A eleição de prefeito será realizada em outubro de 2024 - distantes ainda 17 meses do pleito - mas o assunto é a tônica do momento em Palmeira dos Índios, principalmente após a troca de cadeiras nos principais cargos da prefeitura.

Nada natural do que oxigenar a gestão, principalmente quando se tem nomes técnicos para exercer as funções.

Contudo na cidade que viu Graciliano Ramos prefeito – símbolo de austeridade e respeito com a coisa pública, a prática é totalmente outra.

Com um governo fragilizado por denúncias e irregularidades desde 2021, os vereadores perceberam que podiam fazer da prefeitura uma extensão da Câmara e se apoderaram do Poder Executivo (hão de dizer que é acordo político).

Na base da pressão – isso é público e notório, vários vereadores indicaram parentes de primeiro grau para ocupar as pastas da gestão e assim garantir a “feira” da família. Em troca davam a governabilidade ao prefeito-imperador.

Mas política inebria e entontece. Os mesmos vereadores que não confiavam no prefeito – com o sonho de ser o seu sucessor passaram acreditar que o apoio dele era possível, afinal o prefeito é o homem de R$110 milhões de Reais (da venda da CASAL) e tem obras nos quatro cantos do município e anda costurando adesões em todo o lugar que passa e os edis ponderam que não se pode prescindir do apoio de quem tem a chave do cofre e ainda cheio.

O prefeito nasceu sob o signo de escorpião. Bom de lábia, alguns dos edis caíram no conto do vigário. O primeiro deles foi o vereador mais hostil à Cézar: Cristiano Ramos. Era o líder dos edis nas pautas mais fisiológicas, que batia na mesa para solicitar as reivindicações pessoais ao prefeito.

Conseguiu emplacar o primo Manassés na Educação há 10 meses. Pensou em ter visibilidade para se candidatar a prefeito, tirou o primo e ele mesmo assumiu o posto em janeiro. Foi defenestrado 5 meses depois sem nem receber um adeus.

Perdeu com sua saída da Secretaria de Educação a visibilidade pretendida no cargo e agora o poder de emparedar o prefeito, já que tinha se “transformado em seu melhor amigo” e parceiro de gestão. Vai dar tiro no pé?

Outro que saiu da administração-imperial comunicado pela colega, secretária de de gestão foi Agenor Leôncio, da SMTT. Leôncio foi o primeiro a declarar apoio a Cezar em 2016 quando de sua primeira candidatura. Eram colegas de parlamento.

Situação semelhante ocorrerá (escrevam aí) com a petista Sheila Duarte que também sonha em ser novamente candidata a prefeita. Ela foi adversária de Cezar na primeira eleição. Passou quatro anos afastada do parlamento mirim. Voltou agora em 2020 e com a ascensão do PT ao Poder maior no país, caiu nas graças de Cézar, que precisa do apoio petista em seu mandato. Agora ela tem duas secretarias para chamar de sua (Assistência Social e Mulher).

Lá na frente (na desincompatibilização) sentirá a picada do escorpião, dizem os mais experientes.

E isso ocorrerá também com outros vereadores que procurem o mesmo caminho para tentar subir o degrau de uma candidatura a prefeito.

É célebre a história do escorpião que “pegou carona” para atravessar o rio e após a chegada deu a ferroada em quem o ajudou.

Não se enganem. O prefeito-imperador já escolheu seu candidato (irá dizer que não), mas uma fonte da Tribuna do Sertão – que perambula pela “cozinha da gestão” do prefeito-imperador, informou que é prego batido e ponta virada o desejo dele em lançar seu antigo assessor de gabinete e recém nomeado Secretário de Defesa Lucas “Bacalhau” Tavares como candidato a prefeito em 2024.

Se der certo o projeto, pretende manter-se no Poder através de seu homem de confiança.

É a candidatura de um poste (não é um trocadilho com o rapaz que mede quase dois metros de altura). É a tentativa de Cézar em manter o império. Sonha em continuar dar as cartas.

Até lá (mais ou menos em junho de 2024) o prefeito-imperador tentará “cozinhar o galo” com alguns dos edis rebeldes que o ameaçavam na Câmara.

Por falar em Câmara, o Grupo dos 11 ou simplesmente G-11 acabou. Hoje existem dois blocos de vereadores, o G7 e o G8. Talvez por isso, o prefeito-imperador esteja mais tranquilo e com a caneta afiada trocando secretários ao bel prazer e desrespeitando os acordos políticos.

Quanto à eleição, os políticos mexem aqui, outros conversam ali. Se juntam, se separam e acham que podem tudo e o povo que se dane futebol clube.

Diante disso, nunca é tarde para lembrar Garrincha na Copa de 58 questionando o técnico da seleção na véspera de uma partida: “Seu Feola, já combinou com os russos?”