O Theatro Municipal do Rio de Janeiro recebeu, nesta terça-feira, uma missa de sétimo dia em homenagem aos quatro policiais assassinados durante a megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, que resultou em 121 mortes. Antes do início da cerimônia, a praça da Cinelândia, no Centro, já estava tomada por viaturas de colegas dos agentes. Dezenas de policiais e bombeiros acompanharam a solenidade em clima de comoção.

Dentre os homenageados estava Rodrigo Cabral, que tinha apenas dois meses na corporação e atuava na 39ª DP (Pavuna). Considerado um profissional promissor, Rodrigo foi atingido por um tiro na nuca durante o confronto e não resistiu aos ferimentos. Em suas redes sociais, costumava compartilhar momentos de lazer ao lado da família, especialmente com a esposa e a filha, além de registros em jogos do Botafogo, seu time do coração.

Rodrigo era descrito pela esposa como "o melhor pai, marido e amigo". Em fevereiro de 2024, ela publicou uma homenagem pelos 16 anos de relacionamento, acompanhada de fotos do casal e da filha. Após a tragédia, o texto ganhou novo significado:

“Hoje sinto vontade de agradecer. Agradecer a você, a Deus, à vida, ao universo pelos últimos 16 anos que vivemos juntos. Nossa vida juntos é muito mais do que alguma vez sonhei ter, e tudo que já compartilhamos deixa meu coração orgulhoso. Me sinto muito abençoada por ter você ao meu lado. Te amo, e vou te amar para sempre! Disso pode ter certeza, e cada dia que passa amo mais e mais.”, afirmou a esposa na postagem.

Outro homenageado foi Marcos Vinicius Cardoso Carvalho, conhecido como Máskara entre os colegas. Com 20 anos de carreira na Polícia Civil, ele havia assumido recentemente uma chefia na 53ª DP (Mesquita) e era respeitado pela atuação no combate ao crime organizado, participando diretamente das operações, mesmo em cargos de liderança. Marcos Vinicius foi atingido na cabeça durante a operação. Um áudio gravado por uma policial que o socorria revela o clima de tensão enfrentado pelos agentes:

“Galera, o Máskara foi baleado na cabeça, a gente tá preso aqui na favela, estou pedindo prioridade. Tem que dar uma atenção, é sério, o Máskara foi baleado na cabeça", relatou a policial durante o resgate.

Os sargentos Cleiton Serafim Gonçalves e Heber Carvalho da Fonseca, ambos do Batalhão de Operações Especiais (Bope), também foram vítimas fatais. Serafim, de 42 anos, tinha 17 anos de corporação e deixa esposa e filha. Heber, de 39 anos, atuava há 14 anos na PM e deixa esposa, dois filhos e um enteado. Ambos chegaram a ser socorridos, mas não resistiram. Em nota, o Bope lamentou as perdas:

“Dedicaram suas vidas ao cumprimento do dever e deixam um legado de coragem, lealdade e compromisso com a missão policial militar”, destacou o comunicado da corporação.