Política
Joice, Frota, Janaina: veja ex-aliados que, assim como criador de motociatas, romperam com Bolsonaro
Na última semana, Jackson Villar criticou o ex-presidente e convidou Luiz Inácio Lula da Silva para seu próximo evento em 2024
Na última semana, o comerciante Jackson Villar, idealizador das motociatas em apoio a Jair Bolsonaro, rompeu com o ex-presidente e convidou Luiz Inácio Lula da Silva para seu próximo evento, em 2024. O ex-bolsonarista, no entanto, não foi o primeiro apoiador a virar as costas para o ex-mandatário. Desde 2018, quando foi eleito presidente, Bolsonaro viu nomes como Alexandre Frota, Joice Hasselmann, João Doria e Janaina Paschoal, muitos deles aliados de primeira hora, se voltarem contra ele.
Relembre alguns ex-aliados do ex-presidente:
Alexandre Frota
O ex-deputado federal Alexandre Frota se orgulha de dizer que foi “o primeiro a se afastar do bolsonarismo”. Ele, que ao se eleger era filiado ao partido do ex-presidente, o então PSL, viveu uma “lua de mel” com o ex-mandatário antes de começar a criticar publicamente as ações do governo e a postura da bancada no Congresso. As trocas públicas de afeto, no entanto, minguaram e ele passou a criticar Bolsonaro publicamente. Em 2022 ele tentou uma vaga na Alesp, mas ficou apenas como suplente, conquistando menos de um sexto dos votos de quatro anos antes.
Joice Hasselmann
A jornalista tornou-se em 2018 a mulher mais votada da História como deputada federal, com pouco mais de 1 milhão de votos. À época, ela fazia parte do PSL, então partido de Bolsonaro, de quem era ferrenha defensora. Hasselmann chegou a ocupar o posto de líder do governo no Congresso em 2019, mas acabou destituída no mesmo ano após divergências com o presidente.
Em 2021, Joice trocou o PSL pelo PSDB e rompeu com Bolsonaro em meio a críticas sobre a condução da pandemia da Covid-19. Em 2022, ela recebeu pouco menos de 14 mil votos — um decréscimo de mais de 1 milhão — e não se reelegeu.
Janaina Paschoal
Advogada, a ex-deputada estadual foi uma das autoras da petição que deu início ao processo de impeachment de Dilma, em 2016. Dois anos depois, chegou a ser cogitada como vice na chapa de Bolsonaro, mas acabou saindo candidata a deputada estadual em São Paulo. Na época, alcançou a marca recorde de mais de 2 milhões de votos - o máximo que um parlamentar já recebeu no Brasil.
Durante os quatro anos do mandato, no entanto, se afastou do então presidente, especialmente devido à resposta do mandatário à pandemia da Covid-19. Em conversas reservadas, Bolsonaro costuma se referir à ex-deputada como “Major Olímpio de saias”, uma referência ao senador morto em março de 2021, que se elegeu na onda conservadora e também rompeu com o ex-presidente depois.
Uma das declarações de Janaína que mais incomodou Bolsonaro foi a que o comparou a um político de esquerda. Em sua conta no Twitter, ela publicou que o ex-aliado parecia “um presidente filiado ao PSOL” pelos projetos sancionados, como a lei que instituiu o auxílio-gás. Outro foco de tensão ocorreu no início da pandemia da Covid-19, período em que Janaína fez diversas críticas ao então presidente. Na mais contundente delas, chegou a defender que Bolsonaro renunciasse ao cargo pela condução da crise sanitária.
Em 2022, ela buscou uma vaga no Senado Federal contra o ex-ministro bolsonarista Marcos Pontes, que recebeu o apoio de Bolsonaro. "Eu não esperava era que ele (Bolsonaro) atuasse para me atrapalhar", reclamou Janaina em dado momento da campanha. Apesar da votação expressiva em 2018, ela não conseguiu se eleger, ficando na quarta posição com pouco mais de 2% dos votos.
