Política

TRF-4 afasta juiz Eduardo Appio após suspeita de envolvimento em furto de champanhe

Magistrado, conhecido por críticas à Lava Jato, é afastado por tempo indeterminado após processo disciplinar motivado por boletim de ocorrência em supermercado de Blumenau (SC)

31/10/2025
TRF-4 afasta juiz Eduardo Appio após suspeita de envolvimento em furto de champanhe
- Foto: Reprodução

O Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), sediado em Porto Alegre, abriu processo disciplinar e afastou, por tempo indeterminado, o juiz Eduardo Appio. O magistrado, que ganhou notoriedade ao assumir processos remanescentes da Operação Lava Jato na 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, foi procurado pelo Estadão, mas ainda não se manifestou sobre o afastamento.

O procedimento administrativo foi instaurado após um boletim de ocorrência registrar o furto de duas garrafas de champanhe francesa Moët&Chandon em um supermercado de Blumenau (SC). Segundo as informações, o suspeito seria "um senhor com idade aproximada de 72 anos, que utiliza óculos, estatura aproximada de 1,76 metro". A descrição, no entanto, não corresponde às características de Appio, mas o veículo utilizado pelo suspeito, um Jeep Compass Longitude D, pertence ao juiz.

O afastamento foi proposto pela Corregedoria e aprovado pela Corte Especial Administrativa do TRF-4. Enquanto estiver afastado, Appio continuará recebendo remuneração, exceto por eventuais adicionais. O caso tramita sob sigilo.

Na semana passada, quando o caso veio a público, Appio afirmou ao Estadão tratar-se de um "mal-entendido" e declarou não ter conhecimento dos fatos.

Crítico declarado da Operação Lava Jato, Appio revisou decisões e reacendeu denúncias de corrupção e abusos envolvendo antigos protagonistas da investigação durante os três meses em que esteve à frente dos processos da 13.ª Vara Federal de Curitiba.

Este é o segundo afastamento do juiz. Em 2023, ele já havia sido alvo de outro processo disciplinar, relacionado a um telefonema ao filho do desembargador Marcelo Malucelli, o advogado João Malucelli, genro e sócio do senador Sergio Moro, que foi juiz da Lava Jato. O caso anterior foi encerrado após acordo em que Appio reconheceu a impropriedade de sua conduta.