Política

Inclusão através da Capoeira é tema de debate em sessão especial

Assessoria 03/11/2025
Inclusão através da Capoeira é tema de debate em sessão especial

Em sessão especial realizada na manhã segunda-feira, 03, o plenário da Assembleia debateu a inserção da capoeira no currículo da rede pública estadual de ensino. Proposta pelo deputado Ronaldo Medeiros (PT), a sessão 'Capoeira em Movimento: Cultura Popular, Educação' reuniu mestres, representantes de governo e entidades do setor para construir um documento que será encaminhado aos órgãos estaduais, visando dar suporte legal e fomentar a prática da arte em eventos culturais e escolas.

Medeiros iniciou os trabalhos destacando a capoeira como uma das maiores expressões da cultura afro-brasileira, reconhecida como patrimônio cultural imaterial da humanidade pela UNESCO. Ele enfatizou o caráter múltiplo da prática e seu profundo significado social. "É um arte, é um esporte, é uma manifestação artística, capoeira, é uma forma de liberdade, de identidade e resistência social", definiu o parlamentar: "Nós queremos que com esse espaço aqui, abrindo esse espaço para vocês, que a gente construa aqui um documento, que esse documento ele seja encaminhado para os órgãos aqui do Estado, para que ele tenha repercussão e a gente acompanhe", definindo sobre o objetivo do encontro.

O parlamentar também detalhou a tramitação de um projeto de lei que visa institucionalizar a capoeira no estado. "Nós estamos com a lei também aqui, que foi negociada também com diversos mestre para tornar a capoeira como atividade obrigatório, como matéria curricular aqui em Alagoas", explicou, criticando ainda a falta de amparo legal atual. E defendeu a valorização da capoeira como forma de combater a discriminação. "O diálogo é importante, a capoeira não pode ficar somente na periferia, a capoeira hoje é uma arte que está no mundo todo", completou o deputado Ronaldo Medeiros.

O presidente da Federação Alagoana de Capoeira (FALC), mestre Carlinhos Alberto Santos, detalhou a base legal para a proposta, citando a lei estadual da salvaguarda da capoeira e a experiência bem-sucedida de implantação na rede municipal de Maceió. Ele defendeu a expansão do ensino por meio de processo seletivo simplificado e destacou a capoeira como agente de inclusão social.

"A capoeira está presente nas 102 cidades do estado de Alagoas, em mais de 500 grupos, ocupando o espaço local aonde, às vezes, o poder público passa bem distante, promovendo a inclusão social, promovendo cidadania, formando cidadãos e cidadãs", disse Carlinhos Alberto Santos, acrescentando que Alagoas, como terra de Zumbi dos Palmares, tem uma relação histórica com a prática.

Representando o Poder Executivo, o secretário especial de gestão da Secretaria Estadual de Esporte, Lazer e Juventude, Charles Hebert, parabenizou a iniciativa da Assembleia e enfatizou o caráter multifacetado da capoeira. "Capoeira essa aqui é uma atividade cultural, uma atividade histórica e também esportiva", analisou o secretário, conectando-a à tradição dos quilombos. Charles Hebert enxergou o debate como construtivo para fortalecer ações do Governo do Estado não apenas no esporte, mas também na cultura e em outras áreas. "Essa atividade que pode ser multisetorial, pode ser inserida na educação, pode ser inserida na saúde, pode ser inserida no esporte", complementou.

Para Marcelo Cardoso, o mestre Girafa, do grupo Muzenza Alagoas, a sessão simbolizou um passo crucial para que a capoeira seja mais reconhecida pelo poder público, saindo das rodas tradicionais e ganhando espaço nas instituições. Ele defendeu o potencial educativo da capoeira no combate a problemas sociais dentro do ambiente escolar. "É um esporte que dentro da educação, da escola, da sala de aula, ele combate a evasão escolar, ele combate o racismo, ele combate a droga. Então é um esporte que tende a trazer esse público pra o que é bom", explicou Marcelo Cardoso. O mestre finalizou agradecendo a oportunidade de valorizar a arte e abrir portas para que o esporte chegue à juventude. "Que o poder público comece a enxergar esses profissionais da área de capoeira. Aqui tem vários mestres de capoeira, que fazem trabalho nas comunidades, que já vêm trabalhando há muitos anos", concluiu mestre Girafa.

Também estiveram presentes à sessão especial a superintendente da Secretaria de Cultura, Perolina Lira; a mestre Flávia Furacão, do Grupo Salve Axé; o mestre Branca, do Grupo Acauã; o mestre Cláudio dos Palmares, do Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô; o mestre Virgulo, da Federação Alagoana de Capoeira; e Denis Angola, representando o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas da Universidade Federal de Alagoas (Neabi-Ufal).