Alagoas

Eleições: campanhas marcam presença fria e digital

Redação 26/08/2024
Eleições: campanhas marcam presença fria e digital
Políticos se restrigem à propaganda nas redes sociais, onde o alcance é limitado ao algoritmo de seus perfis nos aplicativos - Foto: Reprodução

A 40 dias do pleito de 2024, o cenário eleitoral em Alagoas revela um quadro atípico, distante das campanhas vibrantes e calorosas do passado. Em um estado onde as eleições costumavam ser marcadas por intensa mobilização nas ruas, com jingles ecoando pelos bairros e militâncias ativas, o que se vê hoje é um ambiente marcado pela apatia tanto dos eleitores quanto dos candidatos.

As campanhas, agora, se resumem a postagens nas redes sociais e a visitas esporádicas aos bairros, em uma tentativa de manter algum contato direto com o eleitorado. No entanto, essa estratégia digital, embora moderna, enfrenta desafios significativos. O alcance orgânico das redes sociais, com seus algoritmos restritivos, atinge apenas cerca de 5% dos seguidores de um candidato. Isso significa que, apesar da visibilidade virtual, o impacto real dessas campanhas é questionável.


Em cidades como Arapiraca, a segunda maior do estado, a falta de motivação é ainda mais evidente. Os candidatos, tanto majoritários quanto proporcionais, parecem estar à mercê da espera pela liberação dos recursos do fundo partidário, o que tem atrasado a intensidade das campanhas. Sem capital para investir em ações mais robustas, muitos políticos limitam-se a utilizar as redes sociais para promover suas imagens e propostas, mas com resultados limitados.


A ausência dos tradicionais carros e motos de som, que outrora percorriam as ruas com jingles e mensagens dos candidatos, é um reflexo não apenas da modernização das campanhas, mas também da realidade econômica. Com os preços elevados da gasolina, manter esse tipo de propaganda tornou-se inviável para muitos candidatos, especialmente aqueles que já estão descapitalizados.


O fenômeno da apatia generalizada é preocupante. Não se trata apenas de uma indiferença por parte dos eleitores, mas também de um desinteresse visível entre os próprios candidatos. O que antes era uma disputa acirrada, com comícios cheios de fervor, agora se traduz em um jogo de aparências nas redes sociais, onde quem possui mais seguidores parece levar vantagem, mesmo que o engajamento real seja baixo.


A falta de entusiasmo também se reflete na espera pelos grandes apoiadores, que ainda não se manifestaram de forma significativa, e pela liberação dos recursos do fundo partidário, que muitos acreditam ser a última esperança para dar um fôlego às campanhas.


Com o tempo correndo, resta saber se esse marasmo eleitoral será quebrado nas semanas que antecedem o pleito ou se as eleições de 2024 em Alagoas ficarão marcadas pela frieza e desmotivação. O que está em jogo é não apenas o futuro político do estado, mas também a credibilidade de um processo eleitoral que, ao menos até agora, parece ter perdido o calor humano e a energia que sempre caracterizaram as disputas eleitorais na região.

Com gasolina a R$6 propaganda em carro de som é coisa do passado; jingle agora é pelo mensageiro whatsaap
Com gasolina a R$6 propaganda em carro de som é coisa do passado; jingle agora é pelo mensageiro whatsaap


A Revolução da campanha digital nas eleições 2024


As eleições de 2024 em Alagoas estão sendo definidas por uma mudança significativa na maneira como os candidatos se conectam com o eleitorado: a campanha digital. Com o avanço da tecnologia e a popularização das redes sociais, as tradicionais estratégias de campanha eleitoral, como comícios, panfletagens e carreatas, estão sendo substituídas, ou ao menos complementadas, por uma abordagem mais moderna e digital.


O Poder das Redes Sociais


A campanha digital permite que candidatos alcancem um grande número de eleitores em questão de segundos. Facebook, Instagram, WhatsApp e TikTok tornaram-se as principais arenas de disputa política, onde candidatos buscam não apenas visibilidade, mas também engajamento. Postagens cuidadosamente elaboradas, vídeos curtos e lives são as novas armas na luta por votos.


No entanto, essa transição para o ambiente digital não vem sem desafios. O algoritmo das redes sociais, por exemplo, é um obstáculo importante. Mesmo que um candidato tenha milhares de seguidores, o alcance orgânico de suas postagens é limitado, com apenas uma pequena porcentagem desses seguidores visualizando o conteúdo sem a necessidade de impulsionamento pago. Isso significa que, para atingir um público mais amplo e diversificado, os candidatos precisam investir em publicidade paga nas plataformas, o que nem sempre é viável, especialmente para aqueles com orçamentos de campanha reduzidos e pelas limitações da justiça eleitoral.

Mesmo em tempos digitais o velho e poderoso santinho ainda é eficaz
Mesmo em tempos digitais o velho e poderoso santinho ainda é eficaz

O Novo Jogo de Influência

A campanha digital também mudou o jogo de influência. Hoje, quem tem mais seguidores nas redes sociais parece ter uma vantagem inicial, pois a presença online se traduz em visibilidade e, teoricamente, em maior influência sobre os eleitores. No entanto, essa visibilidade nem sempre se converte em votos, uma vez que o engajamento real é muitas vezes superficial, limitado a curtidas e comentários que não necessariamente refletem o apoio nas urnas.

Além disso, a campanha digital criou um cenário onde a imagem e a narrativa pessoal de cada candidato são fundamentais. As redes sociais permitem que candidatos humanizem suas campanhas, compartilhando momentos do dia a dia, interagindo diretamente com eleitores e respondendo a críticas em tempo real. Essa proximidade aparente pode ser um diferencial importante, especialmente em uma época em que a política tradicional está sendo questionada.


Desafios e Limitações


Apesar de todas as vantagens, a campanha digital apresenta sérias limitações. O alcance digital, por mais poderoso que seja, ainda não substitui completamente o contato pessoal, que é crucial em muitas regiões de Alagoas. As zonas rurais, por exemplo, onde o acesso à internet pode ser limitado, ainda dependem muito de campanhas mais tradicionais. Além disso, o uso excessivo de redes sociais pode levar a um distanciamento do eleitorado mais velho, que talvez não esteja tão inserido no ambiente digital.

Outro desafio é a disseminação de fake news e a manipulação de informações, que se tornaram questões críticas em campanhas digitais. A facilidade com que informações podem ser compartilhadas e a dificuldade de controlar o que circula nas redes exigem dos candidatos um cuidado redobrado na construção de suas campanhas, além de um constante monitoramento do que está sendo dito sobre eles.