Considerada uma referência sobre o Quilombo dos Palmares, a obra “Memorial dos Palmares” ganha nova edição em 2025, ano em que Ivan Alves Filho completa 50 anos de dedicação ao estudo do tema. O livro, inclusive, está entre os lançamentos da Imprensa Oficial Graciliano Ramos na 11ª Bienal do Livro de Alagoas, que conta com um catálogo especial voltado ao tema desta edição, a confluência da ancestralidade África-Brasil. 

A iniciativa de reedição é uma parceria entre a Fundação Astrojildo Pereira e a Imprensa Oficial, com os apoios da Fundação Casa de Jorge Amado, da Bahia, e do Centro de Excelência Nelson Mandela, de Sergipe.

Mais do que um livro de história, “Memorial” é resultado de uma vida inteira dedicada à pesquisa, como atesta o escritor. “Eu apresentei, no final de 1974, um projeto à Escola de Altos Estudos de Paris com o objetivo de examinar a história de Palmares, que significou, para mim, um mergulho na realidade brasileira”, recorda Ivan. 

Entusiasmado, o historiador reuniu documentos, analisou relatos e construiu uma leitura que compreende Palmares como um marco da formação nacional brasileira, um espaço de resistência que uniu negros, indígenas e brancos pobres contra o regime escravista. 

Para Ivan, a obra – que será lançada no dia 4 de novembro, às 16h, no estande da Imprensa Oficial – ganhou um valor sentimental com o passar dos anos. “Palmares não é simplesmente um objeto de estudo para mim: é um compromisso de vida, tão importante quanto aquele que eu tenho com a minha família, os meus amigos mais próximos e os meus companheiros de atuação política”, garante Ivan. 

A nova edição, portanto, reflete o amadurecimento do historiador e o avanço das pesquisas sobre o tema. “Tivemos muitas atualizações ao longo de todos esses anos, porque aquele jovem que se debruçou sobre a história de Palmares na década de setenta amadureceu do ponto de vista das suas leituras e da nova documentação”, explica o autor, que já confirmou presença em mais uma Bienal.

 

Ainda segundo Ivan, o livro é também um instrumento de consciência histórica. “Eu espero que o público de Alagoas, os jovens estudantes e o cidadão em geral possam encontrar em Memorial dos Palmares algumas referências para o entendimento da própria trajetória brasileira. Afinal, cabe ao historiador ser o guardião da memória, reelaborando-a para devolvê-la ao povo. E eu me propus a fazer exatamente isso”, destaca. 

O autor reforça, ainda, a importância da parceria com a editora alagoana. “A Imprensa Oficial Graciliano Ramos tem um papel primordial na divulgação da cultura brasileira e, em particular, da cultura afro-brasileira. É sempre uma honra constar de um catálogo que tem também Jorge de Lima e Lêdo Ivo, figuras de proa da cultura nacional. Isso revela a força do estado de Alagoas, da cultura negra no estado. E nem preciso dizer que a primeira luta de classes brasileira se desenrolou em solo alagoano, que, à época, era o extremo sul de Pernambuco, por intermédio justamente do Quilombo dos Palmares, que foi um dos fatos históricos mais marcantes da nossa história. Então, é uma alegria muito grande ver o esforço do Governo de Alagoas em mergulhar cada vez mais nesse riquíssimo universo da cultura afro-brasileira”. 

BIENAL DO LIVRO DE ALAGOAS 

O maior evento literário e cultural do estado acontece de 31 de outubro a 9 de novembro, no Centro de Convenções de Maceió, e abre espaço para novos escritores, nascidos ou radicados em Alagoas, apresentarem suas obras. Com o tema “Brasil e África ligados culturalmente nas suas raízes e ritos”, a Bienal valoriza a ancestralidade África-Brasil por meio da música, da culinária, da dança e, principalmente, da literatura.

A Imprensa Oficial Graciliano Ramos participa do encontro com várias rodas de conversa com autores consagrados, além de mais de 20 lançamentos. A programação completa pode ser acessada no site oficial da Imprensa Oficial: www.imprensaoficial.al.gov.br.

*Sob supervisão