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Casa Fiat apresenta mostra inédita de Niki de Saint Phalle

Artista franco-americana marcou a arte do século XX

Redação ANSA 30/09/2025
Casa Fiat apresenta mostra inédita de Niki de Saint Phalle
Casa Fiat de Cultura revela o universo criativo e instigante de Niki de Saint Phalle - Foto: © ANSA/Foto Divulgação

A Casa Fiat de Cultura recebe, até 2 de novembro de 2025, uma exposição inédita no Brasil com os trabalhos da artista franco-americana Niki de Saint Phalle, que marcou a arte do século XX com obras que desafiam preconceitos, rompem silêncios e celebram a liberdade das mulheres.

A mostra "Niki de Saint Phalle. Sonhos de Liberdade" reúne 67 obras, sendo 66 do acervo do Museu de Arte Moderna e Arte Contemporânea de Nice (MAMAC), na França, e uma obra da Pinacoteca do Estado de São Paulo, que sai pela primeira vez do museu desde que foi adquirida, em 1997.

Com curadoria de Olivier Bergesi e Hélène Guenin, a exposição propõe uma leitura ampla da trajetória de Niki de Saint Phalle (1930-2002), considerada visionária, provocadora e profundamente engajada. A mostra integra a Temporada França-Brasil e reúne esculturas, assemblages e as icônicas Nanas, além de instalações imersivas.

Os trabalhos refletem fases marcadas por experimentação, dor, denúncia social e celebração da diversidade. Além das obras de grande porte, o público terá contato com registros audiovisuais e ambientações que dialogam com sua linguagem visual.

Um dos destaques é a presença das Nanas infláveis, vindas diretamente do Jardim dos Tarôs, construído na Toscana, na Itália. Inspirado nos 22 arcanos maiores do tarô, o parque começou a ser erguido em 1979 e abriga esculturas monumentais revestidas com mosaicos de vidro, espelhos e cerâmica. O projeto foi concebido como uma obra de arte total, na qual arquitetura, mitologia, espiritualidade e imaginação se fundem.

Outra experiência imersiva será proporcionada pela instalação Le Mur de la Rage (O Muro da Raiva), que convida visitantes a escreverem suas próprias razões de indignação, em diálogo com a lista de temas que motivaram a artista, como racismo, injustiça e violência.

Para o presidente da Casa Fiat de Cultura, Massimo Cavallo, a trajetória e a obra de Niki ressoam com força e atualidade, intensificando o entusiasmo da Casa Fiat de Cultura em participar desse encontro cultural entre França e Brasil.

"Ao realizar essa exposição, renovamos o compromisso com a diversidade e a inovação, e com a construção de pontes entre tempos, territórios e públicos. Mais do que apresentar obras que pela primeira vez chegam no Brasil, oferecemos um encontro transformador com uma artista que usou a arte para reescrever a própria história e desafiar o mundo a fazer o mesmo", destaca.

Trajetória

Nascida Catherine-Marie-Agnès Fal de Saint Phalle, na cidade de Neuilly-sur-Seine, na França, Niki de Saint Phalle era filha de um banqueiro francês e de uma artista americana. Sua infância foi marcada por um ambiente familiar rígido e violento, e por um episódio de abuso sexual ainda criança, que a acompanhara por toda a vida.

A pintura, descoberta após uma crise nervosa e um período de internação numa clínica em Nice, na França, tornou-se sua forma de cura, de expressão e libertação. A arte foi seu refúgio.

No início da década de 1960, ela se aproximou dos artistas do movimento Nouveau Réalisme (Novo Realismo), como Pie rre Restany, Yves Klein, Arman e Jean Tinguely — que, mais tarde, tornou-se seu marido. O movimento buscava aproximar arte e vida, incorporando objetos e materiais do cotidiano, muitas vezes, com forte carga crítica e irônica sobre a sociedade de consumo e a cultura de massas.

Niki foi uma das primeiras mulheres a participar da vanguarda artística de meados do século XX. Como mulher, rompeu barreiras, ao ocupar um espaço de protagonismo criativo em um grupo amplamente masculino, abordando temas como feminilidade, sexualidade, maternidade e opressão, e por introduzir uma abordagem pessoal, performática e política no debate artístico.

O trabalho de Niki de Saint Phalle se estendeu por cerca de cinco décadas, do final dos anos 1950 ao início dos anos 2000.

Suas obras integram importantes acervos internacionais, como o MAMAC (Museu de Arte Moderna e Arte Contemporânea de Nice), o MAM (Museu de Arte Moderna de Paris), o Museu Sprengel, na Alemanha, o MoMA (Museu de Arte Moderna, em Nova York), o Museu de Arte Moderna de São Francisco, além do Jardim dos Tarôs, na Itália.

A artista faleceu de pneumonia, aos 71 anos, em 21 de maio de 2002, na cidade de La Jolla, no sul da Califórnia, mas deixou grande legado: uma arte que tem o poder de transformar.

Serviço

Exposição "Niki de Saint Phalle. Sonhos de Liberdade".

Período: até 2 de novembro de 2025.

Local: Casa Fiat de Cultura - Praça da Liberdade, 10, Funcionários - Belo Horizonte - MG.

Horário: terça a sexta, das 10h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h (fechada às segundas).

Entrada gratuita.