Política

Parlamentares de Alagoas se rebelam contra Renan e acusam o senador de travar R$ 300 milhões em emendas

O decano do Senado vive um motim interno inédito dentro da própria bancada alagoana

Redação 22/11/2025
Parlamentares de Alagoas se rebelam contra Renan e acusam o senador de travar R$ 300 milhões em emendas

A cena é inédita e histórica: parte expressiva da bancada federal de Alagoas rompeu o silêncio e tornou público um motim contra o senador Renan Calheiros, o mais antigo e poderoso nome da política alagoana no Congresso.

Segundo os parlamentares, é Renan quem está travando a liberação de mais de R$ 300 milhões em emendas de bancada — recursos essenciais para obras e projetos estruturantes no estado.

A denúncia veio em forma de nota pública, divulgada nesta sexta-feira (21), assinada por deputados e senadores de diferentes partidos, unidos em torno da acusação de que falta apenas uma assinatura — justamente a de Renan — para viabilizar o repasse das emendas ao Orçamento de 2025.

Para um estado acostumado ao peso político dos Calheiros, o movimento soa como um verdadeiro rompimento simbólico, revelando desgaste e isolamento do senador dentro da própria nau.

Rito cumprido, acordo respeitado — e um único obstáculo: Renan


De acordo com a bancada, todo o processo de destinação das emendas foi cumprido “rigorosamente dentro da lei”, seguindo o acordo formal estabelecido entre o STF, o Congresso e o Executivo — o mesmo modelo usado em 2024, quando todos os parlamentares assinaram o encaminhamento.

Este ano, porém, o impasse gira em torno da ausência de uma única assinatura, que impede a conclusão do processo e coloca em risco mais de R$ 300 milhões para infraestrutura, desenvolvimento e serviços essenciais.

A mensagem da bancada é clara: se Renan não assinar, Alagoas perde.

Motim silencioso virou rompimento público


Além de cobrar celeridade, a nota deixa explícito que existe um consenso entre os parlamentares — e que o único ponto de resistência é o próprio Renan Calheiros.

Mesmo sem citar nomes, o documento deixa evidente o recado: se há travamento, não é da bancada — é do senador alagoano no Senado.

Para um político com décadas de hegemonia e habilidade de articulação, o episódio revela um desgaste raro e um isolamento que ecoa dentro e fora de Brasília.

Liderança de Paulão e união inédita


A nota também destaca a atuação do coordenador da bancada, Paulão (PT), elogiado pela condução “responsável e proba” de todo o processo — outro sinal de que, desta vez, a bancada está unida, mas sem Renan.

Assinam o documento:

• Paulão (PT) – Coordenador da bancada
• Senadora Eudócia Caldas (PL)
• Alfredo Gaspar (UNIÃO)
• Arthur Lira (PP)
• Daniel Barbosa (PP)
• Delegado Fábio Costa (PP)
• Marx Beltrão (PP)
• Luciano Amaral (MDB)

Não assinaram: Rafael Brito e Isnaldo Bulhões, ambos do MDB e o senador Fernando Farias, suplente de Renan Filho.

Um recado político que vai ecoar


A repercussão é inevitável.

Em Brasília, o gesto da bancada alagoana é visto como um racha explícito com um dos políticos mais influentes do país.

Em Alagoas, o episódio levanta perguntas sobre o futuro da força política de Renan, que já enfrenta desafios em pesquisas e disputas internas.

Por ora, o fato é cristalino:

Alagoas corre risco de perder mais de R$ 300 milhões — e a bancada responsabiliza diretamente o decano do Senado.

E esse motim, pela primeira vez, não está escondido nos bastidores. Está nas notas, nos grupos, nas redes, e agora, no debate público.