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Polícia pede prisão de passeador que agrediu cadela no Leblon

Segundo o delegado da DPMA, o suspeito foi identificado como Israel Marcos Ferreira de Souza; ele trabalhava como passeador de cães em uma empresa de pet na Zona Sul do Rio

Agência O Globo - 24/11/2025
Polícia pede prisão de passeador que agrediu cadela no Leblon
- Foto: Ilustração de IA

Uma cena de 51 segundos chocou moradores e mobilizou a polícia. As imagens do circuito interno de um prédio no Leblon, na Zona Sul do Rio, mostram o momento em que a cadelinha Xena, de 13 anos, é puxada com força pelo pescoço e arrastada pelo passeador dentro do elevador. Em determinado momento, o agressor, identificado pela polícia como Israel Marcos Ferreira de Souza, de 25, tensiona a guia de modo que o animal chega a perder o equilíbrio e fazer xixi por medo. A violência, registrada na sexta-feira, só foi descoberta horas depois, quando o síndico do edifício revisava gravações e se deparou com o episódio. Israel, que era funcionário da empresa Happy Dog, foi demitido após a repercussão do caso e teve a prisão decretada por maus-tratos.

O vídeo foi enviado à tutora da cadela, Talita Veloso, que está nos Estados Unidos. Ela só recebeu as imagens cerca de 24 horas após a agressão, quando não havia mais possibilidade de flagrante. Xena estava sob os cuidados do ex-marido de Talita, que decidiu levar a cadela para Teresópolis imediatamente após ver as cenas, numa tentativa de reduzir o estresse do animal. A prioridade do ex- casal, segundo Talita, foi afastá-la do ambiente e proporcionar acolhimento antes de buscar a polícia.

— A Xena é minha filha. A empresa que cuidava dela é familiar, sempre foram muito queridos com ela. Não existe culpa da dona da empresa. A culpa é do monstro que fez isso com a minha cachorra — disse Talita.

Ela também explicou que a denúncia não foi imediata porque viu as imagens com 24 horas de atraso, o que inviabilizou o flagrante. Xena foi levada ao veterinário e fará exames adicionais na traqueia nesta segunda-feira.

Inquérito e pedido de prisão

A ocorrência foi registrada inicialmente na 14ª DP (Leblon) e, posteriormente, encaminhada à Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), onde o delegado titular André Prates instaurou inquérito no sábado. No mesmo dia, Prates pediu a prisão preventiva de Israel por maus-tratos — crime cuja pena varia de dois a cinco anos. O pedido incluía ainda medidas cautelares, entre elas a proibição de trabalhar em locais que lidam com animais.

— Estamos com o inquérito em andamento. Estamos colhendo todas as provas. Devemos encerrar esse caso até o fim da semana — afirmou o delegado.

Segundo a polícia, Israel, morador da Rocinha, não possui antecedentes criminais. Ele foi demitido imediatamente pela empresa após a repercussão das imagens. Nesta terça-feira, a polícia irá ouvir o ex-marido de Talita, responsável temporário por Xena, e a dona da empresa Happy Dog e a tutora.

'Extremamente amada'

Desde o ocorrido, Talita tem usado as redes sociais para esclarecer pontos que vinham sendo motivo de especulação. Em uma série de vídeos, ela defendeu a empresa contratada, afirmou que não culpa a proprietária e pediu que a “caça às bruxas” cesse.

Ela também explicou que Xena sempre foi uma cadela de porte pequeno, idosa e com peso estável entre 10 e 12 quilos, e disse que os comentários sobre suposto descuido não condizem com a realidade. Segundo ela, a cadela tem alimentação orgânica, ração especial, iogurte natural, proteínas variadas e comida disponível durante todo o dia.

— A Xena é extremamente amada. Sempre foi bem cuidada. O que aconteceu foge completamente ao que a gente poderia prever — afirmou.

A tutora também disse que vinha sendo criticada por ter contratado passeadores, mas explicou que a prática é recomendação veterinária, já que Xena não faz necessidades dentro de casa e precisa de rotina para evitar desconfortos. Ela reforçou que a cadela nunca apresentou sinais claros de maus-tratos, embora não gostasse particularmente de Israel, o que ela atribuía à personalidade do animal.

Empresa diz que episódio “não representa” sua atuação

A Happy Dog divulgou uma carta aberta nas redes sociais condenando a agressão. No texto, a proprietária relembra sua trajetória como diarista e afirma ter fundado a empresa “para oferecer amor aos cães”, classificando o comportamento de Israel como uma “conduta inaceitável”. Ela diz que o funcionário não havia apresentado comportamento suspeito anteriormente e foi desligado imediatamente.

“Fomos surpreendidos por uma atitude que não nos representa. Estamos dando suporte aos tutores e tomando todas as medidas cabíveis”, diz o comunicado.