Política

Defesa afirma que Bolsonaro não retirou tornozeleira, alega confusão mental e solicita prisão domiciliar

Advogados do ex-presidente atribuem comportamento a efeitos colaterais de medicamentos e pedem reconsideração da prisão preventiva no STF

23/11/2025
Defesa afirma que Bolsonaro não retirou tornozeleira, alega confusão mental e solicita prisão domiciliar
O ex-presidente Jair Messias Bolsonaro - Foto: Reprodução

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que, apesar de ter queimado a tornozeleira eletrônica, Bolsonaro não chegou a retirar o equipamento. Os advogados reforçaram o que já havia sido relatado pelo ex-presidente em audiência de custódia, destacando “efeitos colaterais em razão das diferentes medicações prescritas”. Segundo a defesa, esses fatores teriam provocado “pensamentos persecutórios e distantes da realidade”.

“Conforme boletim médico divulgado pela imprensa pelos médicos responsáveis pelo acompanhamento do Peticionário, este quadro de confusão mental pode ter sido causado pela interação indevida de diferentes remédios”, argumenta a defesa.

Os advogados Celso Vilardi, Paulo Amador da Cunha Bueno e Daniel Tesser negam que Bolsonaro tenha tentado fugir. “Nada, na ação descrita nos documentos produzidos pela SEAP (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária), narra uma tentativa de fuga ou de desligamento da tornozeleira eletrônica. Muito pelo contrário, expõe um comportamento ilógico e que pode ser explicado pelo possível quadro de confusão mental causado pelos medicamentos ingeridos por Bolsonaro, sua idade avançada e o estresse a que está inequivocamente submetido”, afirmam.

A manifestação foi apresentada em resposta ao ministro Alexandre de Moraes, que havia dado 24 horas para que a defesa esclarecesse o episódio envolvendo a queima da tornozeleira. Moraes determinou a prisão de Bolsonaro no sábado, alegando risco de fuga.

Após as explicações ao STF, a defesa de Bolsonaro solicitou que o ministro Alexandre de Moraes reconsidere a decisão que decretou a prisão preventiva e volte a analisar o pedido de prisão domiciliar humanitária para o ex-presidente.

Visita dos médicos

O cardiologista Leandro Echenique e o cirurgião geral Claudio Birolini, que acompanham o quadro de saúde de Bolsonaro, informaram ao STF que visitaram o ex-presidente na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, na manhã deste domingo, 23.

Segundo os médicos, durante a avaliação, Jair Bolsonaro estava estável e passou a noite sem intercorrências. Eles relataram que, na sexta-feira, 21, o ex-presidente apresentou “quadro de confusão mental e alucinações, possivelmente induzidos pelo uso do medicamento Pregabalina, receitado por outra médica, com o objetivo de otimizar o tratamento”.

De acordo com os profissionais, o medicamento foi prescrito sem o conhecimento dos demais integrantes da equipe médica.

No documento enviado ao STF, os médicos apontam que a Pregabalina apresenta “importante interação com os medicamentos que ele utiliza regularmente para tratamento das crises de soluções”. Ainda segundo os médicos, a substância pode causar “alteração do estado mental com possibilidade de confusão mental, desorientação, coordenação anormal, sedação, transtorno de equilíbrio, alucinações e transtornos cognitivos”.

Por esse motivo, a medicação foi suspensa imediatamente, e não houve mais sintomas após os ajustes realizados. Os médicos informaram ainda que continuam acompanhando a evolução clínica de Bolsonaro, com reavaliações periódicas.