Política

Operação Iscariotes: MP aciona promotor suspeito de cobrar propina de R$ 3 milhões

Promotor Maurício Verdejo é alvo de ação de improbidade após suspeita de exigir dinheiro para arquivar investigações; defesa nega acusações e diz que não há provas.

04/11/2025
Operação Iscariotes: MP aciona promotor suspeito de cobrar propina de R$ 3 milhões
- Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Ministério Público do Piauí ingressou com uma ação de improbidade administrativa contra o promotor de Justiça Maurício Verdejo Gonçalves Júnior, acusado de enriquecimento ilícito.

Segundo as investigações, o promotor teria exigido R$ 3 milhões em propinas do empresário Junno Pinheiro Campos de Sousa, do setor hospitalar, para arquivar duas investigações criminais em andamento contra ele.

A defesa de Maurício Verdejo nega as acusações e afirma que não há provas de cobrança de propina, ressaltando que a denúncia se baseia apenas no depoimento do empresário.

O Núcleo de Defesa do Patrimônio Público, órgão do Ministério Público do Estado, solicita que o promotor seja condenado a devolver R$ 104 mil aos cofres públicos — valor referente à diferença entre o montante apreendido em sua residência e o total supostamente recebido em propinas.

Maurício Verdejo já responde a processo criminal pelos crimes de concussão, prevaricação, supressão de documento e tráfico de influência.

As provas colhidas na investigação criminal agora fundamentam a ação de improbidade, que tramita na 2.ª Vara da Fazenda Pública de Teresina.

"A comprovação da vantagem patrimonial indevida, aliada à demonstração individualizada das condutas dolosas praticadas pelo requerido, consubstancia a propositura da presente demanda em face do ato de improbidade administrativa que importou em enriquecimento ilícito", destaca um trecho do processo.

Operação Iscariotes

O inquérito foi instaurado após o empresário procurar a Polícia Federal para denunciar o suposto pedido de propina.

De acordo com Junno, em julho de 2024, ele foi abordado pelo promotor em um restaurante em Cajueiro da Praia, no litoral do Estado.

Nessa ocasião, Verdejo teria estipulado um prazo para o pagamento de R$ 3 milhões, prometendo interromper as investigações e "blindá-lo" de novos inquéritos.

O empresário relatou que parte do dinheiro foi entregue pessoalmente na casa do promotor, nos dias 2 e 7 de agosto de 2024.

A Polícia Federal realizou uma ação controlada e registrou em vídeo uma das entregas. Na residência do promotor, foram apreendidos R$ 900 mil em espécie.

O Ministério Público chegou a solicitar a prisão preventiva de Maurício Verdejo, mas a Justiça do Piauí negou o pedido. O promotor permanece afastado cautelarmente das funções, utilizando tornozeleira eletrônica.