João Doria
O ex-governador de São Paulo, que se elegeu em 2018 bradando pela chapa "BolsoDoria", mas rompeu com ele no início de 2019. Com os dois se colocando como interessados em disputar o pleito presidencial de 2022, a animosidade foi aumentando, com a constante troca de farpas pela imprensa. A rixa se intensificou na pandemia, quando os dois travaram uma disputa pela produção da vacina Covid-19.
Irmãos Weintraub
Os irmãos Abraham Weintraub e Arthur Weintraub eram tidos como integrantes da linha de frente do bolsonarismo antes de virarem as costas para o ex-presidente. O primeiro chegou a integrar o 1° escalão do governo Bolsonaro, nomeado ministro da Educação. O segundo era lotado no gabinete do então presidente, como seu assessor especial.
Abraham Weintraub rompeu com Bolsonaro no começo de 2022, quando o ex-presidente rechaçou apoiá-lo na disputa pelo governo de São Paulo. Em vez disso, o então presidente entrou de cabeça na campanha de outro ex-ministro, Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), que acabou por se eleger governador. A partir de então, ele e o irmão passaram a criticar o envolvimento de Bolsonaro com políticos do Centrão e, principalmente, sua filiação ao PL de Valdemar Costa Neto.
O rompimento levou ao ostracismo de Weintraub e o irmão, Arthur, ex-assessor especial da Presidência, que tiveram votação pífia na eleição passada. Eles se filiaram ao Partido da Mulher Brasileira (PMB), uma sigla nanica, e perderam apoio da militância bolsonarista com as críticas ao ex-presidente.
Mandetta
O ex-deputado federal Luiz Henrique Mandetta era ministro da Saúde quando optou por romper com Bolsonaro. A relação dos dois se desgastou por conta da condução da pandemia de Covid-19, após posicionamento do então presidente que contrariavam as determinações das principais organizações de Saúde mundiais.
Mandetta colecionou embates públicos com Bolsonaro por defender a orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS) e de outras autoridades médicas para assegurar o isolamento da população como medida preventiva para alastramento do vírus. Ele resistia aos pedidos do presidente da República para que o Ministério da Saúde endossasse o retorno dos brasileiros ao trabalho e até mesmo recomendasse uso amplo do medicamento hidroxocloroquina, antes mesmo de aprovação de sua eficácia como tratamento da Covid-19.
Em abril de 2020, ele foi demitido por Bolsonaro e passou a criticar posicionamentos do governo.
Soraya Thronicke
A senadora foi eleita em 2018 pelo partido do então novo presidente Jair Bolsonaro, PSL, a parlamentar defendia pautas conservadoras como o porte de armas e a criminalização do aborto. Sua relação com o Palácio do Planalto teve um percalço já em 2019, quando o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente, a pressionou a retirar sua assinatura a favor da CPI dos Tribunais Superiores. Ela encampava a pauta de combate à corrupção e defesa da Lava-Jato, a exemplo da maioria da bancada do PSL, ao qual pertencia.
Ao longo da pandemia da Covid-19, Thronicke tentou se desvencilhar mais da família Bolsonaro e em 2021, e participou da CPI da Covid, instaurada no Senado. Assim como outras senadoras da bancada feminina, ela ganhou espaço com críticas à atuação do então presidente, tomando a palavra para criticar a demora do governo na compra de vacinas durante os trabalhos da comissão. Nessa época, ela já era vista no partido como um dos nomes de um grupo de direita independente no União Brasil.
Foi candidata à Presidência e passou a campanha criticando Bolsonaro e o enfrentando nos debates. Quando Lula assumiu a Presidência, passou a se alinhar com parlamentares que compõe a base do governo petista e tem atuado em conjunto com ele, com um posicionamento crítico ao bolsonarismo na CPI de 8 de janeiro.
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