Variedades
Séries de literatura e de cinema marcam fim de semana cultural na Fundação Maria Luisa e Oscar Americano

No dia 04 de outubro (sábado), das 10h30 às 13h30, a Fundação Maria Luisa e Oscar Americano segue com sua Série Literária, em que serão homenageados dois poetas de universos bastantes diferentes. A primeira palestra, “Uma didática da invenção”, fala sobre Manoel de Barros e será de Bianca Ramoneda – jornalista, atriz, produtora e diretora. Na sequência, para falar de Dante Alighieri na palestra “A vida sempre nova de um clássico”, estará Eduardo
Bianca destaca, entre os muitos trunfos de Manoel de Barros, a capacidade de trazer com clareza, beleza, humor e simplicidade assuntos tocantes e complexos, “algo muito sofisticado e que apenas bons autores conseguem fazer sem serem pedantes”, explica ela. “Além de ser um dos maiores poetas brasileiros, é um autor que pode nos proporcionar conexões essenciais com temas contemporâneos, como o excesso de produtividade e de consumo estimulados por uma sociedade voltada para o capital, o valor atribuído somente ao que é útil, a ansiedade gerada por tudo isso, a urgência em ouvir o meio ambiente e os desafios da comunicação em uma época de empobrecimento das sintaxes e multiplicação de imagens”, conclui Ramoneda.
Para Eduardo Sterzi, os poetas Dante Alighieri e Manoel de Barros possuem pontos em comum porque são, antes de tudo, leitores de poesia. “Considerando traços que os unem, eu destacaria a relevância que ambos os autores conferiram à infância, em suas obras, como momento de irrupção da poesia como mistério que depois exige a escrita para se revelar”, explica o professor de teoria literária.
Para ele, a genialidade de Dante Alighieri está na arte de fazer caber seu mundo inteiro em um poema. “Dante tem a capacidade de criar imagens tão marcantes que parecem antecipar até o cinema, arte caracteristicamente moderna - ou, antes, que parecem exigir a invenção de uma arte das imagens em movimento para dar conta de uma imaginação tão vívida (nossa ideia do Inferno vem mais de Dante do que de qualquer livro propriamente religioso e ainda está viva em grande parte dos momentos infernais de filmes de ação ou terror)”, reflete Sterzi.
Bianca Ramoneda é formada em Jornalismo pela UERJ e fez o curso profissionalizante de Artes Cênicas na Casa das Artes de Laranjeiras. Começou a carreira jornalística na Rede Manchete como estagiária, passando pelas emissoras de rádio e televisão e pelas revistas da casa. Participou, como atriz, do filme As Meninas, de Emiliano Ribeiro, baseado no romance de Lygia Fagundes Telles. Publicou o livro Só (Rocco, 1997), que concorreu ao Prêmio Nestlé de Literatura. Estreou na GloboNews em 1998, já como apresentadora no programa Starte, primeira atração do canal pago a ser gravado em alta definição. Participou, ainda, da série Grandes Atrizes e Grandes Atores, entrevistando alguns dos principais nomes da dramaturgia brasileira.
Eduardo Sterzi é professor livre-docente de teoria literária na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e bolsista de produtividade em pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Publicou, entre outros, Por que ler Dante (2008), A prova dos nove: alguma poesia moderna e a tarefa da alegria (2008) e Saudades do mundo: notícias da Antropofagia (2022). Como poeta, é autor de Prosa (2001), Aleijão (2009) e Maus poemas (2016). Também atua como curador de exposições, entre as quais se destacam Variações do corpo selvagem: Eduardo Viveiros de Castro, fotógrafo e Desvairar 22, ambas com Veronica Stigger (e a segunda também com Marta Mestre).
No dia 05 de outubro, domingo, a partir das 14h30, dando continuidade à “Série Cinema Brasileiro: um olhar historiográfico” da Fundação, Gabriel Carneiro, doutor em história do cinema brasileiro, irá promover um encontro sobre “O legado das vanguardas no cinema brasileiro”.
Carneiro explica que o tema foi escolhido por ser difícil pensar na história e na historiografia do cinema brasileiro sem pensar nesses movimentos de vanguarda. “O Cinema Novo, por exemplo, continua a preencher o imaginário estrangeiro sobre o nosso cinema, bem como as motivações por trás desses movimentos continuam a orientar novos profissionais desde os anos 1960. O cinema moderno é nossa pedra de toque. Na conversa, podemos elaborar como isso se desenvolveu à época e como continua um parâmetro no pensamento a respeito do cinema brasileiro”, comenta o jornalista, escritor e pesquisador de cinema.
“A ideia é que conversemos sobre as manifestações do cinema moderno no Brasil, com foco especial nos anos 1960, com o Cinema Novo e o Cinema Marginal. Não só como esses cinemas se desenvolverem no Brasil, apontando a relevância em termos de ruptura de linguagem e de modelo cinematográfico e a importância no cenário mundial, como também apontando as influências no pensamento e na prática do cinema brasileiro posterior”, diz ele.
Gabriel Carneiro
Gabriel Carneiro é jornalista, escritor, crítico e pesquisador de cinema. Doutorando e Mestre em Multimeios pela Unicamp. Sócio fundador da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Escreveu, entre outros, para a Revista de CINEMA e para os sites Cinequanon e Revista Zingu!, do qual foi editor-chefe. Tem textos publicados em livros, coletâneas e catálogos diversos. Coorganizou os livros “Animação brasileira” (2018, 2025), “Curta brasileiro” (2019) e “Cinema fantástico brasileiro” (2024), pertencentes à coleção “100 Filmes Essenciais”. Dirigiu e escreveu os curtas “Aquela rua tão Triumpho” (2016) e “Memória Presença” (2021), entre outros. Estreou no romance com “Olhando para as estrelas só vejo o passado” (Patuá, 2023).
SERVIÇO
SÉRIE LITERÁRIA - "Vamos falar de Manoel de Barros & Dante Alighieri” | 04/10
Manoel de Barros: Uma Didática da invenção, com Bianca Ramoneda
Dante Alighieri: A vida sempre nova de um clássico, com Eduardo Sterzi
04 de outubro, sábado, das 10h30 às 13h30
Ingressos à venda on-line, pelo Sympla. R$100.
SÉRIE CINEMA BRASILEIRO: UM OLHAR HISTORIOGRÁFICO | 05/10
“O legado das vanguardas no Cinema Brasileiro”, com Gabriel Carneiro
05 de outubro, domingo, das 14h30 às 16h
Ingressos à venda on-line, pelo Sympla. R$100.
Local: Fundação Maria Luisa e Oscar Americano - Av. Morumbi, 4077 - São Paulo
Funcionamento: Terça a domingo, das 10h às 17h30. Valet no local (R$25,00).
Mais informações: https://www.
Fundação Maria Luisa e Oscar Americano - Criada em 1974, dois anos após o falecimento de Maria Luisa, a organização é uma contribuição de Oscar Americano à capital do estado. Além da casa em que viveram com os filhos durante 20 anos, a coleção de obras de arte e o extenso parque também foram disponibilizados para a cultura e o lazer dos moradores da cidade de São Paulo. Hoje, essa fundação artístico-cultural oferece ao público visitas guiadas, concertos, exposições, cursos e várias atividades culturais focadas na história do nosso país e nas diversas fases que constituem o Brasil – o objetivo cultural e socioeducativo da Fundação Maria Luisa e Oscar Americano é o seu legado.
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