Política
Parlamentares de Alagoas se rebelam contra Renan e acusam o senador de travar R$ 300 milhões em emendas
O decano do Senado vive um motim interno inédito dentro da própria bancada alagoana
A cena é inédita e histórica: parte expressiva da bancada federal de Alagoas rompeu o silêncio e tornou público um motim contra o senador Renan Calheiros, o mais antigo e poderoso nome da política alagoana no Congresso.
Segundo os parlamentares, é Renan quem está travando a liberação de mais de R$ 300 milhões em emendas de bancada — recursos essenciais para obras e projetos estruturantes no estado.
A denúncia veio em forma de nota pública, divulgada nesta sexta-feira (21), assinada por deputados e senadores de diferentes partidos, unidos em torno da acusação de que falta apenas uma assinatura — justamente a de Renan — para viabilizar o repasse das emendas ao Orçamento de 2025.
Para um estado acostumado ao peso político dos Calheiros, o movimento soa como um verdadeiro rompimento simbólico, revelando desgaste e isolamento do senador dentro da própria nau.
Rito cumprido, acordo respeitado — e um único obstáculo: Renan
De acordo com a bancada, todo o processo de destinação das emendas foi cumprido “rigorosamente dentro da lei”, seguindo o acordo formal estabelecido entre o STF, o Congresso e o Executivo — o mesmo modelo usado em 2024, quando todos os parlamentares assinaram o encaminhamento.
Este ano, porém, o impasse gira em torno da ausência de uma única assinatura, que impede a conclusão do processo e coloca em risco mais de R$ 300 milhões para infraestrutura, desenvolvimento e serviços essenciais.
A mensagem da bancada é clara: se Renan não assinar, Alagoas perde.
Motim silencioso virou rompimento público
Além de cobrar celeridade, a nota deixa explícito que existe um consenso entre os parlamentares — e que o único ponto de resistência é o próprio Renan Calheiros.
Mesmo sem citar nomes, o documento deixa evidente o recado: se há travamento, não é da bancada — é do senador alagoano no Senado.
Para um político com décadas de hegemonia e habilidade de articulação, o episódio revela um desgaste raro e um isolamento que ecoa dentro e fora de Brasília.
Liderança de Paulão e união inédita
A nota também destaca a atuação do coordenador da bancada, Paulão (PT), elogiado pela condução “responsável e proba” de todo o processo — outro sinal de que, desta vez, a bancada está unida, mas sem Renan.
Assinam o documento:
• Paulão (PT) – Coordenador da bancada
• Senadora Eudócia Caldas (PL)
• Alfredo Gaspar (UNIÃO)
• Arthur Lira (PP)
• Daniel Barbosa (PP)
• Delegado Fábio Costa (PP)
• Marx Beltrão (PP)
• Luciano Amaral (MDB)
Não assinaram: Rafael Brito e Isnaldo Bulhões, ambos do MDB e o senador Fernando Farias, suplente de Renan Filho.
Um recado político que vai ecoar
A repercussão é inevitável.
Em Brasília, o gesto da bancada alagoana é visto como um racha explícito com um dos políticos mais influentes do país.
Em Alagoas, o episódio levanta perguntas sobre o futuro da força política de Renan, que já enfrenta desafios em pesquisas e disputas internas.
Por ora, o fato é cristalino:
Alagoas corre risco de perder mais de R$ 300 milhões — e a bancada responsabiliza diretamente o decano do Senado.
E esse motim, pela primeira vez, não está escondido nos bastidores. Está nas notas, nos grupos, nas redes, e agora, no debate público.
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