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Como funcionam os drones usados pelo tráfico para jogar explosivos em policiais

Equipamento possui uma garra, parecida com máquinas de bichos de pelúcia, para lançar até granadas remotamente

Agência O Globo - 29/10/2025
Como funcionam os drones usados pelo tráfico para jogar explosivos em policiais
- Foto: GettyImages

As imagens de drones controlados por traficantes do Rio jogando explosivos em policiais durante a megaoperação nos complexos da Penha e Alemão, na Zona Norte, representam uma escalada do poderio bélico dos criminosos contra o agentes. A polícia começou a mapear o uso desses equipamentos no ano passado, mas em disputas rivais na região entre o Comando Vermelho e o Terceiro Comando Puro. Outra investigação, da Polícia Federal, mostrou ainda o envolvimento de um cabo da Marinha suspeito de pilotar os drones para o tráfico.

Cadáveres enfileirados:

Castro classifica como 'sucesso' operação com mais de 120 mortos:

Os drones usados pelo tráfico para esse tipo de ataque são modelos que contam com uma espécie de garra adaptada, parecida com aquelas usadas em máquinas de pegar pelúcia. Os criminosos então colocam um explosivo e até granadas sem pino no equipamento. Após levar a aeronave não tripulada até o ponto que querem atingir, remotamente eles abrem essa garra, deixando o explosivo cair.

Investigações da Polícia do Rio já encontraram também que criminosos de outros estados buscam o comércio ilegal na cidade para adquirir o equipamento. Um homem chegou a ser preso em 2024 acusado de tentar levar um drone com garra para Goiás e usar a aeronave para levar produtos ilícitos, como drogas e celulares, a presídios goianos.

Segundo investigações, a primeira vez que o equipamento foi usado foi num ataque dos traficantes do Comando Vermelho do ao Complexo de Israel, controlado pelo TCP. A partir disso, o uso se popularizou entre os criminosos, que viram no equipamento uma chance de aumentar os ataques.

Uma investigação da Polícia Federal ainda apontou que o cabo da Marinha Rian Maurício Tavares Mota pilotava o equipamento para o Comando Vermelho e treinava outros traficantes, além de ajudar na montagem dos drones.

Megaoperação do Rio:

Um dia para não ser esquecido:

"Nós precisamos comprar o dispensador, chefe. É um dispositivo que bota no drone, que ele libera a granada, entendeu? Sendo que vem um cabinho segurando no pino, né? Bota o pino no drone e a granada nesse dispositivo”, enviou em áudio o militar a um traficante, segundo o Fantástico.

Fuzis antidrones

Drones usados por rivais para lançar granadas ou pela polícia para monitorar a movimentação dos traficantes se tornou um incômodo para os chefes das facções fluminenses. Eles começaram a comprar, também ilegalmente, equipamentos antidrones.

Uma operação da Polícia Federal este ano, que atingiu o braço político da facção, mostrou que eles articulavam a compra de fuzis antidrones. Parte dos equipamentos teria sido vendida por Luiz Eduardo Gonçalves da Cunha, o Dudu, ex-assessor do ex-deputado TH Jóias. Dudu aparece em mensagens obtidas pela Polícia Federal intermediando a compra de bazucas antidrones para traficantes do Complexo do Alemão e até se oferecendo a viajar aos Estados Unidos para adquirir os equipamentos. Os dois estão presos e alegam inocência.