivo físico da Polícia Militar atualmente está localizado no Centro Administrativo da corporação no Tabuleiro do Martins. Sob a gestão da Diretoria de Pessoal (DP) e da Diretoria de Proteção Social (DPP), abriga os dados funcionais dos militares da ativa, dos que estão na Reserva Remunerada ou Reforma e também daqueles que faleceram ou foram desligados (compulsória ou voluntariamente). A instituição conta com um sistema eletrônico de gestão de dados de Recursos Humanos, mas o arquivo permanece com sua quantidade estimada em 600 mil páginas de documentos. São dados sensíveis do contingente humano.
“Todos esses documentos físicos são mantidos aqui. Eles têm proteção federal e não podem simplesmente ser descartados, devem ser preservados, ainda que digitalizados. Nossa função é de conservação e manutenção de todo este material armazenado”, quem explica é aquele que, por mais de uma década, é o que se pode chamar de sentinela do arquivo. Seu nome é Ernando Barbosa, subtenente.
“Sou da turma de 1991. Após minha formação como praça, minha primeira unidade foi o 1º Batalhão, no policiamento das ruas. Fomos pioneiros no período em que a PM realizava o monitoramento sobre cabines no Comércio, modalidade extinta, mas que prestou serviço por um período significativo. Passei pelo 2º Batalhão, quando a sede ainda era na capital. Passei por outras unidades como 6º (Maragogi), 8º (Rio Largo) e 4º Batalhões. Até que fui servir na antiga Companhia de Comandos e Serviço (CCSv) em diretorias como a de Finanças (DF) e de Pessoal (DP), posteriormente, na sargenteação da Banda de Música e retornei para a DP, onde permaneço”, relembrou o subtenente Ernando.
O domínio da datilografia foi determinante devido à necessidade na rotina da sargenteação. Esse conhecimento também o preparou para a missão que abraçaria. “Os registros pessoais das unidades, sobretudo os assentamentos dos policiais, eram manuais e datilografados. Líamos os Boletins, escrevíamos nos livrões das unidades e depois devíamos datilografar e transpor para as fichas pessoais que cada militar possui. Era um trabalho de registro e acompanhamento meticuloso e diário. Em 2009, essa atribuição da guarda do material físico foi centralizada na DP, não mais nas unidades, e eu fui convidado para atuar na recepção de todo esse material vindo das unidades e arquivar”, relembrou.
Ele sabe que faz um trabalho silencioso, distante dos olhares da população, mas com a consciência de que a PM, por meio de sua equipe, zela pelo passado da instituição enquanto preserva o presente para o futuro existir. “Cada um de nós representa uma peça importante na grande engrenagem que é a Polícia Militar. Como tal, sinto que não posso falhar”, sintetizou o militar.
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