Política
Bolsonaro apresenta versões contraditórias sobre violação de tornozeleira eletrônica
Ex-presidente alegou desde acidente em escada até paranoia e uso de medicamentos para justificar danos ao equipamento; STF mantém prisão preventiva
Em menos de 24 horas, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou múltiplas versões para explicar a violação da tornozeleira eletrônica entre a noite de 21 e a madrugada de 22 de novembro. Os relatos de Bolsonaro contrastam não apenas entre si, mas também com documentos oficiais da Secretaria de Administração Penitenciária (SEAPE) e com o depoimento prestado na audiência de custódia.
De acordo com o memorando do Centro Integrado de Monitoração Eletrônica (CIME), o alerta de violação foi registrado às 0h07 do dia 22, momento em que a equipe de escolta foi acionada.
Primeira versão: 'bateu na escada'
Inicialmente, Bolsonaro informou aos policiais penais que o equipamento teria "batido na escada". No entanto, quando a diretora-adjunta do CIME chegou ao local, encontrou a tornozeleira com marcas de queimadura e danos na área de fechamento do case.
Segunda versão: 'meter ferro por curiosidade'
Em vídeo gravado por uma agente da Secretaria, Bolsonaro apresentou outra explicação: afirmou que começou a "meter ferro" na tornozeleira à tarde, motivado por "curiosidade". No registro, não mencionou paranoia, alucinação ou uso de medicamentos. Tanto a motivação quanto o horário divergem do que foi dito à escolta e do que seria relatado posteriormente à Justiça.
Terceira versão: 'paranoia e medicamentos'
Na audiência de custódia, Bolsonaro deu uma terceira versão. Alegou ter tido "certa paranoia" causada pela combinação de remédios receitados por diferentes médicos, relatou "alucinação" ao suspeitar de uma escuta no aparelho e disse que começou a manipular o dispositivo tarde da noite, interrompendo a ação "por volta de meia-noite". Segundo ele, estava acompanhado da filha, do irmão e de um assessor, que dormiam e não presenciaram a manipulação.
A descrição feita na audiência contrasta com as versões anteriores. Apesar do relato de alucinações e alteração de comportamento, não há nos documentos qualquer menção a atendimento médico, pedido de socorro dos familiares ou comunicação prévia à escolta sobre eventual crise.
STF mantém prisão preventiva
Nesta segunda-feira, 24, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, manter a prisão preventiva de Bolsonaro. O relator Alexandre de Moraes afirmou que a violação da tornozeleira representa "falta grave" e destacou que o ex-presidente já descumpriu medidas cautelares anteriores.
Moraes também citou o uso indevido de redes sociais por Bolsonaro, mesmo quando havia restrição judicial, e considerou a conduta como reforço à necessidade da custódia para garantir a ordem pública e a aplicação da lei penal. O ministro Flávio Dino acompanhou o relator e mencionou fugas recentes de aliados investigados — como Alexandre Ramagem e Carla Zambelli — para justificar o risco de evasão. Com a decisão, Bolsonaro permanece detido na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde cumpre prisão preventiva enquanto aguarda o desfecho dos recursos da ação penal da trama golpista, na qual foi condenado a 27 anos e 3 meses.
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