Alagoas

Piloto de avião que caiu em Coruripe era braço-direito de cartel irlandês e lucrou R$ 120 milhões com tráfico

Timothy James Clark, australiano de 46 anos, tinha sociedade com empresário preso e era investigado por atuar em rotas transatlânticas de cocaína; corpo foi identificado em Alagoas

Redação 27/10/2025
Piloto de avião que caiu em Coruripe era braço-direito de cartel irlandês e lucrou R$ 120 milhões com tráfico
- Foto: Reprodução / Redes Sociais

O Piloto australiano Timothy James Clark, de 46 anos, morto na queda de uma aeronave em Coruripe, Alagoas, em setembro, mantinha vínculos diretos com o Cartel Kinahan, um dos mais poderosos grupos de crime organizado da Irlanda. Segundo autoridades internacionais, o aviador teria lucrado aproximadamente R$ 120 milhões operando no tráfico internacional de drogas.

De acordo com reportagem do jornal The Age, Clark realizou inúmeros voos entre a América do Sul, a África e a Austrália, transportando grandes carregamentos de cocaína. Estimativas de autoridades sul-africanas indicam que o piloto teria feito até 30 viagens transatlânticas, cada uma movimentando valores milionários.

As investigações apontaram que o australiano era sócio do empresário alemão Oliver Andreas Herrmann, detido na Austrália por tráfico, e que ambos possuíam ligações financeiras com Christy Kinahan, o fundador do cartel. Para dissimular as atividades, Clark também era diretor de empresas de investimento na Austrália e na Ásia, como a Stock Assist Group Pty Ltd e a Bluenergy Asia Pty Ltd, usadas pela organização criminosa para lavagem de dinheiro.

Outro detalhe das investigações revelou que o piloto usava perfis falsos em plataformas digitais, como Google Maps e Tripadvisor, publicando avaliações sob o pseudônimo “John Smith”, em locais frequentados por membros do Cartel Kinahan.

A queda da aeronave ocorreu em 14 de setembro, em uma área de vegetação de difícil acesso em Coruripe. A Polícia Federal encontrou no local cerca de 200 kg de cocaína, além de alimentos importados e equipamentos improvisados para reabastecimento em voo. A estrutura indicava que o avião seria usado em uma rota de longa distância sem escalas.

O corpo de Clark foi oficialmente identificado pelo Instituto de Medicina Legal (IML) de Alagoas na última sexta-feira (24). A confirmação se deu por exame genético, após o material ter sido cedido por uma irmã na Austrália, em cooperação com a Polícia Federal e autoridades diplomáticas. A PF segue investigando o caso como tráfico internacional de drogas, buscando definir a origem e o destino da carga, já que o voo não tinha registro oficial no Brasil.