Variedades
Maestro redefiniu a ópera nos EUA
O mundo musical recebeu na quarta-feira, 17, a notícia da morte do maestro norte-americano James Levine, aos 77 anos, ocorrida no dia 9 de março. Não foram fornecidos nem a causa nem os motivos que levaram o fato a ser anunciado apenas agora.
Levine esteve à frente da Metropolitan Opera de Nova York entre 1973 e 2017. Sua saída foi motivada por conta de denúncias de assédio sexual publicadas pelo jornal New York Post. Na ocasião, músicos e regentes falaram sobre os casos, ocorridos nos anos 1980 e 1990, em cidades como Chicago.
Uma investigação realizada pelo Metropolitan descobriu “evidências críveis” de “conduta abusiva” e a companhia o demitiu em 2018. Levine respondeu com um processo, finalizado no ano passado após um acordo no qual recebeu US$ 3,5 milhões.
Em seu lugar, assumiu o jovem maestro canadense Yannick Nézét-Séguin, que prometeu, no repertório e nas relações internas, inaugurar uma nova era para a companhia.
Nascido em Cincinnati, Levine foi assistente do maestro George Szell na Orquestra de Cleveland, onde passou seis anos, até 1965. E, em 1971, regeu pela primeira vez como convidado na Metropolitan Opera, da qual se tornaria principal regente dois anos depois.
Sua chegada a Nova York deu início a uma das parcerias mais frutíferas do mundo lírico. De um lado, mexeu no repertório: o maestro ampliou a escolha de títulos, em especial em direção ao repertório do começo do século 20. De outro, instituiu uma rotina de trabalho de ensaios obcecados com detalhes.
Em seu livro sobre a história da companhia, Molto Agitato, Johanna Fiedler relata os longos ensaios, nos quais Levine trabalhava compasso a compasso. “Levine sabe treinar uma orquestra melhor do que ninguém. E isso exige enorme energia. Ele tem paciência para tratar de cada passagem musical sem se preocupar tanto, como outros regentes, com explicações e orientações abstratas sobre o cosmos”, afirmou um músico para a autora.
O resultado da atenção ao detalhe, no entanto, resultava, durante as apresentações, em uma visão de conjunto excepcional. Seja na ópera italiana do século 19, seja em Richard Strauss ou Alban Berg, ele sabia construir arcos dramáticos que subentendiam leituras profundamente teatrais. E era adorado pelos cantores, a quem dava o espaço necessário para criar interpretações pessoais.
Levine também dirigiu a Filarmônica de Munique e a Orquestra Sinfônica de Chicago. Foram períodos curtos, tanto pela atenção que dava ao Metropolitan como pelos problemas de saúde – em especial um tremor nas mãos e pernas – que, nos últimos dez anos, o foram afastando gradualmente dos palcos, antes que as denúncias de assédio colocassem de vez um ponto final em sua carreira.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Autor: João Luiz Sampaio, especial para o Estadão
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