A cada cinco segundos uma pessoa sofre um Acidente Vascular Cerebral (AVC) no Brasil. É o que afirma a neurologista Juliana Almeida, uma das especialistas da Unidade de AVC do Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió. A doença ocorre quando há interrupção ou rompimento do fluxo sanguíneo para o cérebro, provocando a morte de células cerebrais em poucos minutos. Se o tratamento não for iniciado imediatamente, o risco é alto para sequelas e óbito.

A marisqueira Silvana Maria de Carvalho, de 46 anos, superou um grande susto no último dia 10 de agosto. Ela sofreu um AVC do tipo hemorrágico, o mais perigoso, e precisou do atendimento especializado e premiado da maior unidade de urgência e emergência da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). Foi quase um mês de internação, mas, agora, já conseguiu recuperar praticamente todos os movimentos e segue com as orientações do médico.

“Não teve um dia que eu não tenha sido bem atendida. Foi um período muito difícil, mas foi uma experiência bastante edificante. Só tenho elogios ao HGE, onde estão os mais experientes profissionais do SUS [Sistema Único de Saúde] em Alagoas. Eu saí daqui boa, porque eu encontrei tudo o que precisei para me recuperar. Os profissionais foram maravilhosos, recebi uma boa alimentação, remédios e fiz todos os exames que precisei”, relatou a alagoana.

Silvana tem razão em comemorar a nova chance de vida, graças ao trabalho de excelência realizado pela equipe multidisciplinar do HGE. Isso porque, segundo a médica Juliana Almeida, a paciente chegou à unidade hospitalar com perda da força no seu lado esquerdo, desvio de comissura labial (assimetria facial), dificuldade para falar e pressão arterial muito elevada.

 

Após a realização de tomografia computadorizada, foi identificado o AVC hemorrágico, caracterizado pelo rompimento do vaso sanguíneo, causando sangramento dentro do cérebro. O AVC do tipo isquêmico ocorre quando uma artéria que leva sangue ao cérebro é bloqueada (geralmente por um coágulo), interrompendo o fluxo sanguíneo.

“Durante a internação, iniciamos a reabilitação com fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia e nutrição. No momento da alta, explicamos as recomendações necessárias para seguir com os cuidados em casa e agendamos o retorno ao nosso ambulatório para acompanhamento do processo de recuperação. É um serviço completo e persistente quando o objetivo é salvar a vida”, acrescentou a especialista.

Ajuda médica imediata

Contra a doença, a prevenção é o melhor remédio. Praticar atividades físicas regularmente, manter uma alimentação equilibrada, controlar a pressão arterial, o colesterol e o diabetes, não fumar, evitar o consumo excessivo de álcool e realizar check-ups médico regulares são cruciais para monitorar e controlar esses fatores de risco. Contudo, neste Dia Mundial do AVC, o recado dos médicos é evitar e saber identificar os sinais.

“Entre os sinais do AVC estão a confusão mental, alteração da fala e da compreensão, alteração na visão (em um ou em ambos os olhos), dor de cabeça súbita, intensa e sem causa aparente, alteração do equilíbrio, tontura ou alteração no andar e fraqueza ou formigamento em um lado do corpo. Se algum desses sintomas surgirem, é importante procurar uma UPA [Unidade de Pronto Atendimento] imediatamente”, pontuou a neurologista do HGE.

O diagnóstico do AVC é feito por meio de exames de imagem que permitem identificar a área do cérebro afetada e o tipo do ‘derrame cerebral’. A tomografia computadorizada de crânio, segundo o Ministério da Saúde, é o método mais utilizado para a avaliação inicial, demonstrando sinais precoces de isquemia.

“Hipertensão, diabetes tipo 2, colesterol alto, sobrepeso, obesidade, tabagismo, uso excessivo de álcool, idade avançada, sedentarismo, o uso de drogas ilícitas e o histórico familiar são fatores de risco”, reforçou Juliana Almeida.

Certificação Internacional

O HGE é referência no tratamento do AVC e comprometido com a assistência de qualidade e o acolhimento humanizado. Tanto que recebeu o prêmio World Stroke Organization Angels Awards 2025, com certificação e aposição de placa, dado por uma organização global que se dedica a reduzir o impacto do Acidente Vascular Cerebral, em reconhecimento à excelência da estrutura e do trabalho feito por toda equipe multidisciplinar.

“O nosso compromisso é garantir à população um atendimento de excelência, humanizado e baseado nas melhores práticas da Medicina moderna”, afirma o gestor do HGE, Fernando Fortes Melro.

 

A Unidade de AVC do HGE possui 15 leitos e uma equipe multidisciplinar composta por clínico geral e neurologista, enfermeiros, psicólogo, nutricionistas, assistentes sociais, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, fisioterapeutas, técnicos de enfermagem e assistentes administrativos. Também recebe suporte da Farmácia, do Centro de Imagem e de outros profissionais quando o caso exige a avaliação de outros especialistas.