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Beira-Mar, preso há 20 anos, segue como chefe do Comando Vermelho, aponta relatório

Documento aponta sua influência, mas órgão que os produziu nega comunicação “não monitorada” dentro de penitenciárias federais

Agência O Globo - 20/10/2025
Beira-Mar, preso há 20 anos, segue como chefe do Comando Vermelho, aponta relatório
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O histórico prisional de Luiz Fernando Moraes da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, nas penitenciárias federais aponta que o criminoso continua chefiando a facção Comando Vermelho, mesmo preso nesse sistema há quase 20 anos. Esse documento, produzido pela Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), com atualização anual, destaca que ele exerce influência negativa sobre os detentos, manipulando-os através de ajuda financeira, advocatícia e de saúde.

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Beira-Mar foi o primeiro detento do sistema penal federal: inaugurou a unidade de Catanduvas, no Paraná, em 2006, onde ficou sozinho por cerca de quatro meses até a chegada de presos de Pernambuco, Minas Gerais e Rondônia. No seu histórico prisional, uma informação de 2018, produzida pela inteligência da Senappen, garantia que, de 2014 a 2016, época em que esteve na penitenciária de Porto Velho, em Rondônia, ele continuava “cometendo crimes, burlando as rígidas regras de segurança das unidades federais” e utilizava “parentes, inclusive advogados, para dar continuidade a suas atividades criminosas”.

Nos anos seguintes, essa conduta se manteve, mesmo com aumento na rigidez do sistema, que, em 2019, tornou o isolamento mais severo e ampliou o controle sobre as comunicações. O documento sinaliza que, em 2022, Beira-Mar continuava “custeando despesas advocatícias para outros presos da Penitenciária Federal de Campo Grande (onde estava naquele momento), especialmente seus aliados da facção Comando Vermelho”, e articulava “negócios extramuros, com a ajuda de visitantes, advogados e outros presos”. Uma atualização em 2023 afirma que ele ainda exercia “liderança negativa perante os presos com quem convive” e apresentava “desgaste psicológico, devido ao longo período” no sistema.

Aterros Rio:

Sem comunicação

Em nota, a Senappen afirmou que “não há qualquer comunicação que não seja monitorada dentro de uma penitenciária federal, todas mediante autorização judicial, sendo as interações acompanhadas em tempo real por policiais penais federais, que atuam com elevado padrão técnico e estrito cumprimento da Lei de Execução Penal”.