Política

Conselhos tutelares: eleição registra votação recorde, com alta de 28,3% na comparação com 2019

Partidos e políticos mobilizaram suas bases para o pleito, que se tornou palco de uma batalha travada entre esquerda e direita

Agência O Globo - GLOBO 02/10/2023

A eleição dos conselhos tutelares ocorrida neste domingo teve uma votação recorde nas capitais brasileiras, segundo o último boletim divulgado pelo Ministério dos Direitos Humanos. Partidos e políticos mobilizaram suas bases para o pleito, que se tornou palco de uma batalha travada entre esquerda e direita. Até o momento, já foram contabilizados 1,6 milhão de votos, uma alta de 28,3% em relação a 2019, o maior patamar computado até então. Esse resultado parcial contabiliza apenas as 23 capitais onde os votos já foram contados.

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Conforme publicou O GLOBO, políticos se articularam nas ruas, nas igrejas e na internet para emplacar seus favoritos nos órgãos colegiados municipais, encarregados de zelar pelos direitos das crianças e dos adolescentes quando há omissão da família, da comunidade ou do Estado.

As vagas têm mandato de quatro anos e são definidas por eleições diretas em cada cidade. Em 21 estados a eleição de 2023 apresentou crescimento em relação a 2019. A contagem de votos ainda não terminou em Maceió (AL), Porto Velho (RO) e Boa Vista (RR). Já em Natal a eleição foi adiada. A única capital que não teve alta em relação a 2019 foi Manaus (AM).

As eleições para os 6,1 mil conselhos tutelares espalhados pelo Brasil, que definirá 30,5 mil representantes, mobilizou a política nos últimos dias. De um lado, a agenda dos conservadores tem foco em dar maior poder de tutela a pais e mães sobre as crianças — em contraposição ao que julgam ser uma interferência de organizações escolares e governos no seio familiar. Enquanto isso, grupos à esquerda querem que candidatos sigam o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), além de defenderem pautas como garantia de acesso ao aborto para crianças e adolescentes vítimas de violência sexual.

Políticos que representam as duas vertentes ideológicas entraram em campo para influenciar no processo. Eles enxergam na disputa uma oportunidade de eleger conselheiros com quem têm afinidades de princípios e, com isso, manter uma relação estreita com representantes sociais que têm acesso direto à ponta da sociedade.

Nomes da base de apoio de Jair Bolsonaro (PL), que apostaram na politização da disputa nos dias anteriores ao pleito, viram seus candidatos saírem vencedores em diferentes pontos do Brasil.

*Matéria em atualização