Vida e Saúde
Dimas Covas, ex-Butantan, assume cargo de cientista-chefe na Sinovac no Brasil
Pesquisador anuncia novos estudos e desenvolvimentos no país; Sinovac já confirmou investimento de R$ 100 milhões no Brasil
Dimas Covas, médico hematologista e ex-diretor do Instituto Butantan durante a pandemia de Covid-19, foi anunciado como novo cientista-chefe de pesquisa, desenvolvimento e inovação da farmacêutica chinesa Sinovac no Brasil. A empresa é responsável pela criação da vacina Coronavac, a primeira disponibilizada em larga escala no país em 2021, durante a emergência sanitária do coronavírus. Segundo Covas, o acordo também prevê o desenvolvimento de novos imunizantes.
— É um desafio muito grande desenvolver produtos inovadores, que ainda não estão no mercado, mas que certamente representarão a nova onda da biotecnologia — destaca Covas. — As áreas tradicionais da Sinovac são as vacinas, mas a empresa está fazendo um grande esforço de adaptação para as novas tecnologias, investindo fortemente em RNA mensageiro.
De acordo com Covas, o foco inicial será o desenvolvimento de vacinas contra infecções, segmento tradicional na medicina, além de outras linhas de pesquisa. As terapias celulares e gênicas também devem ganhar destaque, especialmente no tratamento de tumores e doenças raras — áreas que mais se beneficiam desse tipo de abordagem.
Apesar de visitas recentes a Pequim para tratar da instalação da Sinovac no Brasil, Covas permanecerá no país. Para assumir o novo cargo, licenciou-se da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP).
— Vamos realizar os estudos clínicos aqui no Brasil. Isso já está previsto e deve começar em breve — afirma Covas. — Já posso adiantar, por exemplo, que vacinas de RNA em fase clínica de desenvolvimento na China serão trazidas para cá, como uma opção para herpes zoster.
No ano passado, durante reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin, a Sinovac anunciou um investimento de R$ 100 milhões no Brasil. Parte desse montante será destinada à instalação da empresa no país, prevista para os próximos meses, com operações concentradas no estado de São Paulo.
— Queremos trazer inovação para cá — reforça Covas.
Segundo o pesquisador, a empresa está em fase de formação de equipe no Brasil, com profissionais já atuando na área de planejamento. A expectativa inicial é reunir cerca de 50 colaboradores na área de pesquisa e desenvolvimento, sendo 30% deles doutores.
Na semana passada, a Sinovac firmou duas parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDPs) no Brasil, que integrarão a estrutura produtiva do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Uma delas visa a produção da vacina contra varicela e a outra, da raiva, em parceria com o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar).
Figura central no combate à pandemia de Covid-19 no Brasil, Dimas Covas permaneceu à frente do Instituto Butantan até novembro de 2022, após cinco anos de gestão. Na ocasião, deixou o cargo para assumir a diretoria-executiva da Fundação Butantan, com foco em gestão institucional.
Na época da transição, contratos de softwares assinados por Covas foram alvo de investigação pelo Tribunal de Contas do Estado, sob suspeita de possíveis irregularidades. Procurado pelo GLOBO, o órgão informou que os processos seguem abertos, sem julgamento final. Covas afirma que a última manifestação sobre o caso ocorreu em 2023.
Mais lidas
-
1DEFESA NACIONAL
'Etapa mais crítica e estratégica': Marinha avança na construção do 1º submarino nuclear do Brasil
-
2ECONOMIA GLOBAL
Temor dos EUA: moeda do BRICS deverá ter diferencial frente ao dólar
-
3CRISE INTERNACIONAL
UE congela ativos russos e ameaça estabilidade financeira global, alerta analista
-
4REALITY SHOW
'Ilhados com a Sogra 3': Fernanda Souza detalha novidades e desafios da nova temporada
-
5FUTEBOL INTERNACIONAL
Flamengo garante vaga na Copa do Mundo de Clubes 2029 como quinto classificado