Política

Eleições de 2026 podem se tornar plebiscito sobre prisão de Bolsonaro

Decisão do eleitor dividirá cenário entre manutenção da condenação ou possível anistia ao ex-presidente

29/11/2025
Eleições de 2026 podem se tornar plebiscito sobre prisão de Bolsonaro
- Foto: Arquivo

As eleições de 2026 caminham para assumir um caráter plebiscitário em torno do futuro político e jurídico de Jair Bolsonaro. Condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e 3 meses de prisão, o ex-presidente transformou-se no centro indireto do debate eleitoral — mesmo impedido de concorrer.

Na prática, o pleito deve refletir a posição do eleitor sobre a permanência ou a reversão da condenação. Setores da direita ainda não definiram quem será o candidato do campo conservador, mas já indicaram que o nome escolhido deverá assumir publicamente o compromisso de anistiar Bolsonaro. Nesse cenário, o voto nesse grupo seria interpretado como apoio à libertação do ex-presidente.

Já quem optar pelo presidente Lula ou por candidatos alinhados à esquerda estará, objetivamente, respaldando a manutenção da pena imposta pelo STF.

A disputa tende a reativar a polarização que marcou 2022, quando o embate girou menos em torno de propostas concretas e mais na escolha entre continuidade do projeto bolsonarista ou retorno da esquerda ao poder. Naquele ano, a apresentação de programas de governo foi secundária — Lula chegou a admitir que detalhes só seriam revelados após a vitória.

Para 2026, analistas esperavam uma mudança de eixo, com a campanha focada na comparação de projetos: segurança pública como bandeira da direita e expansão dos programas sociais como prioridade da esquerda. Porém, a prisão de Bolsonaro e a manutenção do regime fechado por decisão do ministro Alexandre de Moraes recolocaram o ex-presidente no centro da narrativa eleitoral.

Com isso, o debate programático volta a ser ofuscado e o país se aproxima de uma eleição marcada por um único dilema: decidir se Jair Bolsonaro continuará preso ou se poderá ser anistiado pelo próximo governo.

Cinara Ramos Corrêa

Cinara Ramos Corrêa

É natural de Porto Alegre (RS). Formada em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre; Editora chefe do Portal Tribuna do Sertão com passagens pela Revista Veja, jornal Zero Hora, Rádio Gaúcha (Grupo RBS), Gazeta Mercantil, TV Pajuçara e O Jornal.