A 20ª edição do Festival de Cinema Italiano desembarca no Brasil a partir desta quarta-feira (29), celebrando duas décadas de exibição e difusão da cinematografia italiana no país.

Desde sua primeira edição, em 2005, o evento — que une arte, cultura e intercâmbio — consolidou-se como uma ponte vibrante entre Brasil e Itália, sob curadoria e produção de Erica Bernardini e Nico Rossini.

Nesta edição especial — que se estenderá até 29 de novembro de 2025 —, o tema é "Cinema che racconta, i maestri che ispirano" (O cinema que conta, os mestres que inspiram), uma homenagem aos grandes nomes do passado e do presente que moldaram a sétima arte.

"O festival me trouxe tantos presentes ao longo desses anos e chegar, após 20 anos, no Brasil inteiro, em lugares que eu nunca tinha ouvido falar, é extremamente gratificante. É emocionante", celebrou Bernardini à ANSA, destacando estar "muito feliz", principalmente porque "se apaixonou pelo cinema por conta dessa mostra".

Com programação totalmente gratuita e formato híbrido — presencial, em mais de 100 salas de cinema por todo o país, e também online —, o festival reúne 12 estreias inéditas no Brasil e uma retrospectiva de 12 obras clássicas fundamentais. Neste ano, marcará presença em estados como Amapá e Rondônia pela primeira vez.

"Os números são de uma dimensão muito grande. Com certeza é o festival mais democrático que tem nesse país, porque ele é o único gratuito e em duas plataformas diferentes, online e em salas de cinema", destacou Bernardini, lembrando que a mostra combina obras inéditas e grandes clássicos italianos.

Na "Seção Inéditos", o público poderá conferir algumas das produções mais esperadas do cinema italiano contemporâneo, como "L'Abbaglio" (A Ilusão), de Roberto Andò, estrelado por Tony Servillo; "Hey Joe", de Claudio Giovannesi, estrelado por James Franco, além do road movie "Le Città di Pianura" (A Última Rodada), de Francesco Sossai.

Já a "Seção Retrospectiva" homenageia os grandes maestros do cinema italiano, trazendo de volta às telas obras que marcaram a história da sétima arte. Entre os destaques, estão "Ladri di Biciclette" (Ladrões de Bicicletas), de Vittorio De Sica, marco do neorrealismo; "Paisà", de Roberto Rossellini, que narra em episódios a libertação da Itália na Segunda Guerra e "L'Amore in Città" (Amor na Cidade).

Para Bernardini, a curadoria nunca é uma tarefa simples, mesmo sendo este o maior festival de cinema italiano da América Latina: "Eu queria que fossem mais filmes, mas eu procuro sempre fazer uma seleção que possa agradar todo mundo. Então tem drama, comédia, histórias reais, além dos grandes clássicos, inéditos, de diretores consagrados e estreantes".

De acordo com ela, a sessão retrospectiva "traz filmes que marcaram seu tempo, mas que continuam atuais" e "isso é o mais incrível".

"Por um lado, são assuntos que ainda devem ser abordados porque são ainda urgentes, como conflitos, racismo, essa busca por outras terras porque estão em guerra. E o mundo vive tudo isso hoje: a não aceitação, a intolerância", disse Bernardini, enfatizando que "esses mestres deixaram um legado para os mestres de hoje".

A curadora destacou ainda que, entre os principais filmes, há obras que abordam temas sensíveis, como autismo, maternidade e histórias de superação, oferecendo um panorama do que a indústria cinematográfica italiana produziu entre 2024 e 2025, desde grandes produções a filmes independentes.

Sobre a retrospectiva, garantiu que "mestres são mestres" e isso "é indiscutível", portanto seus trabalhos precisam ser vistos: "Vão com certeza cativar o público brasileiro", concluiu.

Como já é tradição, o filme mais assistido no streaming durante o Festival será coroado com o Prêmio Pirelli de Cinema Italiano.