Durante agenda na Aldeia Vista Alegre de Capixauã, em Santarém (PA), neste domingo (2), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou que até o dia 17 de novembro será oficializada a criação de uma universidade indígena. “Nós vamos anunciar uma universidade indígena, porque já temos uma ministra indígena, a Funai indígena, o chefe da saúde indígena e falta uma universidade indígena”, declarou Lula.

Segundo o presidente, a sede da nova instituição será em Brasília, mas haverá polos de extensão em todos os estados, permitindo que os estudantes possam cursar perto de onde vivem, sem a necessidade de se deslocar à capital federal.

Lula esteve acompanhado das ministras dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, e do Meio Ambiente, Marina Silva, além da presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana. O grupo participou de uma roda de conversa com caciques do povo Kumaruara.

O presidente também se comprometeu a analisar demandas da aldeia nas áreas de saúde, demarcação territorial, habitação — com o programa Minha Oca, Minha Vida —, água e energia. “Não vai demorar muito, o ministro de Minas e Energia vai vir aqui conversar com vocês”, prometeu Lula, afirmando: “Não tem nada na pauta que vocês me entregaram que a gente não possa fazer.”

Demarcação de terras indígenas

Marina Silva destacou o ineditismo das nomeações de uma ministra dos Povos Indígenas e de uma presidente indígena para a Funai. Ela defendeu o avanço na demarcação de terras e ressaltou a redução do desmatamento, especialmente nas unidades de conservação, durante a atual gestão.

Lula reforçou o compromisso do governo com as demarcações. “Me dá orgulho que não tem ninguém que já tenha demarcado mais terra indígena do que nós e não tem ninguém que tenha feito mais reserva do que nós. Mas tudo que a gente faz ainda é pouco, pela quantidade de anos que o povo foi esquecido. Então nós temos que correr cada vez mais”, afirmou.

O presidente também criticou autoridades de Brasília, dizendo que “a verdade nua e crua é que lá de Brasília as pessoas não enxergam vocês”. Ele completou: “Para os demais governantes do País, os indígenas não existem. Eu vim aqui para dizer que eles não só existem, como têm dignidade, caráter e as necessidades que todo povo brasileiro tem para que os problemas sejam solucionados.”

Em tom descontraído, Lula brincou com as ministras que o acompanhavam, afirmando que elas têm apenas quatro meses para atender às demandas da aldeia antes de deixarem o governo para se candidatarem nas próximas eleições.